Saudades de Sousa… Torres… Zé Maria…

Nem sempre as coisas correm como nós gostaríamos. A vida está cheia de problemas e contrariedades que alteram o curso normal dos acontecimentos. Deixamos de ter controlo sobre as coisas, há factores exteriores que se sobrepõem aos nossos desejos, não temos condições para alcançar aquilo que desejaríamos e acabamos por ter de renunciar a projectos e sonhos que tínhamos vindo a alimentar desde tenra idade.

Tal é a situação do Pedro Sousa, do Bruno Torres e do José  Maria Fonseca, jogadores da selecção portuguesa de futebol de praia que, recentemente, tiveram de renunciar ao prazer de representar a nação nas renhidas batalhas travadas nas vastas areias do planeta.

Convidados a integrar os trabalhos da equipa orientada pelo grande José Miguel Mateus (Zé Miguel) em 2008, os três atletas demonstraram uma espectacular evolução ao longo do seu ano de estreia, assumindo-se como três das principais figuras da selecção no ano de 2009.  Em 2010, era esperada a permanência do Sousa, do Torres e do Zé Maria na selecção nacional, rumo à conquista de muitos títulos ao longo da temporada de Verão, sendo que até já tinham disputado a primeira competição do ano, a Spring Cup Viseu 2010. No entanto, as condições oferecidas pela federação portuguesa de futebol aos três jogadores não estava de acordo com as necessidades dos três jogadores, que acabaram por se ver obrigados a abandonar a selecção nacional, contra as suas ambições, por força da necessidade.

Inexistência de condições adequadas

A verdadeira causa desta saída precoce dos três jovens talentos da nossa selecção é bem conhecida do público em geral, ou, pelo menos, facilmente inferível: a reduzida preocupação da fpf com o desenvolvimento da modalidade do futebol de praia em Portugal, que se reflecte na inexistência de uma estrutura organizativa que assegure as necessidades financeiras dos atletas e transforme o futebol de praia numa modalidade profissional. Não precisamos de andar muito bem informados para saber que a fpf gasta quantias exorbitantes de dinheiro com pormenores fúteis da indústria do futebol, referentes aos escalões superiores masculinos, que em pouco ou nada melhoram a qualidade do espectáculo, enquanto as outras modalidades, no caso o futebol de praia, são desprezadas.

As verbas disponibilizadas pela fpf para o futebol de praia não satisfazem, de modo algum, os requisitos da modalidade, dada a inexistência de uma liga nacional competitiva, disputada durante uma parte significativa do ano, com clubes interessados dispostos a colaborar na remuneração dos jogadores. Enquanto estas condições não se verificarem, o panorama lusitano do futebol de praia permanecerá desfavorável, uma vez que o reconhecimento da federação se revela claramente insuficiente para sustentar as necessidades monetárias dos atletas, o que se entende se tivermos em conta que a representação do país se prende com uma questão de orgulho patriótico, e não com um desejo de vir a receber uma recompensa financeira.

Tenho sido confrontado com esta situação desde o momento em que me comecei a informar melhor acerca da realidade do futebol de praia em Portugal, mas cada vez percebo melhor as verdadeiras origens do problema e os seus efeitos práticos. Estas questões são constantemente objecto das minhas conversas com os responsáveis técnicos da selecção nacional, o treinador José Miguel Mateus e o Dr. João Morais (coordenador do futebol de praia da fpf), tendo também servido de tema a uma conversa que tive com o próprio Sousa, no dia 17 de Maio de 2009 (há precisamente 1 ano!), em que o número 5 português me expôs muito claramente a realidade nua e crua.

Modalidade amadora: necessidade de outros empregos

Como quaisquer outros cidadãos, os jogadores da selecção nacional de futebol de praia precisam de um emprego seguro que lhes confira uma certa estabilidade financeira, de forma a garantir uma boa qualidade de vida. Sendo o futebol de praia insuficiente para a maior parte dos jogadores, eles são forçados a procurar outros trabalhos, fazendo uso das suas abilitações literárias, das suas capacidades físicas e atléticas e das suas qualidades em outras áreas para alcançarem um nível de vida adequado.

