Uma Semana com Futebol de Praia 1: Seminários FIFA & Acção nas Estepes Russas & Novidades em Areias Brasileiras

Ora aqui estou eu, como prometido aqui, com as novidades da semana na esfera internacional do futebol de praia. Visto tratar-se da primeira edição desta revista, tentarei focar não só os acontecimentos relativos aos últimos 7 dias, mas todos os desenvolvimentos relativos ao mês de Setembro. Espera-se, portanto, um post um pouco mais longo do que eu eventualmente desejaria. Mas compreende-se.

1. Acções de Formação da FIFA

Como provavelmente sabem, o futebol de praia tem crescido de forma exponencial nos últimos anos. Felizmente, tudo indica que esta tendência se vai manter nos próximos tempos, e ainda bem, porque o futebol de praia ainda tem um longo caminho a percorrer rumo ao almejado estatuto de modalidade profissional e, mais importante do que isso, desporto olímpico.

Para que este desenvolvimento se verifique, é fundamental a difusão do futebol de praia em países onde ainda não é praticado ou tem pouca expressão enquanto modalidade organizada. Assim, a Beach Soccer World Wide e a FIFA criaram um plano de divulgação do futebol de praia em todo o mundo, que se traduz em diversas acções de formação, dinamizadas por especialistas da modalidade, em lugares onde o beach soccer começa a atrair grande interesse.

1.1. Angelo Schirinzi na Libéria | Marcelo Mendes no Irão

Na sequência deste projecto fabuloso, realizaram-se nas últimas semanas dois seminários da FIFA coordenados por dois homens que muito têm feito pelo crescimento da modalidade em todo o mundo: o suíço Angelo Schirinzi e o brasileiro Marcelo Mendes.

Schirinzi na Libéria

O seleccionador helvético Angelo Schirinzi visitou a Libéria, mais concretamente a capital Monróvia, onde empreendeu um curso de futebol de praia dirigido a treinadores e jogadores locais. Durante 5 dias, o player-coach da Suíça partilhou todo o seu conhecimento da modalidade, tanto por meio de aulas teóricas como através de lições práticas, em plena praia africana.

 

Schirinzi em acção de formação na Libéria, ensinando a teoria do futebol de praia aos treinadores locais. Um sucesso, esta iniciativa que olha para o futuro da modalidade.

 

Louvemos Schirinzi por esta iniciativa e façamos votos para que a Libéria comece a surgir no plano do futebol de praia internacional, com uma eventual aparição no apuramento africano para o Mundial 2011.

Marcelo Mendes no Irão

Por sua vez, Marcelo Mendes, actualmente no comando técnico da selecção dos Emirados Árabes Unidos, deu um saltinho ao Irão, onde administrou uma importante acção de formação. A escolha deste destino pode parecer um pouco estranha, se pensarmos que os iranianos já contam com 3 participações em campeonatos do mundo de futebol de praia. Na verdade, este seminário não se dirigia aos iranianos, mas sim às iranianas: por incrível que pareça, um país onde a discriminação sexista ainda é uma realidade já manifesta interesse na estruturação da modalidade a nível feminino!

O resultado da iniciativa foi muito positivo, visto que as treinadoras com quem Marcelo Mendes contactou já conheciam bem as regras, mostrando vontade e empenho sem precedentes na concretização deste projecto espectacular. Dentro de campo, nem o retrogradismo das normas de vestuário impediu que as atletas dessem provas conclusivas da sua qualidade e determinação, deixando bem patente que o futebol de praia feminino tem futuro no Irão.

 

Alexandre Soares ensina alguns truques às atletas iranianas, que começam a criar laços com a modalidade. Beach Soccer growing everywhere!

Alexandre Soares ensina alguns truques às atletas iranianas, que começam a criar laços com a modalidade. Sabem o que vos digo com um sorriso? Beach Soccer growing everywhere!

 

De facto, a organização de torneios para mulheres é já uma realidade neste país do Médio Oriente, que em breve deverá contar com uma selecção feminina da modalidade!

2. Competições Russas

Para quem segue o futebol de praia com um mínimo de atenção, não é novidade nenhuma que a Rússia tem vindo a crescer na modalidade de forma abismal, ostentando actualmente o estatuto de grande potência europeia e mundial. E o segredo passa muito pela existência de toda uma série de competições nacionais, nas quais dezenas de equipas lutam pelos mais variados títulos, possibilitando a emergência de inúmeros atletas, potenciais reforços da selecção nacional do país.

Após uma longa temporada de ligas regionais, mais competitivas do que se possa eventualmente pensar, jogadas durante o Verão, chega o campeonato russo propriamente dito, disputado pelo início do Outono, nos meses de Setembro e Outubro.

2. 1. Campeonatos Regionais

O Verão de 2010 foi rico em grandes eventos de futebol de praia. As provas internacionais da Liga Europeia, da Qualificação para o Mundial e do Mundialito foram acompanhadas por torneios nacionais, disputados um pouco por toda a Europa, com particular destaque para o campeonato italiano, que reúne os melhores jogadores de todo o mundo numa liga extraordinariamente competitiva. A Rússia não for excepção e também organizou eventos internos. No entanto, não foi um campeonato nacional a prova que os clubes russos disputaram durante todo esse tempo, mas si toda uma série de competições regionais, correspondentes às várias zonas dessa país imenso que é a Rússia.

O sistema por eles implementado é complexo e envolve muitas ligas, com formatos distintos, num emaranhado de competições que não é fácil de deslindar. No entanto, duas competições se destacam acima das outras: o campeonato moscovita e o a liga de São Petersburgo.

Campeonato de Moscovo

O campeonato moscovita é uma competição longa, dividida em várias etapas realizadas ao longo da temporada, que culminam numa fase final onde as 8 melhores equipas da região da capital lutam pelo título de Campeões de Moscovo. Esta liga conta com alguns internacionais russos, como o guarda-redes Bukhlistkiy, Leonov, Shaykov, Makarov e Eremeev (todos eles do Lokomotiv de Moscovo) e até alguns estrangeiros, como é o caso do suíço Dejan Stankovic (Lokomotiv de Moscovo) e do brasileiro Bruno Xavier (Strogino).

Este ano, a fase final decorreu entre os dias 1 e 5 de Setembro, terminando com a coroação dos atletas do Lokomotiv de Moscovo. A equipa fez uma excelente campanha no torneio, coleccionando 5 vitórias folgadas que dissiparam todas as eventuais dúvidas sobre quem seriam os czares de Moscovo. Na final, o colectivo de estrelas do Lokomotiv derrotou com classe os rivais do Strogino, por um resultado de 7-4.

 

A super equipa do Lokomotiv de Moscovo foi coroada campeã moscovita de futebol de praia 2010. Estão todos de parabéns, assim como os jogadores do Strogino, que deram uma excelente réplica!

A super equipa do Lokomotiv de Moscovo foi coroada campeã moscovita de futebol de praia 2010. Estão todos de parabéns, assim como os jogadores do Strogino, que deram uma excelente réplica!

 

Assim, muitos jogadores que fazem parte da selecção nacional russa acabaram por erguer o troféu, assim como Dejan Stankovic e o guarda-redes ucraniano Sydorenko. Excelente resultado, para uma equipa que treinada pelo capitão da selecção nacional Ilya Leonov.

Open Beach Soccer League

O campeonato de São Petersburgo, denominado Open Beach Soccer League, é também uma competição constituída por várias etapas de qualificação (5) e um torneio decisivo, onde se apura o campeão regional. A liga conta com algumas caras da selecção russa, nomeadamente Krasheninikov, Shakhmelyan e Aksenov, que representam o emblema do IBS, mas também o brasileiro André, da mesma equipa (é sem dúvida um dos melhores atletas da Canarinha que eu já vi jogar até hoje).

A temporada acabou com o triunfo da equipa do FC City, com uma vitória retumbante na final frente ao IBS, por expressivos 7-1, para a qual muito terão contribuído os irmãos Biryukov, com dois golos cada um. De realçar, no entanto, que a equipa do IBS não estava completa, ressentindo-se da falta de alguns dos seus principais jogadores. De qualquer modo, o FC City, campeão de São Petersburgo, está de parabéns e certamente que continuará a conquistar títulos no futebol de praia russo. Veremos como se comportam no campeonato nacional…

2.2. Campeonato Nacional

Contrariamente àquilo que poderíamos pensar, na Rússia, o campeonato nacional não se disputa no Verão, mas sim no início do Outono. É verdade: a competição mais  importante do futebol de praia russo está reservada para os meses de Setembro e Outubro, quando o tempo começa a esfriar e o futebol de praia europeu já se encontra totalmente parado!

Não obstante a peculiaridade desta calendarização, a prova parece ser muito bem organizada, contando com os principais emblemas de toda a Rússia na luta pelo título de campeão soviético! São várias equipas de diferentes zonas do país, sendo que algumas regiões são representadas por mais equipas do que outras. Por exemplo, Moscovo é a divisão territorial com direito a um maior número de clubes, por ser a região onde o futebol de praia tem mais expressão em termos de resultados.

