Madjer: Um Grande Português
Todos os dias são especiais. Cada sequência de 24h acarreta uma série de alterações nas sociedades humanas. Entre medidas legislativas, decisões jurídicas, contratos empresariais, descobertas científicas, obras literárias, exposições artísticas, conferências universitárias, espectáculos musicais, eventos desportivos e muitas outras coisas, são tantos os acontecimentos que marcam o mundo num espaço de tempo tão curto como o período de rotação da Terra!
Hoje, porém, há qualquer coisa que o torna mais especial do que os outros. O mítico número 7 da selecção nacional de futebol de praia, João Victor Saraiva, conhecido em todo o mundo desportivo como Madjer, completa 33 anos de existência.
Esta data, 22 de Janeiro de 2010, merece, pois, ser recordada no futuro, assim como o desportista e a pessoa cujo aniversário é hoje celebrado. E com esse objectivo nobre escrevo este post de homenagem ao maior jogador de futebol de praia de todos os tempos, que continua a dar alegrias ao povo português e a erguer cada vez mais alto o nome e as cores nacionais!
Síntese biográfica
João Victor Saraiva nasceu no dia 22 de Janeiro de 1977, na cidade de Luanda, em Angola. Com a tenra idade de 5 meses viajou para Portugal, onde cresceu e se começou a afirmar no mundo do desporto. Desde cedo apaixonado pelo futebol, sportinguista exemplar, João Victor Saraiva representou o Grupo Desportivo Estoril-Praia nas camadas jovens. Foi nesse contexto que lhe foi atribuída a alcunha pela qual ainda é conhecido actualmente: Madjer. Os seus colegas de equipa terão achado algumas semelhanças físicas com o futebolista argelino do Futebol Clube do Porto Rabat Madjer que, somadas à arte futebolística de João Victor Saraiva, lhe acabou por valer o simbólico cognome de sonoridade árabe.
No entanto, a sua carreira promissora foi abalada por um rude golpe, quando Madjer foi sofreu um acidente de mota, aos 17 anos. As lesões provenientes do choque afastaram-no dos relvados durante quase dois anos, provocando uma longa ausência que se revelou muito prejudicial para o seu desenvolvimento como atleta. Mesmo vendo o seu sonho futebolístico mais longe, Madjer nunca desistiu, continuando a trabalhar para recuperar a forma física e progredir nas várias vertentes do jogo.
Felizmente, como o poeta romano Virgílio referiu sublimemente na sua epopeia Eneida, “A sorte protege os audazes” e foi exactamente isso que sucedeu com Madjer. Em 1998, quando o cargo de treinador da selecção nacional de futebol de praia era ocupado pelo célebre antigo futebolista João Barnabé, Madjer participou num torneio amador da modalidade. O seleccionador português, apercebendo-se das excelentes qualidades evidenciadas pelo jovem, convidou-o imediatamente para integrar os trabalhos da equipa nacional. Madjer, decerto surpreendido e radiante, aceitou imediatamente.
No seu jogo de estreia pela equipa das quinas, frente à selecção chilena, Madjer brilhou, marcou 2 golos e ajudou Portugal a alcançar uma vitória importante. Mas era apenas o início de uma história interminável de triunfos e glórias. E assim a selecção nacional acabava de ganhar um grande jogador, uma certeza para o futuro, a garantia de muitas conquistas lusitanas e soberbos momentos de futebol de praia!
Magia Eficaz no Futebol de Praia
O Madjer é um jogador de futebol de praia magnífico. Qualquer pessoa que goste da modalidade percebe naturalmente que a sua presença entre os melhores atletas do mundo nas areias é inevitável. Jogador extremamente completo, muito experiente, com uma técnica bem acima da média e índices físicos muito elevados, o número 7 português é motivo de grandes dores de cabeça para os adversários.
Madjer: a determinação no olhar
O mais impressionante no Madjer é o remate: uma mistura explosiva de potência, velocidade, intencionalidade, determinação, criatividade e estilo. Quer seja num livre directo, num pontapé de saída, na finalização de uma jogada colectiva ou num espectacular remate acrobático, os remates do Madjer são um fenómeno do desporto. Não admira que os seus golos sejam frequentemente utilizados em pequenos filmes de promoção da modalidade. Que classe!