Mesmo os jogadores mais conceituados, como o Madjer, o Alan ou o Belchior, são levados a procurar outras actividades além do futebol de praia, nomeadamente a integração em equipas de futsal e futebol de 11, por vezes não tanto pela vertente financeira da questão, mas mais até pela necessidade de manterem o ritmo competitivo ao longo dos meses. De resto, estes jogadores são geralmente convidados para integrar equipas de futebol de praia em competições brasileiras, o que de resto terá as suas vantagens económicas, além de representarem clubes italianos durante o Verão, onde acabam por ser relativamente bem pagos.

No entanto, os outros jogadores não têm essa sorte. E, mesmo no caso do Sousa, do Torres e do Zé Maria, que foram contratados por uma equipa italiana (Coil Lignano Sabbiadoro) pela qual jogaram em 2009, os rendimentos provenientes dessa experiência em areias transalpinas não eram suficientes para permitir o sustento monetário dos atletas. Isto significa que os três jogadores foram mesmo constrangidos a procurar outros empregos e fontes financeiras além do desporto da sua alma. Ora acontece que as carreiras profissionais absorviam grande parte do seu tempo, sendo que a conjugação entre a vida pessoal, o emprego, projectos pessoais e a paixão do futebol de praia era muito complicada e exigia grandes sacrifícios por parte dos atletas, que certamente se terão sujeitado a grandes esforços para poderem conciliar as várias vertentes da sua vida, em 2009.

2010: desafios na nova temporada

Em 2010, contemplando a articulação da sua vida profissional muito preenchida com o programa de treinos e outras condições proporcionadas pela selecção nacional, os três jogadores chegaram a uma conclusão triste, admitindo que não lhes seria possível continuar ao serviço da equipa das quinas. Uma decisão difícil de tomar, numa escolha consciente e ponderada que certamente terá sido a mais correcta, dado que só eles são capazes da perceber os seus limites enquanto seres humanos e avaliar as possibilidades existentes. Assim, por mais complicado que seja, eu e todos os adeptos de futebol de praia portugueses e mundiais devemos aceitar e respeitar esta resolução dos nossos grandes atletas, que tanto ajudaram a nossa selecção e que talvez um dia possam regressar à equipa de todos nós.

Vou ter saudades, admito. Mas não esquecerei as prestações tão positivas destes três jogadores na selecção nacional, ao longo destes últimos dois anos, pródigos em grandes conquistas e grandes jogos da equipa portuguesa. Sousa, Torres, Zé Maria, foi tanta a alegria que trouxeram ao futebol de praia português!

Para terminar quero dizer que tenho confiança na selecção nacional de futebol de praia e acho que vai conseguir superar lindamente estas adversidades rumo à conquista de grandes troféus no decurso da presente temporada. Tais glórias serão também os feitos destes três grandes atletas, Sousa, Torres e Zé Maria, que, não estando presentes fisicamente dentro de campo, serão sempre um exemplo de força, garra e determinação para os seus colegas lusitanos, acabando por participar sempre nas vitórias da nossa selecção. Força, Portugal! Vamos ganhar pelo Sousa, o Torres e o Zé Maria!

Sousa,

Torres,

Zé Maria,

Um grande abraço para os três,

Votos de felicidades em tudo na vida,

Obrigado por tudo o que fizeram pelo futebol de praia português!

Spring Cup Viseu 2010: Arbitragem do Portugal vs Suíça e do torneio

Penso que, no último post, deixei bem clara a minha forma positiva de encarar a derrota, valorizando a atitude exemplar da selecção nacional e o mérito da equipa suíça, explicando a derrota portuguesa com base na menor eficácia dos jogadores lusos e no azar que perseguiu sobre os pupilos de José Miguel Mateus. No entanto, a aptidão dos suíços para marcar em momentos cruciais e a infelicidade dos avançados de Portugal não são os únicos factores a ter em conta, considerando alguns acontecimentos estranhos que ocorreram durante o jogo. Como se justifica que, após o golo de Stankovic, quando a selecção nacional procurava corajosamente o empate, o árbitro tenha prejudicado sistematicamente a equipa portuguesa, com várias decisões erradas consecutivas? Passarei a clarificar cada situação.