O formato do campeonato nacional é muito simples: dois torneios compõem a competição, sendo que o primeiro consiste numa fase de qualificação para as equipas menos cotadas e o segundo corresponde ao verdadeiro campeonato nacional. No torneio de apuramento, que se realizou entre os dias 23 e 26 de Setembro, 8 clubes de segunda linha lutaram por 3 lugares na fase final, na elite russa. O campeonato nacional propriamente ditou começa dia 27 de Setembro, terminando a 3 de Outubro. Ambas as etapas têm lugar na região russa de Anapa.

Ronda de apuramento

Na fase de qualificação, as três equipas apuradas foram:

* Golden St. Petersburg (São Petersburgo)

* Millennium Báltico (Moscovo)

* Vira Maina (Krasnodar)

 

Imagem relativa a um jogo do torneio preliminar de apuramento para a fase final do Campeonato Russo.

Imagem relativa a um jogo do torneio preliminar de apuramento para a fase final do Campeonato Russo. Muito competitiva, esta liga, sinal de evolução.

 

Basicamente, as 8 equipas dividiram-se em 2 grupos de 4 clubes cada, sendo os jogos da fase de grupos disputados entre 23 e 25 de Setembro. O Golden St. Petersburg foi vencedor do grupo B com  8 pontos (3 vitórias, 1 delas em grandes penalidades), enquanto o Millenium Báltico venceu o grupo A com 6 pontos (2 vitórias  1 derrota). Para apurar o terceiro clube a avançar para a fase final, procedeu-se a um play-off entre as equipas classificadas em 2º lugar nos dois grupos: Vira Maina e Volga Plage. O conjunto de Krasnodar (Vira Maina) acabou por sair vitorioso, conseguindo a passagem ao campeonato nacional.

A grande fase final

A fase final conta com aqueles que são considerados os 16 melhores emblemas do país: 13 equipas previamente definidas, que tiveram entrada directa na fase final, e os 3 clubes que se apuraram no torneio preliminar. As equipas foram divididas em 4 grupos de 4 equipas cada, num formato muito simples, igual ao de um campeonato do mundo de futebol de praia. Entre os dias 27 e 29 de Setembro, tem lugar a fase de grupos. As eliminatórias, com a participação das 8 sobreviventes, serão disputadas de 1 a 3 de Outubro, com a grande final de Domingo a coroar o campeão russo de 2010!

Eis os grupos da competição, determinados por meio de um sorteio realizado no dia 26 de Setembro em Anapa.

Grupo A

A1 – Millennium Báltico (Moscovo)
A2 – Zhuravel Auto (Samara)
A3 – Mundo Komvek (Rostov-na-Donu)
A4 – Golden St. Petersburg (São Petersburgo)

Grupo B

B1 – Strogino (Moscovo)
B2 – Progress (Lipetsk)
B3 – Kronstadt Promenade (Kaliningrado)
B4 – Sharp (Krasnogorsk)

Grupo C

C1 – Lokomotiv (Moscovo)
C2 – Midsection (Rostov-na-Donu)
C3 – IBS (São Petersburgo)
C4 – Soviet Wings (Samara)

Grupo D

D1 – Vikings MGUP (Moscovo)
D2 – Delta (Saratov)
D3 – FC City (São Petersburgo)
D4 – Vira Maina (Krasnodar)

O grupo da morte é o grupo C, pois inclui aqueles que são provavelmente os principais candidatos à vitória final: o Lokomotiv de Moscovo (Bukhlitskiy, Shaykov, Makarov, Shkarin, Gorchinskiy e o suíço Stankovic) e o IBS de São Petersburgo (Ippolitov, Shakhmelyan, Krasheninikov e os brasileiros André e Daniel). Além disso, no grupo C está também o Soviet Wings, equipa da região de Samara que conta com o jovem brasileiro Fernando Ddi, grande goleador que já vestiu as cores do Sporting Clube de Portugal este Verão.

Quem será Campeão?

Só para rematar, aposto na equipa do Lokomotiv de Moscovo para campeã russa. A equipa engloba mais de metade dos jogadores que são a base da equipa russa e é treinada pelo experiente Mikhail Likhatchev, auxiliado pelo valoroso Ilya Leonov, capitão da selecção nacional do seu país, que representa uma excelente voz de comando junto dos seus companheiros de equipa. Além disso, Dejan Stankovic, com a magia que o faz ser considerado melhor jogador do mundo, pode ser sempre uma mais valia para a equipa. Apesar de tudo, a equipa do IBS também se apresenta em grande plano, com os dois reforços brasileiro André e Daniel de volta, acompanhando alguns jogadores da selecção russa no sonho de serem campeões.

E claro, não nos esqueçamos do FC City, actual campeão da São Petersburgo, com uma equipa muito organizada, susceptível de causar grandes dificuldades a qualquer um! Numa segunda linha de candidatos, gostaria de destacar o Strogino, equipa moscovita que conta com muita experiência e jogadores de qualidade, embora não me pareça que tenham grandes condições para derrotar equipas como Lokomotiv de Moscovo ou IBS.

Está lançado o campeonato russo de futebol de praia 2010. Só nos resta esperar pelo desenlace…

2.3. Outras movimentações

Entretanto, os russos têm dado outros passos importantes no sentido de desenvolver rapidamente a modalidade. Uma das razões pelas quais eu digo isto é a criação de uma selecção nacional de júniores, com base num conjunto de jogadores que se destacaram nas provas juvenis, disputadas pelo país fora. Este desejo já se vinha a manifestar desde há alguns meses, mas só em meados de Setembro surgiu a confirmação. E, para ocupar o cargo de treinador desta jovem selecção, nada mais nada menos do que Nikolai Pisarev, o antigo técnico da equipa sénior. Não há dúvida, a Rússia está a apostar em força no futuro do futebol de praia do seu país!

Procura-se treinador para a Rússia!

Porém, se a equipa júnior já conhece o nome do seu treinador, o mesmo não se passa com a selecção principal, persistindo as negociações com o intuito de escolher o próximo treinador da equipa. Em Maio de 2010, o antigo técnico, Nikolai Pisarev, for obrigado a deixar o cargo devido a compromissos com projectos de futebol de onze. Na altura, o posto foi ocupado pelo treinador adjunto, Mikhail Likatchev, que desempenhou a tarefa com distinção até final de Agosto, ajudado pelo capitão de equipa, Ilya Leonov. No entanto, tratava-se apenas de uma situação provisória, que não se deveria prolongar durante muito tempo.

Chegou a ser colocada a hipótese de o próprio Leonov vir a orientar a selecção russa no futuro, mas o número 8 não admitia a possibilidade de combinar os cargos de treinador e jogador, preferindo dedicar-se exclusivamente ao trabalho de atleta, aproveitando a sua enorme frescura física (ainda tem muitos anos de futebol de praia pela frente). Assim, partindo do princípio que a solução não passaria pela continuidade de Likatchev, que até me pareceria uma boa opção, a federação russa entrou em negociações com técnicos estrangeiros, entre os quais alguns brasileiros que estão livres actualmente, mas sobretudo com o francês Eric Cantona, que já tinha sido convidado em Maio (na altura recusou em virtude de um compromisso com a selecção francesa).

Eric Cantona!?!?! Na Rússia!?!?!

A vinda de Eric Cantona seria praticável, na medida em que as suas funções na equipa gaulesa podem ter chegado ao fim. Recorde-se que a França deu um claro passo atrás no panorama do futebol de praia europeu, ao ser despromovida da divisão A da Liga Europeia, perdendo o estatuto de equipa de primeira linha que ostentara durante mais de 10 anos. Assim, pouco entusiasmado com a disputa da divisão B da Euro Liga, talvez Cantona aceite desta vez a tentadora oferta de treinar uma das melhores selecções da Europa, juntando a sua garra e determinação à frieza e força física dos russos. A concretizar-se, será bastante interessante ver a Rússia treinada por Eric Cantona. Pensem na frieza e na força física dos russos enquanto apreciam o melhor de Cantona neste pequeno vídeo:

Uma combinação Rússia-Cantona seria algo assustador! Mas ainda não existem certezas…

3. O Samba das Praias Brasileiras

Com a chegada do Outono ao hemisfério norte a temporada russa atinge o auge e termina abruptamente, logo após o jogo da final. Pelo contrário, no Brasil, país que detém a hegemonia quase perfeita do futebol de praia desde o nascimento da modalidade, a época acaba de começar, com a aproximação das estações do ano com temperaturas mais elevadas…

Assim, começam a ser disputados pequenos torneios de preparação, de carácter amigável, que visam a preparação dos atletas para os compromissos futuros. O ponto culminante de todo este processo será o tão esperado Campeonato Brasileiro, a realizar em São Paulo meados de Novembro (13 a 21). No entanto, as competições nacionais não são o único aspecto digno de referência no actual panorama brasileiro, já que a selecção Canarinha vai aproveitando o tempo disponível para treinar um pouco e realizar alguns amistosos com outras equipas.