Mas este jogador excepcional apresenta muitas outras qualidades. A sua afinidade com a esfera de 400 g utilizada no futebol de praia é simplesmente espectacular. Por diversas vezes assisti aos treinos da selecção nacional e tive oportunidade de testemunhar o seu toque de bola formidável. O Madjer consegue dominar a bola na perfeição e realizar todo o tipo de movimentos com ela, o que lhe permite uma fácil integração em qualquer esquema táctico utilizado pelo seu treinador.
O Madjer não é um jogador que brinque em serviço, pois encara os desafios com grande sentido de responsabilidade e seriedade. O seu modo de actuar é frio e cautelista, preferindo os remates fortes de longa distância às fintas ludibriosas. Isto não significa que não tente de vez em quando um toque em habilidade ou um pontapé de bicicleta, mas fá-lo porque sabe que domina aquele gesto técnico e acredita que poderá ajudar a equipa assim. Assim, por vezes, nos torneios oficiais, quando existe a possibilidade de embelezar o jogo com um pormenor mais apelativo, conseguindo extrair daí benefícios para o colectivo, o Madjer não hesita e consegue vários golos de belo efeito.
O grande poder do Madjer reside igualmente no perfeito entendimento com os seus colegas de equipa. Excelente companheiro dentro e fora do campo, a sua natureza humilde e afável confere-lhe uma capacidade de fazer amigos com grande facilidade, o que se torna evidente pela magnífica cooperação entre o Madjer e os seus colegas de equipa nas partidas. As grandes jogadas de equipa, ilustrativas do clima de união que se vive na selecção nacional, passam muitas vezes pelo Madjer, que trabalha em uníssono com craques como Alan, Belchior, Zé Maria e Torres.
Madjer festeja com os colegas de equipa
Dado o seu posicionamento e movimentações tácticas, em grande parte das vezes, acaba por ser ele a finalizar, mas se a melhor opção for um passe para um colega de equipa em melhor situação, o Madjer não hesita em fazer o passe, mesmo que esteja na luta dos melhores marcadores. E quando recebe algum prémio individual, distinguido como o melhor marcador ou considerado melhor jogador (o que acontece em quase todas as competições), o Madjer agradece em nome de toda a equipa e faz questão de referir que aquele troféu não é seu, mas da selecção nacional portuguesa.
Esta mesma postura humilde, consciente e responsável do número 7 português é sem dúvida uma das suas características mais importantes como atleta. A união e harmonia que consegue comunicar aos seus colegas de grupo, o respeito pelos adversários e pela equipa de arbitragem, o seu jogo limpo e elegante, sem faltas e recheado de momentos espectaculares, faz do Madjer um atleta fora de série, com imenso fair-play e um trabalho exemplar na promoção da modalidade.
Grandes Momentos
Sei que o maior momento da carreira desportiva do Madjer foi em 2001, quando ajudou Portugal a conquistar o Campeonato do Mundo de Futebol de Praia na Costa do Sauípe. Numa competição em que o antigo capitão Hernâni e o também inigualável Alan foram galardoados, respectivamente, com os prémios de melhor jogador e melhor marcador, respectivamente. No entanto, eu ainda não acompanhava o futebol de praia nessa altura e por isso não tenho estas memórias. É pena.
No entanto, felizmente tornei-me um adepto fervoroso do futebol de praia em 2003 e em 2006 comecei a seguir todas as competições internacionais de forma regular. Assim, conservo muitas recordações extraordinárias das façanhas do Madjer ao serviço das selecção lusitana.
Já nos torneios da Liga Europeia e do Mundialito de 2003 e 2004 eu tinha ficado com uma excelente ideia do Madjer. Naquela altura, para mim, Madjer, Alan e Belchior eram os grandes craques da selecção nacional, os que marcavam mais golos! Foi em 2005, porém, que eu me apercebi de que o Madjer tinha qualquer coisa de especial, qualquer componente que o distinguia dos colegas. Não que fosse melhor, pois não era na verdade, mas além de ser o principal goleador, tinha uma arte fantástica que iluminava as mentes dos espectadores, proporcionando uma experiência metafísica fora do comum.