Portugal 3 – 4 Suíça: Casos do jogo

Praticamente na primeira jogada de perigo para a baliza de Nico depois do quarto golo dos helvéticos, o número 8 suíço, Moritz Jaeggy, cometeu mão no interior da sua área defensiva. A grande penalidade era clara, mas os árbitros nada assinalaram, deixando os jogadores portugueses e o banco de suplentes a protestar, obviamente indignados. Logo a seguir, quando Belchior explorava os raros espaços concedidos pela defensiva suíça, foi indiscutivelmente carregado em falta por Schirinzi, sem que a equipa de arbitragem tivesse tomado qualquer atitude. Da falta evidente resultaria um livre perigosíssimo para a baliza de Nico, ligeiramente descaído para a esquerda, bem ao jeito de Belchior. Numa das jogadas seguintes, o número 10 de Portugal tornou a ser travado em falta, mais ou menos no mesmo local da situação anterior, num lance que não deveria trazer dúvidas ao mais inexperiente dos árbitros, mas que não foi sancionado pelos juízes da partida. Muito curioso…

Estes três episódios foram praticamente seguidos, o que me leva a questionar a isenção dos árbitros daquela partida. Peço desculpa por estas teorias da conspiração, mas penso que os adeptos de futebol de praia mais atentos à modalidade terão consciência da tendência natural dos juízes para prejudicar Portugal nas suas decisões. Basta recordar algumas situações bastante caricatas nos últimos mundiais, sobretudo o de 2008, no qual, utilizando uma expressão popular, “fomos roubados à força toda”.

A arbitragem na competição: uma curiosa sucessão de erros

Neste contexto, julgo que esta questão pode ser pertinente, sobretudo se analisarmos a actuação da arbitragem no resto do torneio. Começando pelo próprio Portugal vs Suíça, gostaria de recordar outra grande penalidade não assinalada, resultante de uma falta sobre Belchior, ainda no 1º período.

Recuando um dia no tempo, somos confrontados com outras duas situações curiosas no jogo entre a selecção nacional e os russos: a primeira foi uma grande penalidade que escapou aos árbitros da partida, por falta sobre Durval, nos 12 minutos iniciais; a segunda consistiu na expulsão do mesmo jogador, já no terceiro período de jogo, quando o jovem número 8 português travou em falta a corrida de Aksenov, ainda fora da área defensiva de Portugal, sem qualquer intenção de agredir o jogador adversário, embora tenha dirigido a entrada às pernas do avançado russo. O cartão vermelho, apesar de aceitável, é muito discutível, obedecendo a um critério muito rígido que, na minha perspectiva, não esteve de acordo com a arbitragem no resto do encontro, nem tão pouco deve ser aplicado em torneios desta natureza.

Por fim, atingimos o primeiro dia da Spring Cup, com o jogo inaugural de Portugal diante da congénere britânica. Nenhuma situação a assinalar, à excepção da grande penalidade da qual a selecção inglesa dispôs, a um minuto do final do jogo, por alegada mão na bola de Torres, quando este tinha o braço junto ao corpo e o esférico simplesmente tocou na sua mão, num remate que até ia para fora. Este episódio, totalmente ridículo, que poderia ter feito Portugal sofrer um golo, não fosse a brilhante intervenção de Paulo Graça, vem criar uma certa dualidade de critérios, sendo que os lances passíveis de grande penalidade, como a mão de Mo, não são assinalados, enquanto que as situações legais do jogo, nomeadamente este contacto inofensivo da bola com a mão de Torres, dão origem a penaltis. Interessante…

Ainda no primeiro dia de jogos, recuando umas horas, somos confrontados com uma situação deveras estranha, relacionada com a forma como foi marcado o terceiro golo russo, ainda no 1º período. Recorde-se que o número 5 Krasheninikov, após uma boa iniciativa individual, simulou a falta na área da Suíça, como se tivesse sido derrubado por Nico Jung, e os árbitros, supostamente enganados pela teatralidade do lance, concederam grande penalidade e o avançado russo, moralizado, não falhou.

Conclusões: meras suspeitas de falta de isenção dos árbitros

Agora digam-me: haverá alguma razão para duvidar da legitimidade da arbitragem neste torneio? Pois claro que sim! Naturalmente que isto são apenas suspeitas, e não tenho provas para acusar os juízes dos jogos de tentativa de manipulação de resultados. No entanto, por detrás da excelente qualidade do futebol de praia apresentado pelas 4 selecções nacionais, que estão de parabéns pelo maravilhoso espectáculo que proporcionaram, esconde-se uma prestação vergonhosa da equipa de arbitragem. Se é verdade que alguns casos se podem explicar pela margem de erro humano, outras foram demasiado próximas e em número demasiado elevado para poderem ser atribuídas ao acaso.