3.1. Torneios de preparação: Clubes e Estados

No Brasil, o futebol de praia encontra-se organizado de acordo com as divisões territoriais, ou seja, as principais equipas que disputam as provas nacionais são as selecções dos diversos estados brasileiros. Estes conjuntos devem ser maioritariamente compostos por atletas oriundos do estado que representam, embora possam ocorrer algumas trocas, acompanhadas de convites a jogadores estrangeiros.

Vasco da Gama e Botafogo são pioneiros

Porém, a dimensão dos clubes começa agora a ser valorizada no Brasil, com o surgimento de interesses por parte de alguns emblemas históricos do futebol de onze, como é o caso do Botafogo e do Vasco da Gama. Mas esta excelente notícia não vem só, dado que cada um destes clubes apresentam não apenas uma secção masculina, como também uma equipa feminina, o que contribui em grande medida para a aproximação das mulheres brasileiras à modalidade, rompendo estereótipos e quebrando preconceitos!

Foi na sequência desta iniciativa corajosa e empreendedora por parte dos dois clubes (ambos do Rio de Janeiro) que se realizou no Brasil um pequeno evento, que consistiu num par de jogos entre os dois emblemas, sendo o primeiro destinado às mulheres e o segundo um combate masculino. Houve algum equilíbrio no balanço final, visto que tanto o Botafogo como o Vasco da Gama saíram vencedores de um dos confrontos e foram derrotados no outro.

Quadrangular de Selecções Estaduais c/ Bahrein

De qualquer forma, as selecções estaduais continuam a representar o cerne do futebol de praia no país e foi com o intuito de preparar o campeonato brasileiro que algumas destas equipas decidiram participar num torneio quadrangular de treino, que decorreu no fim-de-semana de 23 a 26 de Setembro. O evento teve lugar no estado do Maranhão, contando com a equipa da casa, as selecções estaduais de Ceará e Raposa, e o Bahrein, orientado por Gustava Zloccowick (Guga), que o utilizou como preparação para o apuramento para o mundial.

De destacar ainda que, no dia 18 de Setembro, as equipas dos estados de nordeste de Alagoas e Pernambuco se defrontaram num encontro amigável, disputado no Recife. Esta partida foi precedida por um jogo entre as selecções de sub 17 destes dois estados. Mais um exemplo da forma séria como os brasileiros encaram a modalidade e olham para o seu futuro a longo prazo…

3.2. Inauguração do campo de treinos do CEFAN: Amistoso diante da Argentina

Apesar de todas as mudanças estruturais que o futebol de praia brasileiro verificou em 2010, o principal marco deste ano no panorama do beach soccer no país foi a fundação de uma sede para a selecção brasileira da modalidade, que será o local oficial de todos os treinos da equipa a partir deste mês. O CEFAN (Centro de Educação Física Almirante Adalberto Nunes) está situado no Rio de Janeiro, sendo o resultado da cooperação entre a CBBS (Confederação Brasileira de Beach Soccer) e a Marinha do Brasil. Representa, indiscutivelmente, um passo decisivo no crescimento da modalidade no Brasil, bem como um exemplo para as restantes potência do futebol de praia.

Transcrevo a seguir o comentário de Júnior Negão, coordenador das selecções nacionais de futebol de praia do Brasil, a propósito desta iniciativa tão salutar:

” Agora temos uma casa. Já conquistamos muitos títulos, a Seleção Brasileira já venceu tudo, mas essa é a maior conquista do beach soccer brasileiro.”

Brasil 2 – 0 Argentina

E o futuro local de estágios da selecção brasileira não podia ser inaugurado de outra forma que não um grande jogo de futebol de praia, entre a equipa da casa e um grande rival sul-americano, num encontro de carácter amigável muito apelativo: Brasil vs Argentina! Assim, no passado dia 10 de Setembro, Canarinhos e Albicelestes disputaram a vitória numa partida muito equilibrada, que tornou a cerimónia de inauguração do campo de treinos numa verdadeira festa do futebol de praia, que acabou por ser completa com o triunfo do Brasil, por 2-0.

 

Cena do confronto entre Brasil e Argentina. Na imagem, o craque Benjamim tenta passar pelo argentino Levi, no contexto de uma partida muito disputada.

Cena do confronto entre Brasil e Argentina. Na imagem, o craque Benjamim tenta passar pelo argentino Levi, no contexto de uma partida muito disputada.

 

Como se esperava, foi uma batalha muito disputada, pautado pela solidez defensiva de ambas as equipas, que se conheciam muito bem (foi o quarto encontro entre as duas selecções no ano de 2010, sendo que os brasileiros venceram os 4 jogos). O Brasil, campeão do mundo, favorito em qualquer partida, precisou de muita concentração e preserverança para levar de vencida uma Argentina muito consistente, em resultado de um eficaz processo de renovação que iniciou este ano. O marcador ilustra bem a natureza do jogo, com apenas 2 golos em 36 minutos, o que não significa que o jogo não tenha sido interessante!

Não vi o jogo, pelo que todas estas informações são o resultado das minhas pesquisas. O jogo começou de forma muito cautelista, ficando os golos e a emoção reservadas para os períodos subsequentes. Foi assim que, no 2º período, o experiente Betinho, na sequência de um livre, inaugurou o marcador: 1-0 favorável ao Brasil. A reacção argentina não se fez esperar, com a equipa dos pampas a criar várias situações, que não se concretizaram graças à boa actuação de Mão. O 3º período trouxe um Brasil mais forte, que soube controlar o jogo, apesar do espírito combativo da Argentina. Uma finalização eficaz por parte de Sidney após roubo de bola foi o suficiente para ampliar a vantagem para 2-0.

Ficha de jogo:

Local: CEFAN (Centro de Educação Física Almirante Adalberto Nunes).

Resultado: Brasil 2 – 0 Argentina.

Brasil: 5 inicial – Mão (GR), Bueno, Betinho, Sidney e Benjamin. Suplentes utilizados- Vinícius, Juninho, Bruno Malias, Bernardo, Fred e Jorginho. Capitão: Benjamim. Treinador: Alexandre Soares.

Argentina: 5 inicial – Mendoza (GR), Galván, Franceschini, Leguizamon e De Ezeyza. Suplentes utilizados – Levi, Dallera, Vivas e Rodrigues Larreta. Capitão: Mendoza. Treinador: Hector Petrasso.

Golos: Brasil – Betinho (2º período), Sidney (3º período).

3.3. Brasil vai jogar ao Chile

Entretanto, a selecção brasileira de futebol de praia foi convidada para outro evento, a decorrer num futuro próximo, também de cariz amigável. No entanto, desta vez, o opositor é a perigosa equipa chilena, que detém o registo honroso de ter sido a única selecção nacional a conseguir vencer o Brasil em 2010, graças ao surpreendente triunfo do Chile sobre o Brasil por 11-8 na Copa Latina em Janeiro, no vídeo em baixo. Ora, o palco do reencontro entre os dois rivais não poderia ser mais favorável ao Chile do que a cidade costeira de Valparaíso, banhada pelas águas azuis do Oceano Pacífico.

Agora, o Chile tentará repetir a proeza de bater os campeões do mundo em casa, diante dos seus adeptos, num teste às capacidades organizativas da federação de futebol do país. Mas, se os jogadores chilenos tencionam mostrar que a vitória em Janeiro não foi casual, vencendo novamente, os brasileiros, por seu turno, sentem a necessidade de vingar a tragédia da Copa Latina, aliada à vontade de ganhar que surge sempre associada à selecção Canarinha de futebol de praia.

Contudo, para ambas as equipas, o jogo tem outro nível de importância: constitui um momento de preparação para as eliminatórias de apuramento da América do Sul para o Mundial 2011, fomentando a implementação e aperfeiçoamento de processos e estimulando a união entre os jogadores, factores cruciais para conseguir a almejada qualificação. O Brasil utilizará o evento também com o intuito de testar alguns jogadores mais jovens.

Eis, pois, as listas de convocados de cada selecção:

Brasil (orientado por Alexandre Soares):
Mão (GR), Tiago (GR), Buru, Betinho, Bueno Andersen, Sidney, Ricardinho, Adiélson e Benjamin (capitão).
Chile (orientado por Carlos Figueroa):
Echeverria (GR), Torres, Argote, Mena (capitão), Palma, Febre (GK), Medalla, Ragusa, Durán, Gonzalez, Albuerno e Belaúnde.

De notar, na Brasil, a ausência de Bruno Malias, devido a uma lesão contraída nos treinos, e dos atletas Daniel e André, que se encontram na Rússia para disputar o campeonato nacional do país ao serviço do IBS de São Petersburgo. A convocatória de Alexandre Soares fica também marcada pelas estreias de Tiago, Ricardinho e Adiélson, jovens jogadores que poderão ser o futuro do futebol de praia brasileiro.