Fenomenal remate acrobático de Madjer (2006)
Em 2006, no Campeonato do Mundo FIFA em Copacabana, no qual Portugal obteve um amargo 4º lugar, o Madjer fez qualquer coisa de sobrehumano: sagrou-se goleador do torneio, com uma larga vantagem sobre os restantes adversários, ao apontar nada mais nada menos do que 21 tentos em apenas 6 jogos!!! Isto faz uma média de 3,5 golos por jogo, o que, mesmo em futebol de praia, é um número colossal! E o mais fantástico é a enorme diversidade de golos que podemos encontrar neste universo com 21 dimensões: remates acrobáticos, remates inesperados de qualquer parte do campo, livre directos cobradas de forma exímia, conclusões sublimes a magníficas jogadas colectivas… Enfim, uma descomunal colecção de golos igualmente descomunais!
2007: Ano Europeu
Em 2007, na Liga Europeia, uma prova emocionante conquistada por Portugal, o Madjer voltou a protagonizar uma série de exibições fantásticas, com muitos golos e magia em abundância. Mas no Mundial as coisas não correram tão bem. Com o esbatimento das diferenças entre selecções tradicionalmente fortes e equipas teoricamente mais fracas, o grupo de Portugal revelou-se bastante complicado e a selecção nacional precisava de Madjer no seu melhor. Infelizmente, o número 7 entrou mal no torneio e demorou tempo a encontrar o seu próprio jogo. Isto valeu a Portugal algumas dificuldades na passagem à segunda fase e um indesejável confronto com o Brasil nos quartos-de-final.
Foi um grande jogo de futebol de praia! O Madjer finalmente esteve ao seu melhor nível e marcou uma mão cheia de golos, nunca desistindo e acreditando sempre que era possível alcançar a vitória. O resultado, porém, acabou por ser desfavorável a Portugal, que se deixou afundar nos instantes finais da partida e cometeu vários erros defensivos: 10-7. Uma derrota muito difícil de digerir, sobretudo depois da brilhante exibição de Madjer, que encontrara energia nos cantos mais profundos do seu ser para fazer face às adversidades, que o acabaram por vencer. No final, Madjer, com amor ao seu país, chorava a derrota inglória, prostrado nas areias escaldantes de Copacabana… Um herói!
Madjer desolado após a derrota com o Brasil (2007)
2008: Epopeia em Portimão
Em 2008, novas emoções e grandes duelos em areias europeias. O Mundial em Marselha foi uma competição estupenda, quer em termos de organização quer em relação à excelente prestação da equipa portuguesa. O 3º lugar que a equipa das quinas logrou alcançar soube a pouco numa competição em que Portugal se apresentou a um nível altíssimo. A selecção nacional esteve muito perto de eliminar o Brasil, nas meias-finais, num jogo que acabou por perder 5-4 com um golo Canarinho nos últimos 5 minutos. Pouca sorte, em mais um torneio com Bota de Ouro (prémio do melhor marcador) para o Madjer, que apontou 13 golos.
O Mundial 2008 acabou no Domingo 27 de Julho, com a vitória brasileira e um terceiro lugar lusitano (Portugal derrotou a congénere espanhola por 5-4 com um hattrick de Madjer). Na semana seguinte, no primeiro dia de Agosto, começava o Mundialito de Futebol de Praia desse mesmo ano, com o eterno rival Brasil e as convidadas França e Argentina. Após as já esperadas vitórias dos países lusófonos contra as duas equipas de nível inferior, Portugal e Brasil decidiram o título no último jogo. E, num confronto de dificuldade extrema, em que Portugal enfrentou mil tormentos rumo à vitória final, a força interior de Madjer, aliada à sua técnica fabul0sa e à excelente cooperação com os companheiros de equipa, fez a diferença e deu a vitória a Portugal.