Em termos gerais, podemos inferir uma possível tentativa de estragar os planos da selecção nacional, por quem os árbitros não morrem de amores, ou uma jogada no sentido de beneficiar a equipa russa, quer pelas ajudas concedidas nos jogos da equipa de leste, quer pelas injustiças que afectaram Portugal em outros jogos do torneio, servindo na perfeição as aspirações russas. Note-se, mais uma vez, que estou apenas a tentar perceber o que realmente aconteceu, na tentativa de descobrir a verdade acerca do assunto, sem querer ofender ninguém ou acusar os árbitros, pois não tenho quaisquer provas do que quer que seja. Além disso, as suspeitas referem-se apenas aos árbitros, e não aos responsáveis pela equipa russa, que eu respeito e admiro pela grande qualidade do seu futebol de praia.

Remate final: para que serve este post?

Em suma, este post destina-se apenas ao esclarecimento de todas as questões relacionadas com a arbitragem na Spring Cup Viseu 2010, em busca da verdade desportiva. Visto que não tinha dados suficientes para obter conclusões fiáveis, formulei as hipóteses que me pareciam mais plausíveis, reafirmando a sua natureza falível. Uma vez que as dúvidas persistem e a minha curiosidade é muita, deixo aberta a discussão do assunto com qualquer pessoa que tenha disputado a competição ou assistido ao evento.

De qualquer maneira, como nota final, queria realçar que este post não põe em causa o meu amor ao futebol de praia e o fascínio pela Spring Cup 2010. Antes pelo contrário, pretende demonstrar o quão indignado e triste me sinto por ver que a arbitragem não tem acompanhado o prodigioso crescimento da modalidade, poluindo as arenas de todo o mundo com as suas decisões erróneas, possivelmente facciosas. Apenas redigi este post separadamente dos restantes artigos sobre a Spring Cup porque o texto era demasiado longo e eu não queria estragar os textos anteriores, verdadeiros hinos ao futebol de praia, com estas considerações sobre um fenómeno tão deplorável como este.

Em todo o caso, devemos reter a ideia de que, como o Zé Miguel disse após o jogo com a Suíça, estas situações fazem parte do espectáculo e temos de saber viver com elas (não me lembro das palavras exactas, mas foi esta a mensagem sábia e experiente que o nosso seleccionador transmitiu).

Spring Cup Viseu 2010: Que pena! Suíça derrota Portugal e Rússia conquista título.

Ao contrário dos dias anteriores, hoje não foi nada fácil tomar a iniciativa de escrever este post sobre a Spring Cup. Na verdade, tenho muita pena de Portugal não ter vencido a competição, tudo por causa de uma derrota infeliz nesta tarde frente à Suíça, por 4-3. No entanto, vejo a redacção deste artigo como um dever, dada a minha paixão pela modalidade do futebol de praia e a grande admiração que tenho pela selecção nacional portuguesa.

Justamente, no jogo que encerrou o torneio indoor em Viseu, os jovens jogadores portugueses deram mais uma vez provas capitais das suas excelentes capacidades, encarando um desafio de grande dificuldade com muita concentração, determinação e vontade de vencer. São os maiores. Por isso me sentiria mal comigo mesmo se não escrevesse este post. E, à medida que as primeiras palavras vão saindo, dando forma às linhas inaugurais deste artigo, vou começando a sentir um enorme alívio por expressar aquilo que penso e sinto com o mundo, partilhando estas emoções de adepto dedicado e fervoroso.

Portugal vs Suíça: o jogo das decisões finais

Depois da vitória da selecção russa sobre a Inglaterra, que eu já previra anteriormente, o confronto entre lusitanos e helvéticos afigurava-se aos olhos dos espectadores como o jogo de todas as decisões, de importância fulcral para a definição da classificação final. Deste modo, em caso de vitória portuguesa, a selecção da casa venceria o troféu, deixando os russos na segunda posição e os suíços na terceira, mas na eventualidade de um triunfo suíço, a campeã seria a selecção de leste, surgindo a confederação helvética em segundo lugar e os lusos em terceiro. Estes cenários verificar-se-iam quer a partida fosse decidida em tempo regulamentar quer a decisão fosse adiada para prolongamento ou grandes penalidades.