No Chile, são notórias as ausências de Sanhueza e Medina, elementos fundamentais na equipa que deram um contributo importante na vitória chilena de Janeiro. No entanto, Torres, Argote e o capitão Mena são também figuras de destaque, que certamente saberão levar a sua selecção pelo caminho certo.

Enfim, será um grande jogo, com transmissão directa via Rede Globo. Eu vou tentar acompanhar pela Internet!

3.4. Mundial de clubes?

Como todos sabemos, o futebol de praia é uma modalidade que se encontra ainda pouco desenvolvida em termos de clubes, assumindo um cariz demasiado amador em praticamente todos os países, salvo raras excepções. A liga italiana, inquestionavelmente a mais competitiva do mundo, constitui o melhor exemplo da inversão desta tendência, representando por excelência a profissionalização do futebol de praia. No entanto, as competições internacionais de clubes, entre equipas regionais de países diferentes, são ainda uma miragem (ou algo muito aproximado) no panorama do futebol de praia. Como resolver esta situação?

Uma solução possível, muito cativante, por sinal, seria a instituição de um campeonato mundial de clubes, a realizar anualmente, disputado pelas equipas vencedoras das competições nacionais dos respectivos países. Por exemplo, um evento a realizar em 2011 contaria com os campeões nacionais de 2010 de Portugal, Itália, Brasil, Rússia e muitos outros países, reunidos na mesma competição, na luta pelo título mundial. O Sporting e o Milano Beach Soccer, por exemplo, teriam lugar garantido, prometendo muito espectáculo e emoção aos (tel)espectadores em todo o mundo.

 

Joan Cusco, coordenador do futsal e do futebol de praia na FIFA

Joan Cusco, coordenador do futsal e do futebol de praia na FIFA

 

Foi com esta intenção que Joan Cusco, Presidente da Secção de Futsal e Futebol de Praia da FIFA, empreendeu uma visita a São Paulo, cidade brasileira com uma forte tradição de futebol de praia, que vai colher o próximo Campeonato Brasileiro da modalidade. O distinto membro da organização sugeriu uma proposta aliciante: a realização de uma espécie de Mundialito de Clubes de Futebol de Praia, em pleno Brasil, reunindo as melhores equipas de todo o mundo e, sobretudo, os melhore jogadores. Naturalmente que a proposta foi feita na presença dos dirigentes de outras organizações e patrocinadores do futebol de praia brasileiro, tendo Joan Cusco enaltecido a importância do trabalho da Federação Paulista de Futebol de Praia na dinamização da modalidade.

Um Mundialito de Clubes seria de facto uma ideia extraordinária. No entanto, vejo um problema de peso na proposta apresentada por Cusco: a falta de tempo para organizar uma tal competição, dado que os primeiros meses do ano vão estar demasiado preenchidos com as eliminatórias de qualificação para o Mundial 2011, as preparações para a grande competição global e o próprio campeonato do mundo, enquanto os restantes serão absorvidos pela longa temporada europeia.

Enfim, são estas as novidades dominantes do Futebol de Praia no Mundo durante este último mês. Peço desculpa pela extensão do texto e pelo atraso na postagem, mas a verdade é que este post ultrapassou o âmbito da semana, referindo-se a todo o conjunto de acontecimentos do nono mês do ano.

Espero que tenham gostado das partes que leram e que o texto possa vir a ser útil para alguém!

Por favor, deixem comentários se tiverem alguma coisa a dizer! O vosso contributo é sempre fundamental, ainda para mais numa iniciativa desta envergadura!

Mundial de Futebol de Praia 2011: Qualificação Europeia em Bibione (ITA)

Saudações a todos os adeptos de futebol de praia. Tenho o maior prazer em anunciar que amanhã, Domingo, 11 de Julho de 2010, tem início o torneio de qualificação do continente europeu para o Campeonato do Mundo de Futebol de Praia FIFA 2011. O evento decorre durante o Verão de 2010, com mais de 50 jogos disputados entre os dias 11 e 18 de Julho, a ter lugar na cidade italiana de Bibione, situada na comuna de Veneza.

Selecção Italiana: anfitriões do Mundial participam no torneio de qualificação

O Campeonato do Mundo de Futebol de Praia FIFA 2011 será disputado em Roma, capital italiana, pelo que a Squadra Azurra já tem lugar assegurado na competição, como país organizador. No entanto, a Itália foi também escolhida para receber o torneio de apuramento, razão pela qual vai participar na competição, tendo a presença no Mundial 2011 previamente garantida. Esta situação, apesar de caricata, acaba por fazer sentido se pensarmos que o torneio de qualificação conta para o ranking europeu, sendo por isso necessária a participação da selecção italiana no evento.

Pontapé de bicicleta de Palmacci na final do Mundial 2008 em Marselha frente ao Brasil.

Jogando em casa, os italianos vão querer vencer o Mundial Roma 2011. O melhor resultado da selecção italiana em Mundiais foi obtido em 2008 em Marselha: um excelente 2º lugar, perdendo na final frente ao Brasil. Na imagem, Palmacci executa um pontapé de bicicleta perante a oposição do brasileiro Buru nessa grande final.

5 Vagas Europeias para o Mundial 2011: Itália apurada, 4 lugares em jogo

Em cada Mundial de Futebol de Praia são atribuídas 5 vagas às selecções europeias, como reconhecimento pela grande qualidade do futebol de praia praticado no velho continente, onde o futebol de praia tem conhecido um desenvolvimento prodigioso. A competição de 2011 não será excepção, estando uma das vagas preenchida pela selecção italiana, pelos motivos acima mencionados. Assim, restam apenas 4 lugares europeus no Campeonato do Mundo 2011, para serem definidos neste torneio de apuramento.

Formato da Competição: 27 Equipas, 7 grupos, 2 estádios

O torneio de qualificação para o Mundial 2011 é uma competição aberta a todos os países europeus interessados em participar, desde que se inscrevam dentro do prazo estabelecido. Para a edição deste ano, 27 federações manifestaram o seu interesse em disputar o apuramento, batendo assim o número de equipas de 2009 (26 selecções) e o de 2008 (24 participantes). O torneio, realizado pela primeira vez em areias italianas, será portanto o maior evento da História do futebol de praia até à actualidade!

A competição segue a estrutura normal de um grande campeonato, encontrando-se dividida em duas partes: uma fase de grupos, na qual são seleccionadas as equipas mais aptas do continente, e uma segunda parte, disputada em eliminatórias até ao jogo da final.

As 27 equipas foram divididas em 7 grupos, 6 dos quais têm 4 selecções, sendo o grupo restante integrado por 3 participantes. Dentro de cada grupo, as equipas jogam todas umas contra as outras, nos dias 11 (Domingo), 12 (2ª feira) e 13 (3ª feira), conquistando pontos de acordo com os critérios habituais do futebol de praia (3 pontos em caso de vitória, 2 pontos para vitória no prolongamento ou em grandes penalidades, 0 pontos para as derrotas).

Grupos do Torneio de Qualificação da Europa para o Mundial 2011. Sorteio coordenado por Josep Ponset, realizado em Barcelona, na sede da Beach Soccer World Wide.

Grupos do Torneio de Qualificação da Europa para o Mundial 2011. Sorteio coordenado por Josep Ponset, realizado em Barcelona, na sede da Beach Soccer World Wide.

Cada dia da fase de grupos vê 26 equipas em acção (todas excepto a equipa do grupo A que fica de folga), com um total de 13 jogos disputados ao longo de 11 horas, da manhã ao final da tarde. Por esta razão, alguns jogos vão ter de ocorrer em simultâneo, em dois estádios diferentes, montados na Praia de Bibione. As duas melhores equipas de cada grupo têm lugar assegurado na fase seguinte, bem como os dois melhores terceiros classificados dos 6 grupos constituídos por 4 selecções.

No dia 14 de Julho, 4ª feira, as equipas gozam de uma preciosa e merecida folga, enquanto se realiza o sorteio para a segunda fase do torneio. São então definidos os jogos dos oitavos de final, bem como os cruzamentos nos quartos de final e depois nas meias finais. Para determinar os confrontos dos oitavos de final, os vencedores dos 7 grupos e o melhor segundo classificado de todos estes grupos são colocados no pote 1, enquanto as restantes equipas apuradas para a segunda fase integram o pote 2, havendo um encontro das equipas de potes diferentes nos jogos dos oitavos de final.

Visto que neste torneio se qualificam 4 selecções, as equipas que alcançarem as meias finais terão o apuramento garantido, juntando-se aos italianos no lote de representantes europeus no Mundial 2011. Caso a Itália chegue às meias finais, o que é bastante provável, torna-se necessário recorrer a play-offs de apuramento, disputados pelas equipas derrotadas nos quartos de final, para definir a 5ª equipa europeia a estar presente no Campeonato do Mundo.