Madjer remata para o golo do empate após passe de Belchior
A selecção esteve a perder por 2-0 em pleno segundo período, mas conseguiu anular a desvantagem no marcador com dois golos fenomenais de Madjer. Já no terceiro período, quando o jogo caminhava para o fim, empatado a 3 bolas, e o Brasil resistia corajosamente às investidas do ataque português, um livre divinal de Madjer deu a vantagem tão procurada pela nossa selecção! E finalmente, quando a areia traiu o guarda-redes lusitano Paulo Graça na cobrança de um livre directo por Buru, restabelecendo a igualdade no marcador, Madjer, num esforço sobrehumano, procurando forças onde elas já não podiam existir, conseguiu encontrar a coragem e o ânimo suficientes para contrariar os caprichos da bola, remetendo-a para o seu lugar natural, onde deveria ter chegado mais cedo: a baliza Canarinha.
E assim, através de um pontapé de saída absolutamente espectacular, por meio de um gesto técnico inigualável e misterioso, que conferiu à bola uma velocidade alucinante, Madjer, revelando a sua natureza sobrehumana, deu a vitória tão ambicionada às hostes lusitanas!
2009: Sensações controversas
No ano passado, em 2009, a Taça da Europa de Futebol de Praia, disputada em finais de Maio, no Circo Máximo, em Roma, foi outro exemplo do extraordinário poder de Madjer. Em apenas 3 jogos, Madjer marcou por 10 vezes. Foi pena que Portugal não tivesse conseguido ganhar o torneio, mas a sorte não foi portuguesa no dia da meia-final frente aos vizinhos ibéricos, numa partida em que Madjer apontou 4 golos, e Portugal acabou por se classificar no 3º posto.
O Verão voltou a trazer a magia do futebol de praia espectáculo a Portimão. Desta feita, o Mundialito contava com as selecções da Espanha e dos Emirados Árabes Unidos, além dos habituais Portugal e Brasil. A selecção nacional manteve um nível muito elevado e entrou da melhor forma na competição, derrotando a equipa árabe na jornada inaugural. Infelizmente, por questões do foro aleatório, Portugal acabaria por perder diante da abominável Espanha, cuja estratégia defensiva e oportunista roubou 3 pontos que pertenciam a Portugal por direito e complicou as contas do seleccionador nacional José Miguel. Com os resultados verificados, a turma lusa precisava de derrotar o Brasil por mais de 2 golos ou justamente por uma vantagem de 2 tentos, no caso de marcar 4 golos ou mais.
Primeiro golo de Portugal: Madjer!
Como é que se motiva uma equipa para um jogo desta natureza? Não sei. Mas os jogadores portugueses estavam confiantes e decididos. Nada os faria alterar o seu propósito. E nem o fortuito golo brasileiro marcado na primeira parte fez abalar as esperanças lusitanas. Era preciso marcar 4 golos? E daí? Fossem 5, 6 ou mesmo 7 os golos necessários, a equipa das quinas não se teria rendido e continuaria a lutar pela conquista do troféu. No segundo período, Madjer, numa acrobacia original, empatou o jogo, num golo belíssimo ao qual se seguiram inúmeras ocasiões de golo para Portugal. A bola não entrava? Paciência! Ninguém ia desistir e todos permaneciam crentes no sucesso da selecção. Madjer, de quem a sorte parecia fazer troça, era dos mais determinados a vencer.
O terceiro período continuou com a hegemonia portuguesa que se verificara no segundo e, aproveitando a expulsão do brasileiro Betinho, Portugal fez dois grandes golos, por Alan e Torres, que tornavam o sonho mais próximo e davam um novo alento a todos os adeptos. Já em igualdade numérica, o Brasil parecia desorientado com o imenso poderio lusitano e numa brilhante jogada de entendimento entre Zé Maria e Alan, Portugal marcou o quarto e alcançou o título em termos virtuais! Todavia, ainda havia muito tempo para jogar a o Brasil reagiu, com um golo de Benjamim na sequência de um canto e um golo em falta de Fred (o árbitro nada assinalou).