Infelizmente, foi a segunda eventualidade que se verificou, com um jogo espectacular, de grande qualidade, no qual a Suíça acabou por emergir como a equipa vitoriosa. O resultado final, com 4 golos helvéticos contra 3 tentos de Portugal, espelhou esse equilíbrio que se fez sentir dentro de campo, numa partida em que o triunfo sorriu à selecção da Europa Central. As duas equipas estão de parabéns pelo seu bom desempenho e pela magnífica actuação com que brindaram o público viseense, exemplar no apoio aos jogadores da selecção nacional, com o Pavilhão Multiusos completamente preenchido, em lotação esgotada.

Os tentos suíços, todos de jogadores diferentes, foram apontados por Meier, Mo, Rodrigues e Stankovic, obtendo o seu oitavo golo na prova. Já Portugal marcou por intermédio do inevitável Belchior, que voltou a bisar, e o incansável Zé Maria, que conseguiu um golo merecido nesta Spring Cup. Portugal terminou o 1º período em vantagem, vencendo por 2-0, mas a Suíça empatou o jogo no 2º período, com dois golos em momentos cruciais. O 3º período trouxe mais emoção ao Pavilhão Multiusos, com Portugal a marcar primeiro, mas a Suíça a reagir com dois golos que lhe valeram a vitória na partida e o 2º lugar na classificação final do torneio.

1º período

Na necessidade de fazer face ao problema causado pela suspensão de Durval, que fora expulso no dia anterior frente aos russos, o seleccionador nacional José Miguel Mateus optou por utilizar o mesmo cinco inicial que jogara a titular nos jogos anteriores, substituindo o jogador castigado pelo número 13, Paulo Neves. Deste modo, Portugal alinhou com Paulo Graça, Sousa, Torres, Neves e Belchior, sendo necessária uma gestão inteligente das substituições para colmatar a ausência de Durval, o que exigiu um esforço adicional aos atletas lusos. Por seu turno, Angelo Schirinzi decidiu proceder a algumas alterações nos titulares em relação ao jogo inaugural diante da Rússia, trocando o guarda-redes Nico Jung pelo seu habitual substituto, Valentim Jaeggy, e o número 7, Sandro Spaccarotella, pelo jovem Michael Rodrigues. Os helvéticos entraram em campo com Vale, Spacca, Leu, Mo e Stankovic.

Se no jogo anterior, diante da Rússia, Portugal tinha apresentado algumas dificuldades no 1º período, desta vez a história da partida foi totalmente diferente, com a selecção nacional a conseguir o comando das operações muito cedo. Após os instantes iniciais da partida, durante os quais se verificou algum equilíbrio de parte a parte, Portugal conseguiu, gradualmente, tomar as rédeas do jogo, começando a criar perigo para a baliza helvética por meio de livres directos e uma ou outra jogada bem executada. Foi através de um livre de Belchior, cobrado no meio-campo russo, descaído para o lado esquerdo, que o número 10 de Portugal fez o primeiro golo da tarde, num remate muito bem direccionado. 1-0 para Portugal.

A Suíça raramente criava perigo, apesar da pressão alta que os jogadores suíços mais avançados no terreno colocavam nos portugueses. O remate de Rodrigues à barra da baliza de Paulo Graça, na sequência do pontapé de saída, foi, no entanto, uma excepção, na medida em que os defesas portugueses protegeram magnificamente as suas redes. Enquanto isso, Portugal ia tentando dilatar a vantagem, praticando uma boa circulação de bola e procurando criar ocasiões de golo, já com a segunda linha em campo. Foi quando Belchior entrou para o lugar do infatigável Torres que a equipa portuguesa chegou ao segundo golo: numa boa jogada de entendimento pela esquerda, entre o jovem capitão e José Maria, Belchior assistiu o colega que, rematando prontamente, introduziu a bola na baliza defendida por Vale. Portugal fazia assim o 2-0 no marcador.

Após este momento espectacular, a equipa portuguesa continuou em busca de novos golos, criando inúmeras situações para marcar. Belchior, Zé Maria, Torres, todos tentaram visar a baliza suíça, que se manteve impenetrável até ao fim do 1º período, para infelicidade dos nossos jogadores, que estavam a protagonizar uma exibição segura e destemida. A vantagem lusa por duas bolas a zero no final desta primeira etapa do jogo era perfeitamente merecida, e não teria sido injusto um resultado mais avolumado. Foi de facto formidável a prestação da selecção nacional, aproveitando uma entrada pouco fulgurante dos helvéticos.