Paisagem paradisíaca para milhares de turistas oferece agora grandes espectáculos de futebol de praia aos seus visitantes.

As magníficas praias de Bibione são o local escolhido para acolher a maior competição europeia de futebol de praia de sempre. Uma paisagem paradisíaca que promete um grande espectáculo de futebol de praia em areias italianas! E tantos turistas!

11 de Julho: Primeiro dia de jogos

A grande competição em Bibione começa com um dia repleto de acção e certamente grandes momentos de futebol de praia, com 13 jogos fabulosos a fazerem as delícias dos adeptos locais, além de todos os que acompanham o evento através da televisão ou da Internet. Apresento, em seguida, o calendário de jogos para este primeiro dia, indicando as horas das partidas de acordo com o fuso horário de Portugal Continental, o estádio em que vão ter lugar, o grupo ao qual pertencem as equipas e possíveis formas de assistir ao jogo em tempo real:

08:00 – Estádio 1 – Grupo B – Grécia vs. Holanda (live broadcast no site da BSWW)

08:00 – Estádio 2 – Grupo C – Roménia vs. Andorra

09:15 – Estádio 1 – Grupo F – República Checa vs. Azerbeijão (live broadcast no site da BSWW)

09:15 – Estádio 2 – Grupo G – Polónia vs. Moldávia

10:30 – Estádio 1 – Grupo E – Hungria vs. Ucrânia (live broadcast no site da BSWW)

10:30 – Estádio 2 – Grupo G – Noruega vs. Áustria

11:45 – Estádio 1 – Grupo C – Rússia vs. Eslováquia (live broadcast no site da BSWW)

13:00 – Estádio 2 – Grupo F – Cazaquistão vs. França

13:00 – Estádio 1 – Grupo D – Inglaterra vs. Estónia (live broadcast no site da BSWW)

14:15 – Estádio 1 – Grupo E – Suíça vs. Bielo-rússia (live broadcast no site da BSWW)

15:30 – Estádio 1 – Grupo D – Portugal vs. Israel (live broadcast no site da BSWW) – SPORT TV 2 e SPORT TV HD

16:45 – Estádio 1 – Grupo A – Itália vs. Turquia (live broadcast no site da BSWW) – SPORT TV HD

18:00 – Estádio 1 – Grupo B – Espanha vs. Bulgária (live broadcast no site da BSWW) – SPORT TV HD

Um grande evento: não percam

E assim vai começar um grande evento de futebol de praia, seguramente para mais tarde recordar, com muita emoção e magia, num ambiente fantástico para a prática da modalidade. Como se sabe, o futebol de praia apresenta um crescimento explosivo na Europa, tendo surgido cada vez mais selecções nos últimos anos, procurando uma maior projecção no plano internacional. Apesar de algumas equipas serem favoritas, surgem outras numa segunda linha com sérias aspirações para este torneio, ambicionando o apuramento para o Mundial 2011. Teremos indubitavelmente um grande torneio, com muita luta, paixão e uma semana recheada dos melhores momentos do futebol de praia europeu!

Deixo aqui um vídeo relativo ao torneio de qualificação para o Mundial 2009, competição essa que se disputou entre os dias 7 e 14 de Junho do ano passado, em Castellon, na Espanha. O filme contém aqueles que foram considerados os 5 melhores golos do evento, embora eu ache que os membros da BSWW beneficiaram os jogadores espanhóis nesta selecção, ao terem incluído 3 golos da equipa da casa, quando houve inúmeros golos fantásticos durante a semana. Em todo o caso, são 5 grandes momentos que tenho para vos mostrar.

Esperamos que em 2010 em Bibione seja ainda melhor!

Selecção Nacional Portuguesa

Deixo também a lista dos convocados da selecção portuguesa para a competição. O treinador José Miguel Mateus, que tem feito um excelente trabalho no cargo, levou para Itália uma equipa que combina experiência e jovialidade, disciplina e criatividade, concentração e muita garra, composta pelos 12 animosos jogadores:

Guarda-redes

Paulo Graça (12)

João Carlos (22)

Defesas

Coimbra (2)

Marinho (8)

Bilro (11)

Avançados

Jordan (4)

Marco (5)

Alan (6)

Madjer (7)

Belchior (10)

Paulo Neves (13)

Bruno Novo (18)

Possivelmente, um leitor menos bem informado questionará a tão grande disparidade entre o número de avançados e o número de defesas que figuram nos convocados. Por essa razão, estou no dever de vos explicar que as designações defesa e avançado são muito relativas no futebol de praia, pois todos os jogadores desempenham um papel muito importante quer nas acções defensivas quer no processo ofensivo. São apenas classificados como defesas ou avançados de acordo com a posição que ocupam no esquema táctico da equipa (que pode mudar facilmente ao longo da partida e mesmo dentro da mesma jogada, o que confere ao jogo de futebol de praia uma dinâmica extraordinária).

Muitas vezes, considera-se defesa apenas o jogador cuja posição de base se localiza mais perto do guarda-redes, sendo os restantes jogadores classificados como avançados. Assim, as escolhas do nosso seleccionador nacional em nada comprometem o equilíbrio entre os diferente sectores da equipa portuguesa.

Grupo D: Cuidado com Israel. Estónia e Inglaterra são incógnitas.

Em relação aos adversários de Portugal na fase de grupos, devo realçar a qualidade da selecção israelita, que os heróis lusitanos enfrentam logo no jogo de abertura. São uma equipa que apresenta um bom crescimento nos últimos anos, baseando o seu jogo na superioridade física e na singular vontade de vencer dos seus jogadores. Atletas possantes e determinados são, de facto, a imagem de marca desta selecção, cujo maior destaque é o capitão Ilos, número 9, que actua como pivô (jogador mais avançado) e joga tudo o que tem em cada lance, detendo um remate poderoso.

A Estónia, segundo adversário de Portugal no torneio, é já uma velha conhecida da selecção nacional, tendo sido derrotada pelos pupilos de Zé Miguel nas edições de 2008 e 2009 do torneio de qualificação. São provavelmente a equipa mais fraca do grupo, mas são também um pouco imprevisíveis: se por um lado são capazes de golear as equipas mais fracas da competição, mostrando ter alguma técnica e conhecimento do jogo, por outro, parecem bloquear completamente quando jogam contra equipas mais fortes, ficando completamente inibidos e sofrendo derrotas pesadas.

Nakash passa pelo guarda-redes grego e marca um golo, num jogo em que Israel venceu a Grécia por 9-5 (com 5 golos de Ilos).

Israel constitui o adversário mais difícil de Portugal nesta fase de grupos da qualificação para o Mundial. Na imagem, Nakash passa pelo guarda-redes grego e marca um golo, num jogo que Israel venceu por 9-5, com 5 golos de Ilos. Partida da divisão B da Liga Europeia.

Os ingleses, uma presença assídua em eventos europeus de futebol de praia, com um longo historial na modalidade, mas sem nunca se terem imposto verdadeiramente na esfera do beach soccer internacional, são uma equipa que Portugal conhece muito bem, pois quase todos os anos têm lugar confrontos entre estas duas selecções. E se em Novembro de 2009 os bretões foram goleados por 17-4, num torneio amigável no Porto, no passado mês de Março fizeram uma grande exibição contra os ilustres portugueses, embora sem Madjer e Alan, perdendo apenas por 3-0.

São uma equipa com algumas potencialidades, mas muito irregular: umas vezes, produzem jogadas espectaculares no ataque e defendem com muita concentração, conseguindo rivalizar com as grandes potências europeia; outras vezes, desconcentram-se totalmente e concedem facilidades tremendas aos seus adversários, saindo derrotados por qualquer equipa.

Mensagem de Força e Confiança

Assim, o grau de dificuldade dos jogos não pode estar muito bem definido e tenho as minhas dúvidas em relação à classificação final do grupo. Em todo o caso, não se põe em causa a vitória de Portugal nos três jogos, que a selecção nacional certamente conseguirá tornar mais fáceis com o decorrer do tempo, construindo vantagens sólidas que lhe permitam controlar os jogos. Depois, resta esperar pelo sorteio e manter a concentração em níveis bem elevados para vencer com segurança o jogo dos oitavos de final, antes dessa partida decisiva dos quartos de final, onde Portugal encontrará um adversário de qualidade, sendo necessário jogar com tudo o que tem para chegar às meias finais, independentemente da equipa que surgir no caminho.

No ano passado, Portugal venceu a Roménia por 5-2 no jogo decisivo dos 1/4 final e ficou qualificado para o Campeonato do Mundo 2009.

No ano passado, Portugal venceu a Roménia por 5-2 no jogo decisivo dos 1/4 final e qualificou-se para o Mundial Dubai 2009, onde viria a conquistar o 3º lugar. Na imagem, os jogadores portugueses festejam esse apuramento, nas areias de Castellon, em Espanha. Este ano, também vamos conseguir!