O resultado de 4-3 entregava ao Brasil o título do Mundialito! Foi então que Madjer, com a mesma sede de vitória e a mesma vontade que mostrara naquele mesmo campo 371 dias antes, disferindo um fortíssimo pontapé na colorida esfera, colocou a bola no interior da baliza defendida por Mão, após o pontapé de saída, e recuperou o triunfo para Portugal. Ainda houve tempo para dois golos a cada equipa, com um grande livre directo de Alan, seguido de um golo de consolação de Sidney, mas a vitória não fugiria a Portugal, mais uma vez graças à determinação de Madjer. Que jogador!
Meses mais tarde, no Mundial do Dubai, Portugal seria derrotado pelo Brasil nas meias-finais, num jogo que correu muito mal e culminou no fim das esperanças portuguesas. Madjer não marcou frente ao rival lusófono e terminou o jogo com um total de 6 golos na competição (uma marca abaixo daquilo que fizera em edições anteriores). Poder-se-ia pensar que o torneio não teria corrido tão bem a Portugal e a Madjer como seria de esperar. Mas o jogo de atribuição dos 3º e 4º lugares foi completamente diferente. Ninguém imaginava o que iria acontecer!
Madjer marca o seu sétimo golo frente ao Uruguai e quebra mais um record: "The number seven scores seven!"
E a verdade é que não só Portugal ganhou de forma convincente, garantindo um lugar no pódio e mostrando ao mundo que o futebol de praia português continua entre os melhores do mundo, como também se escreveu uma nova página na História do futebol de praia, quando Madjer apontou o seu 7º golo na partida, batendo o record do número de golos marcados no mesmo jogo num campeonato do mundo, que anteriormente pertencia a… Madjer (marcara 6 vezes frente aos Camarões em 2006)! Num jogo com o atractivo resultado de 14-7 , Madjer esteve no seu melhor e marcou golos muito variados, quase sempre em jogadas de grande recorte técnico e comunicação telepática com os companheiros de equipa. Assombroso!
Futuro
Diante de nós estende-se agora um longo ano de futebol de praia, que, pela primeira vez, não vai incluir um Campeonato do Mundo, mas continuará a englobar as competições europeias por excelência (Liga Europeia e Taça da Europa), bem como o tradicional Mundialito de Futebol de Praia e o fundamental torneio de qualificação para o Mundial 2011.
Quais serão então os projectos para 2010? A nível colectivo, o apuramento para o Mundial é, sem dúvida, uma prioridade nos planos para o novo ano. Para além disso, espero que Portugal consiga recuperar a Liga Europeia que perdeu o ano passado para a Rússia, e, se possível, a Taça da Europa. Revalidar o título no Mundialito frente ao Brasil será também um objectivo importante para a selecção nacional portuguesa. Afinal, trata-se da mais importante competição do próximo ano que porá em confronto estes dois titãs do futebol de praia. Boa sorte! Vamos conseguir!
Madjer recebe a Bota de Ouro em 2008
A nível individual, sei que o Madjer não tem quaisquer ambições, pois pensa sempre primeiro na equipa e nunca se chega a interessar realmente pelos prémios de reconhecimento individual. Em todo o caso, todos sabemos perfeitamente que o Madjer conquistará várias distinções no decorrer desta temporada, como melhor marcador, melhor jogador e, talvez, o prémio fair-play (uma distinção muito valiosa que o Madjer já recebeu no passado).
Ao Madjer
Madjer, queria dizer-te em poucas palavras que te considero um verdadeiro exemplo a seguir, não só como desportista, mas a todos os níveis. A tua postura ensina os vencedores a vencer. Como sabes, sou um grande adepto do futebol de praia em geral e da selecção nacional em particular. Procuro assistir aos vossos treinos, sigo todas as competições com entusiasmo e vibro com os vossos golos num êxtase maravilhoso. A tua arte dentro de campo cria em mim um fascínio e uma admiração únicos que me motivam para a vida e me ajudam a encarar o dia de amanhã. Acho que tenho aprendido muito contigo, desde os fantásticos pontapés de bicicleta (dos quais tento fazer tímidas imitações) a estas questões mais profundas acerca da natureza do ser humano e da forma de estar na vida e lutar por um objectivo. Obrigado, Madjer.
Eis de repente o Madjer, que aparece
E marca em pontapé de bicicleta!
Momento de magia! Não se esquece!
A glória para este magnífico atleta!
André Calado Coroado.