2º período

No segundo período de jogo, as coisas não correram de feição à selecção nacional de futebol de praia, com a Suíça a entrar muito determinada e a conseguir um golo logo nos instantes iniciais. Stephan Meier, um histórico avançado helvético, aproveitou um passe pelo ar para executar um soberbo pontapé de bicicleta, com a bola a entrar na baliza de João Carlos Delgado mesmo junto ao poste. Um grande golo, no qual o guarda-redes português esteve totalmente isento de culpas, e só poderia ter sido evitado com uma marcação mais forte à estrela suíça.

A vantagem de Portugal era assim reduzida para a margem mínima, ficando o marcador em 2-1 a favor da selecção nacional. Este golo moralizou os suíços, que ganharam forças para lutar pelo empate, aproximando-se cada vez mais da baliza portuguesa e dispondo de algumas boas oportunidades. No entanto, graças ao acerto defensivo da nossa equipa e uma tarde concentrada de João Carlos, bem como alguma falta de eficácia dos suíços, permitiu a manutenção do resultado, numa fase do jogo em que Portugal se começou a soltar e a procurar um golo que devolvesse a vantagem de 2 golos.

Foi provavelmente a melhor altura do jogo, com ambas as equipas a praticarem o melhor futebol de praia ofensivo, com ocasiões para as duas equipas, oferecendo muito trabalho aos guarda-redes adversários e proporcionando um espectáculo fantástico ao publico presente. Todavia, a pouco e pouco, Portugal ia começando a dispor de mais oportunidades de golo, que não concretizou por manifesta falta de sorte e grandes actuações dos guarda-redes suíços, Valentim e Nico. A Suíça, que mantinha os índices de competitividade elevados, conferindo uma grande intensidade ao jogo, sem no entanto conseguir a construção de jogadas de perigo, apenas obtinha situações para marcar de bola parada, em livres muito longe da baliza, devido aos nervos dos jogadores portugueses. Felizmente, nenhum destes remates entrou na baliza de João Carlos, exímio na defesa dos poderosos chutos de Meier e companhia.

Apesar da hegemonia lusitana, o terceiro golo tardava em surgir, o que gerava uma grande intranquilidade nos jogadores da selecção nacional. A pouco e pouco, tal como o tinha conseguido, Portugal foi perdendo esse domínio de jogo, com as combinações no ataque a saírem com mais dificuldade e a equipa da Suíça a voltar a criar mais perigo para as redes de lusas. Deste modo, o equilíbrio era a nota dominante no final do 2º período, com ocasiões de golo para os dois lados, sem que as equipas tirassem proveito das mesmas. Por esta altura, quando tudo parecia indicar que Portugal iria para o 3º período em vantagem por um golo, após uma oportunidade desperdiçada por Belchior, um balde de água fria atingiu o Pavilhão Multiusos: o capitão suíço, Moritz Jaeggy, respondendo a um lançamento de Nico Jung, rematou de primeira, à meia volta, fazendo o empate, sem hipóteses para João Carlos.

Uma pequena falha da defensiva portuguesa custava assim a vantagem e o resultado no fim desta segunda etapa era 2-2. A suíça marcava num momento crucial do jogo e anulava o excelente resultado que os pupilos de Zé Miguel haviam trazido do 1º período. De realçar que, apesar do aumento do ritmos de jogo imposto pelos helvéticos, o 2º período foi globalmente equilibrado, incluindo períodos de maior domínio suíço, outros de hegemonia portuguesa e ainda outros em que as duas equipas se equivaleram. Com ambos os guarda-redes de ambas as selecções a serem chamados a intervir várias vezes, foi claramente o melhor período de jogo, no qual a eficácia acabou por ser determinante para que Portugal perdesse a preciosa vantagem.

3º período

Na entrada para o derradeiro segmento do jogo, o seleccionador nacional, desejando repor a vantagem no marcador, colocou em campo um cinco muito ofensivo, com Coimbra, Torres, Belchior e Zé Maria, regressando Paulo Graça à baliza portuguesa. Esta medida teve efeitos extremamente positivos, com Portugal a conseguir chegar ao terceiro golo imediatamente na primeira jogada de perigo: uma grande arrancada de José Maria, passando em velocidade por um defesa suíço, foi a chave para o sucesso deste ataque, com o número 9 português a alcançar a linha de baliza e a meter para Torres, que deixou a bola chegar até Belchior, e o capitão lusitano, com a força espiritual que lhe conhecemos, atirou a contar para o fundo das redes defendidas por Nico. Estava feito o segundo golos de Belchior no encontro, que devolvia a vantagem ao conjunto português, de forma claramente merecida: 3-2 favorável à selecção da casa.