Estou confiante. É só isto que posso dizer. O pessoal da nossa selecção está confiante e perfeitamente consciente daquilo que está a fazer. São jogadores fantásticos, apoiados por uma equipa técnica não menos valorosa, que os orientará da melhor maneira rumo ao Mundial 2011!

FORÇA PORTUGAL!

Liga Europeia de Futebol de Praia 2010: Segunda etapa da Fase Regular – Marselha

Nota: Se procuram informações sobre a Superfinal da Liga Europeia de Futebol de Praia 2010, realizada em Lisboa, em Belém, visitem este post, onde poderão encontrar tudo o que pretendem.

Saudações aos leitores deste blogue. Este post será invulgarmente curto e pouco informativo, mas talvez venha a ser melhorado no futuro. As razões são a necessidade de escrever sobre este assunto imediatamente, dado que ficarei sem Internet durante algum tempo, e o facto de não dispor de muito tempo para desenvolver o tema como eu gostaria.

De qualquer forma, fica aqui a nota do seguinte:

Entre os dias 25 e 27 de Junho (6ª feira a Domingo) será disputada em Marselha, na França, a segunda etapa da fase regular da Liga Europeia de Futebol de Praia 2010. Os jogos têm lugar na Praia do Prado, durante a tarde, e têm transmissão directa na Eurosport e Eurosport 2, cuja programação pode ser verificada aqui. Penso que a Beach Soccer World Wide também vai transmitir os jogos, via online, aqui.

O evento compreende dois torneios: uma competição da divisão A, com 4 equipas que jogam em formato de liga, procurando amealhar pontos para o Ranking da fase regular, e um torneio da divisão B, com 3 equipas a jogarem entre si na luta por um lugar na Promotion Final a disputar em Portugal no fim do mês de Agosto.

Da divisão A estarão presentes as selecções de Portugal, Espanha, Polónia e França (os anfitriões), enquanto a divisão B contará com a presença da Bielo-Rússia, da Hungria e da Inglaterra. O espectáculo está garantido e serão certamente três dias fascinantes nas areias marselhesas. Portugal e Espanha são as equipas mais fortes da divisão A e espera-se que uma destas duas selecções vença o torneio.

Os lusos viajam para solo gaulês com uma equipa diferente da habitual, dadas as ausências de Madjer, Alan e Belchior, mas a equipa tem muitos outros jogadores com vontade de ganhar e ajudar o seu país, que farão certamente um bom trabalho. Eu acredito plenamente na vitória portuguesa, embora a selecção espanhola seja uma das equipas mais experientes da Europa e o jogo seja de dificuldade máxima. Mas Portugal tem todas as condições para ganhar! Além disso, o principal objectivo é rodar a equipa, dar minutos a jogadores menos utilizados, na sequência do processo de renovação que tem vindo a ser efectuado ao longo do tempo. Por isso, vai ser um grande torneio para Portugal, não tenho dúvidas!

Boa sorte ao pessoal da selecção nacional! Portugal está convosco!

Vamos ver o que esta competição nos reserva, em termos de equipa portuguesa e de futebol de praia em si! Tenho grandes esperanças…

Spring Cup Viseu 2010: detalhada apresentação do evento

Depois de um período de inactividade de 130 dias, a selecção nacional de futebol de praia volta a entrar em campo. A Spring Cup está aí mesmo à porta e, contra todas as expectativas, Viseu é a cidade anfitriã. Com transmissões televisivas diárias, podemos assistir ao melhor futebol de praia europeu outra vez! A festa do futebol de praia está de volta!

Spring Cup Futebol de Praia Viseu 2010: o poder do desporto!

Antes de mais nada, gostaria de fazer uma breve introdução às circunstâncias que antecederam esta competição. Por minha vontade, já o teria feito antes, mas uma ausência de três dias durante os quais não tive acesso à Internet não mo permitiu. A Spring Cup terá lugar entre os dias 9 e 11 de Abril, em Viseu, no nosso querido Portugal.

Spring Cup Viseu 2010: expectativas para um grande evento desportivo

Spring Cup Viseu 2010: expectativas para um grande evento desportivo

Após um Inverno longo e rigoroso, o futebol de praia esteve ausente das vidas dos membros da selecção nacional portuguesa. Excluindo um amistoso disputado em São Paulo entre os campeões do mundo (a saber, o Brasil) e uma equipa All-Stars composta pelos melhores jogadores de todo o mundo, no qual Madjer e Alan participaram com grandes prestações, os nossos jogadores não tiveram qualquer oportunidade de pisar as macias areias da praia e praticar a sua modalidade predilecta, espelhando a sua técnica formidável. Deste modo, com o despontar dos primeiros sinais primaveris, a realização de uma competição internacional de beach soccer vinha mesmo a calhar.

Nesta linha de ideias, a cidade portuguesa de Viseu decidiu tomar a iniciativa e acolher um torneio internacional da modalidade. A Câmara Municipal de Viseu, sempre atenta ao desporto em geral, observando o elevado ritmo de crescimento do futebol de praia em anos recentes, organizou este evento de dimensão europeia, em cooperação com a PA Leading. A Federação Portuguesa de Futebol mostrou sempre uma grande receptividade ao projecto, louvando a promoção da modalidade num local diferente dos habituais e entendendo a importância de uma tal competição como pontapé de saída para o calendário da selecção das quinas.

Mas… Viseu não é uma cidade do interior? Exactamente. O distrito de Viseu, localizado na Beira Interior, não é banhado pela mais ínfima porção de mar, pelo que as praias marítimas não são uma realidade na cidade de Viriato. E qual é o problema? Estamos em pleno século XXI e o Homem já concebeu obras de engenharia bem mais complexas do que a construção de um campo Indoor de Futebol de Praia! Sendo o Pavilhão Multiusos de Viseu um excelente recinto desportivo, a preparação do terreno de jogo incidiu na deposição de 300 a 400 toneladas de uma areia específica sobre o pavimento, obedecendo a um plano rigoroso, tendo em vista a obtenção das condições ideais para a prática da modalidade. Por seu turno, as bancadas foram aproximadas da areia, estrategicamente, a fim de possibilitar um melhor contacto dos adeptos com o jogo em si.

Representando o primeiro Torneio Internacional Indoor de Futebol de Praia em Portugal, a Spring Cup Viseu 2010 foi reconhecida pela Beach Soccer World Wide (o organismo internacional para o futebol de praia) como competição integrante do Pro Beach Soccer Tour, entrando assim nas contas do Ranking Europeu da modalidade (5o pontos para o vencedor, 30 para o 2º lugar, 10 para o 3º lugar e 5 para o 4º lugar).

Conferência de Apresentação da Spring Cup Viseu 2010, dia 30 de Março, no Salão Nobre da Câmara Municipal de Viseu. À esquerda, o seleccionador nacional, José Miguel Mateus; à direita, o delegado do futebol de praia da federação portuguesa de Futebol, João Morais. No centro, o Presidente da Câmara Municipal de Viseu, Fernando Ruas. Entre João Morais e Fernando Ruas, o chefe da PA Leading, Miguel Rocha.

Conferência de Apresentação da Spring Cup Viseu 2010, dia 30 de Março, no Salão Nobre da Câmara Municipal de Viseu. À esquerda, na extremidade da mesa, o seleccionador nacional, José Miguel Mateus. À direita, na extremidade oposta, o delegado do futebol de praia da federação portuguesa de Futebol, João Morais. No centro, o Presidente da Câmara Municipal de Viseu, Fernando Ruas.

Enquanto satisfaz os interesses estratégicos da PA Leading, além de servir os interesses competitivos das principais potências europeias, o torneio teria o poder de unir os viseenses em torno do futebol de praia, lançando as base para a implantação da modalidade no interior do país e dando um passo de gigante rumo à aceitação do futebol de praia como um grande desporto em todo o país. Estamos a fazer História, meus amigos. O futebol de praia, gradualmente, está a tornar-se uma modalidade Universal!

Equipas Participantes: quem são ao certo?

Convidadas as selecções da Rússia, da Suíça e da Inglaterra, que disputariam a conquista do troféu com a selecção lusa, estavam reunidas todas as condições para um grande torneio!

De realçar que a Rússia é campeã europeia em título, tendo vencido a edição de 2009 da Liga Europeia de Futebol de Praia, onde derrotou Portugal na final por 4-3, enquanto a Suíça alcançou o 2º lugar no Campeonato de Mundo de Futebol de Praia do ano passado, no Dubai (EAU). Ambas as equipas, apesar das condições naturais pouco propícias à prática do futebol de praia, protagonizaram uma extraordinária evolução nos últimos anos, alcançando um lugar entre os colossos da modalidade a nível europeu e mundial, contrariamente ao que muitas almas “iluminadas” pensam (e depois vêm poluir os locais de discussão do futebol de praia na Internet com a sua arrogância ignorante).~

Rússia e Suíça, grandes potências do futebol de praia na actualidade, defrontarão-se no Mundial Dubai 2009, na partida dos quartos-de-final. Nesse jogo, a Suíça levou a melhor, batendo os rivais russófonos por 4-2.

Rússia e Suíça, grandes potências do futebol de praia na actualidade, defrontarão-se no Mundial Dubai 2009, na partida dos quartos-de-final. Nesse jogo, a Suíça levou a melhor, batendo os rivais russófonos por 4-2 com 3 golos do número 9 Stankovic.

Em relação à Inglaterra, que constitui uma das mais antigas equipas europeias na História do Futebol de Praia, nunca se afirmou realmente na modalidade, obtendo resultados fracos nos últimos anos, mas sem nunca desanimar e aceitando sempre qualquer convite endereçado pela organização deste tipo de eventos.

Terminando com a selecção portuguesa, posso dizer que somos uma das maiores selecções do mundo, com um palmarés invejável e uma qualidade muito elevada desde os primórdios do futebol de praia. Com vários títulos europeus e mundiais, Portugal é, a par da Espanha, a selecção que detém a hegemonia europeia da modalidade, além de ser a equipa que apresenta maior capacidade para fazer frente ao Brasil, constituindo a grande rival da selecção Canarinha. Em 2009, Portugal classificou-se num honroso 3º lugar no Mundial FIFA (Dubai) e arrecadou o título do Mundialito, com uma grande vitória diante do Brasil. No entanto, em termos europeus, as coisas não correram tão bem, com a Liga Europeia a fugir para a Rússia e a Taça da Europa a ir parar às mãos da Espanha.

No Ranking Europeu de 2009, a selecção das quinas ficou colocada em 3º lugar, abaixo das suas aspirações e em consequência dos resultados menos positivos da temporada (com muito azar, digamos). Em todo o caso, a época de 2010 está aí à porta e não há melhor forma de começar o ano do que uma grande vitória na primeira competição da época! E logo nesta Spring Cup, onde os lusos terão a oportunidade de defrontar os grandes rivais da Rússia e da Suíça?

Convocados: os reis das areias do Multiusos de Viseu

A equipa russa, de Nikolai Pisarev, optou por rodar o plantel e dar tempo de jogo aos jovens da selecção, que foram menos utilizados no decorrer do ano. Deste modo, jogadores mais experientes como Shkarin, Makarov e Shakhmelyan surgem ao lado de rostos recentes como Eremeev, Krasheninikov e Aksenov, colmatando as ausências de Leonov (capitão de equipa), Shaykov, Shishin e Gorchinskiy, com compromissos ao nível do futsal. O guardião russo, muito experiente, que eu considero estar entre os 3 ou 4 melhores do mundo, também está ausente, assim como o guarda-redes suplente, Gorodnov, devendo ser substituídos por dois estreantes na baliza.

Quanto à selecção helvética, já iniciara a época desportiva em Fevereiro, com uma deslocação ao Brasil, para defrontar os campeões mundiais, num grande jogo que terminou com a vitória dos anfitriões por 7-5. Para este torneio, o treinador Angelo Schirinzi decidiu levar o núcleo duro da sua selecção, incluindo jogadores como a super estrela Dejan Stankovic, o capitão Mo, e ainda Leu, Spacca, Meier, Rodrigues e o próprio Schirinzi (ele é jogador-treinador). A baliza, como de costume, é ocupada pelo experiente Nico Jung, com Vale no banco de suplentes.

A Inglaterra, por sua vez, treinada por Terry Bowes, escolheu um leque de jogadores que conjuga energia e maturidade, com velhas caras do futebol de praia britânico, como O’Calaghan, Mitchell e Bowes (também ele jogador-treinador), acompanhadas por outros valores, como Tony Kerr e Richard Young (o mais recente reforço da selecção britânica). Não conheço suficientemente bem o conjunto inglês para avaliar convenientemente esta equipa, mas parece empenhada em fazer esquecer a derrota por 17-4 contra Portugal no Torneio do Futebol Show em Novembro de 2009. Naturalmente considerada a equipa mais fraca em prova, os ingleses parecem determinados em apagar esta ideia.

Belchior, um dos jogadores mais experientes dos convocados para a Spring Cup, será o capitão de equipa na competição em Viseu e será um elemento fundamental na organização do jogo português.

Belchior, um dos jogadores mais experientes dos convocados para a Spring Cup, será o capitão de equipa na competição em Viseu e será um elemento fundamental na organização do jogo português.

Finalmente, a magnífica selecção portuguesa, comandada pelo ilustre José Miguel Mateus, aparece em Viseu com um grupo surpreendente, cheio de jovialidade e impetuosidade, munido de muita coragem e vontade de vencer. Falo desta forma porque Madjer e Alan, os dois líderes espirituais da nossa selecção, não estão presentes em Viseu, dada a sua participação no Campeonato Estadual de Futebol de Praia do Espírito Santo. O guarda-redes geralmente titular Bruno Silva também não figura na lista de convocados, assim como Nuno Tavares, mas a comitiva lusitana inclui nomes sonantes como Belchior (Bola de Bronze e Bota de Bronze do Mundial 2008), Torres, Sousa, Zé Maria e Bilro. Na baliza, Paulo Graça, com dois anos de futebol de praia internacional, defende as redes portuguesas, em parceria com João Carlos Delgado, pronto para intervir.

Os jovens talentos Bruno Novo, Paulo Neves, Durval e Coimbra completam o lote de eleitos para Spring Cup. Muita garra e genica é aquilo que se espera desta equipa rejuvenescida, visando uma rodagem do plantel e a revisão dos processos implementados na época transacta.

Horários dos jogos e transmissões em directo

6ª feira (9 de Abril)

17: 30  – Rússia vs Suíça (SPORT TV 2)

19:00 – Portugal vs Inglaterra (SPORT TV 2)

Sábado (10 de Abril)

13:30 – Suíça vs Inglaterra

15:00 – Portugal vs Rússia (SPORT TV 2)

Domingo (11 de Abril)

14:30 – Rússia vs Inglaterra

16:00 – Portugal vs Suíça (SPORT TV 2)

Gostaria de alertar os eventuais interessados para o seguinte: apesar do conhecido capitalismo dos canais SPORT TV, estes podem ser facilmente captados via online em sites como este. Por vezes, os canais de transmissão podem não estar operacionais, mas, geralmente, corre tudo bem e temos a possibilidade de assistir aos interessantes, mas dispendiosos programas da SPORT TV, sem pagar absolutamente nada. Se não funcionar, podem sempre recorrer a outros sites, pesquisando na Internet.

De resto, para quem não tem computador com Internet, podem sempre recorrer a outra alternativa: os estabelecimentos de restauração. Por diversas vezes frequentei cafés com os canais desportivos que transmitiam os jogos de futebol de praia, lanchando enquanto me deliciava com sublimes jogadas da minha modalidade favorita. Porque não?

Spring Cup Futebol de Praia Viseu 2010: grande torneio em perspectiva

Spring Cup Futebol de Praia Viseu 2010: grande torneio em perspectiva

Para quem tem SPORT TV 2, não precisam de sair de casa, podendo acompanhar o evento directamente do conforto do vosso sofá. Se residirem nas proximidades de Viseu, então já sabem, dêem um saltinho ao Pavilhão Multiusos e apreciem a beleza desta modalidade divinal. Olhem que é uma oportunidade única…

Força Portugal!

Mundial de Futebol de Praia: bianual???

A fraca assiduidade dos meus posts sobre futebol de praia merece contestação e assumo desde já toda a responsabilidade. Não publico um único artigo acerca desta minha grande paixão desde o dia 12 de Fevereiro, prova inequívoca da minha fuga ao dever, motivo de vergonha para um adepto tão fervoroso como eu.

Muitas coisas aconteceram no plano do futebol de praia internacional nestes primeiros meses de 2010, nomeadamente os primeiros torneios do novo ano, entre os quais a Copa Latina, a Copa México e jogos particulares da selecção brasileira. Foi também um período de grande actividade para as estruturas organizativas da modalidade a nível internacional, com a calendarização das principais competições da época que se avizinha, a definição dos palcos das grandes epopeias e o tratamento das burocracias do costume.

No entanto, verdade seja dita, ainda ninguém tem uma verdadeira ideia daquilo que vai ser a temporada de 2010, pois muitos torneios ainda não estão agendados e diversas questões permanecem sem resposta. A maior revelação, mais abrangente, referente aos 4 anos que se seguem, vai ter lugar em breve: as sedes dos Campeonatos do Mundo de Futebol de Praia da FIFA de 2011 e 2013.

O grande momento está reservado para a interessante cidade de Zurique, na Suíça, onde se encontra o núcleo material da associação futebolística internacional. Nos próximos dias 18 e 19 de Março, no Congresso do Comité Executivo da FIFA, será anunciada a escolha dos destinos das 16 selecções mais fortes do mundo, os cenários das lutas titânicas entre as nações, onde os valentes se degladiarão até ao último instante, guiados pela sede de conquista, pelo desejo de erguer o cálice dourado, pelo sonho de glorificar o país!

Candidaturas:

– África do Sul

– Argentina

– Azerbeijão

– Brasil

– Chile

– Costa Rica

– Holanda

– Itália

– Omã

– Polónia

– Rússia

– Suíça

– Tahiti

Mais tarde escreverei um post a anunciar os resultados, com um comentário pessoal (uma dissertação, mais provavelmente). Mas, por agora, aproveito para explicitar a grande alteração que aconteceu ao nível dos mundiais de futebol de praia e deixar o meu cunho individual bem vincado, com uma crítica bastante incisiva às mentes brilhantes que instituíram as alterações.

Alteração na periodicidade dos mundiais: NÃO!

Este ano vai ser diferente dos anteriores. Até 2009, o Campeonato do Mundo de Futebol de Praia, organizado pela FIFA desde 2005, era disputado anualmente, proporcionando aos amantes da modalidade em todo o mundo uma grande competição global por cada órbita da Terra em torno do Sol. No entanto, de acordo com aquilo que ficou decidido nos congressos da Federação Internacional de Futebol do ano passado, o evento passará a ser bianual, disputado todos os anos ímpares.

A FIFA justificou esta decisão com a necessidade de fomentar o crescimento da modalidade nos continentes onde ainda tem menos expressão, estimulando as confederações a tomar a iniciativa e reforçar as condições para a prática da modalidade nas respectivas regiões. Entendo esta medida, mas reprovo-a. Passo a explicar.

Deficiências organizativas do futebol de praia em 4 zonas continentais

Em primeiro lugar, reconheço o estado primitivo em que o futebol de praia se encontra em alguns continentes, não pela qualidade das equipas e a validade do seu trabalho, cujos frutos são indiscutíveis, mas pela falta de atenção que as confederações locais dão à modalidade e, consequentemente, a fraca aposta nesta variante do futebol. Nunca foram organizados verdadeiros campeonatos continentais nestas regiões do globo, salvo os torneios de qualificação para os mundiais, assegurados pelo trabalho da Beach Soccer Word Wide e pelo bom desempenho dos países anfitriões na organização dos eventos, mas com uma intervenção praticamente nula por parte das confederações. Refiro-me, naturalmente, aos torneios de qualificação:

– do continente africano, disputados em Durban, na África do Sul, desde 2006 (de sublinhar a boa organização destes eventos, lamentando-se a falta de cooperação por parte da CAF e a inexistência de alternativas viáveis a esta cidade marítima);

– da Ásia, que têm lugar no Dubai, nos Emirados Árabes Unidos, desde 2006 (em 2009, ano em que o Dubai acolheu o mundial, a inactividade da confederação asiática gerou uma situação simplesmente ridícula, com um progressivo adiamento do torneio de apuramento, ainda sem lugar definido, que acabou por culminar na sua inevitável realização no Dubai, duas semanas antes do início da competição, sem a equipa da casa, qualificada automaticamente);

– da zona da CONCACAF, realizados no México a partir de 2007 (em Acapulco em 2007 e em Puerto Vallarta a partir de 2008);

– da Oceânia, não incluindo a Austrália, onde insignificantes competições de apuramento são organizadas em cima do joelho, num estádio miserável, por vezes com vários jogos da mesma equipa no mesmo dia (como aconteceu em 2007), e sem sequer ter chegado a haver torneio em 2008 (as Ilhas Salomão participaram no mundial como equipa convidada, dada a sua qualificação para edições anteriores).

Qual a solução? Mundial de 2 em 2 anos?

Todavia, não percebo como é que a transformação do campeonato do mundo numa competição mundial pode contribuir para uma maior aposta no futebol de praia por parte das confederações. Como é que a FIFA e a Beach Soccer World Wide podem esperar que a diminuição da frequência do evento mais importante da modalidade dê uma maior projecção ao futebol de praia em continentes onde as associações desportivas se estão literalmente a borrifar para o assunto?

Segundo os defensores desta teoria, o maior espaçamento da competições dará mais tempo às confederações locais para desenvolverem a modalidade nos vários países e criarem verdadeiros campeonatos continentais, separados dos torneios de apuramento, sob a vigilância da Beach Soccer World Wide, mas tomando, elas próprias, a iniciativa. Assim, passariam a existir torneios anuais de futebol de praia nos vários continentes para apurar os respectivos campeões regionais, independentemente da qualificação para o mundial, tal como acontece com as antigas Liga Europeia e Taça da Europa, no velho continente, e a Copa Latina (agora transformada em Copa América Latina), na América do Sul.

Tornar os mundiais bianuais não resolve o problema porque…

A refutação deste argumento é simples e muito directa: dado que o entrave ao desenvolvimento do futebol de praia é a inércia das confederações e a falta de vontade para investir numa modalidade diferente, ao prolongarmos o intervalo entre duas edições do campeonato do mundo estamos apenas a alimentar essa preguiça em vez de a combatermos. Estaremos a permitir que as competições continentais, continuando resumidas aos torneios de qualificação para o mundial, passem a ter lugar uma vez em cada dois anos, e não anualmente, como se pretenderia que acontecesse.

Um outro facto vem confirmar aquilo que eu estou a defender: as competições de apuramento em todo o mundo para o mundial 2011, segundo sei, estão previstas para 2010 e não para o próximo ano. Isto significa que, na prática, este ano vai ser exactamente igual aos anteriores, com a única diferença de que não haverá campeonato do mundo, e as confederações, perfeitamente tranquilas por saberem que a organização dos eventos está assegurada pela Beach Soccer World Wide e pela FIFA, não vão tomar nenhuma atitude empreendedora. Para além disso, não haverá um verdadeiro confronto entre as selecções de diferentes continentes, que permita uma troca de impressões profícua, tendo em vista um crescimento conjunto das equipas na modalidade e o enriquecimento do próprio futebol de praia.

Em 2011, aproveitando o entusiasmo geral motivado pelas enormes expectativas em relação ao mundial (finalmente!), não estarão, decerto, muito preocupadas com a organização de torneios continentais, pois todas as equipas já estarão apuradas e, a curto prazo, não vai haver necessidade de tal competição. E assim, as selecções que não se apurarem para o mundial vão mergulhar numa grande estagnação, perdendo o comboio do futebol de praia, voltando a agravar o fosso entre as grandes equipas e os underdogs que tinha vindo a ser atenuado nos últimos anos. Fundamentalmente, esta mudança representa um grave retrocesso na História do futebol de praia.

Limitações monetárias: o verdadeiro entrave

Claro que a FIFA e a BSWW têm perfeito conhecimento de tudo aquilo que eu digo anteriormente. No meu ponto de vista, a razão que motivou esta súbita alteração das normas do futebol de praia foi a questão financeira.

O mundial de futebol de praia era a única competição anual da FIFA, exceptuando o mundial de clubes, absolutamente imprescindível no panorama actual do futebol de 11. Em 2009, a competição foi realizada, como já referi, no Dubai, o mais rico e luxuoso dos 7 emirados (apesar da crise recente), onde tudo tem um preço colossal e apenas os mais abençoados pelo dinheiro podem passar o seu tempo. Não é difícil imaginar as fortunas que a FIFA teve de gastar para pagar o alojamento, refeições e transporte dos atletas e equipas técnicas das 16 selecções participantes, bem como os árbitros. O evento foi disputado em dois estádios, sendo o principal uma verdadeira caixinha de surpresas, que, certamente, não foram nada baratas e podem ser descobertas aqui.

Decerto nada satisfeitos com os encargos financeiros do futebol de praia, que, apesar de insignificantes quando comparados com as despesas descomunais envolvidas no futebol de 11, não se aceitam porque “o futebol de praia é uma modalidade menor”. Assim se justifica esta triste resolução do maior órgão de controlo do futebol a nível global, que eu admiro e respeito, mas cuja atitude em relação à periodicidade do campeonato do mundo de futebol de praia considero deplorável e susceptível de uma revisão detalhada (que já não vai acontecer).

A minha reacção

Enfim, que fazer? Como fã incondicional do futebol de praia fico desiludido com a perspectiva de só assistir a um mundial de futebol de praia de dois em dois anos, e mantenho-me firme na minha crítica à decisão. Porém, com maior ou menos periodicidade, todas as competições continuarão a ser disputadas e eu terei sempre a oportunidade de acompanhar o meu desporto favorito. Uma vez que as regras mudaram, é com elas que temos de jogar, e a minha paixão pelo futebol de praia não vai diminuir em nada por esta alteração (obviamente que não!). Assim, resta-me continuar na linha em que me encontro, seguindo atentamente a modalidade e aguardando, ansiosamente, mas com paciência, as próximas epopeias, o despontar de novos raios de luz.

E, nestes próximos dois anos, um raio será mais intenso do que os restantes, separar-se-á do feixe luminoso em que se encontra e voará mais alto, rumo à glória divina, imortalizando o nome, materializando o sonho. Esse raio é Portugal…