As investidas ofensivas de Portugal não se ficaram por aqui, com o quarteto de jogadores de campo português a prodigalizar aos inúmeros adeptos presentes no recinto as mais belas jogadas de futebol de praia, que por infelicidade não resultaram em novos tentos. Foi pena, porque um golo marcado naquela altura colocaria Portugal numa situação privilegiada, sobretudo pelo impacto psicológico que poderia ter na equipa helvética. Porém, tal não aconteceu, apesar das corajosas tentativas de Torres, Belchior e Zé Maria.

A dado momento, o número 9 português, completamente exausto, teve de ser substituído, e foi exactamente nessa altura que a Suíça, até então perfeitamente inócua no ataque, marcou o seu terceiro golo e voltou a empatar a partida. Rodrigues, o mais jovem talento na equipa de Schirinzi, com sangue português nas veias, na sequência de um lançamento longo de Nico, aproveitou uma desatenção na defesa portuguesa e rematou exemplarmente para o fundo da baliza de Graça, num gesto técnico que demonstra bem as suas enormes aptidões. E assim, numa altura em que Portugal estava inequivocamente por cima do jogo, acabava por sofrer um novo golo do empate, que colocava o resultado em 3-3.

A reacção dos jogadores lusos ao golo suíço foi muito positiva, com a equipa a procurar um quarto golo, lutando contra o cansaço e a fadiga psicológica, apesar do impacto profundo que o golo de Rodrigues teve na selecção nacional. O jogo voltou a ser ligeiramente mais equilibrado, embora Portugal tenha pertencido no comando das operações, dispondo de mais situações de perigo. No entanto, a Suíça também ia criando as suas ocasiões, sendo que o golo poderia surgir para qualquer um dos lados. Infelizmente, a maior concentração dos jogadores suíços acabou por prevalecer sobre a vontade e garra lusitanas, com uma falha de marcação de Coimbra a possibilitar que Dejan Stankovic recebesse a bola numa zona muito propícia a uma boa finalização. O melhor jogador do último mundial, que ainda não marcara nesta tarde, teve a calma suficiente para superar a oposição de Paulo Graça e colocar, pela primeira e única vez no jogo, a sua equipa em vantagem: 4-3 no placar, Portugal em desvantagem.

A menos de 4 minutos do fim do jogo, era urgente conseguir um golo para evitar a derrota e manter vivas as esperanças de conquistar a Spring Cup. Zé Miguel, crente nas capacidades dos seus jogadores, colocou em campo os jogadores mais ofensivos, passando Sousa a colaborar com o trio Torres, Zé Maria e Belchior. Tudo tentaram os nossos atletas para repor a igualdade no marcador, num último esforço titânico, sacrificando tudo o que tinham e o que não tinham, como disse o seleccionador nacional após o jogo, pelo presente que tentaram oferecer ao incansável público viseense. Valorosos guerreiros lusitanos, que tudo fizeram para vencer esta batalha final, travada na cidade do seu chefe mítico, o grande Viriato.

Para grande pesar dos apoiantes da nossa selecção, que encheram as bancadas do Pavilhão Multiusos, e para grande tristeza minha, as tentativas destemidas dos nossos jogadores não foram bem sucedidas, com a vantagem suíça a prevalecer no marcador. A atitude dos atletas lusos, porém, foi louvável, como fiz questão de realçar, impondo uma grande intensidade de jogo e procurando o empate até ao fim, dispondo de inúmeras situações de golo, que não se materializaram pela boa prestação de Nico, o inevitável desgaste físico da nossa selecção e algum azar à mistura.

Naturalmente que tive muita pena de termos perdido, mas a elevada qualidade do futebol de praia apresentado pela selecção nacional neste jogo, numa exibição muito bem conseguida, e sobretudo a postura heróica dos atletas lusitanos, enche-me de orgulho na nossa equipa e deixa-me feliz por admirar e apoiar esta grande família. Como dizia Fernando Pessoa, Tudo vale a pena se a alma não é pequena.

Spring Cup Viseu 2010: Sublime! Portugal vence Rússia em penaltis!

Não caibo em mim de contente. Após uma série de três derrotas frente à selecção russa, no ano de 2009, Portugal voltou a vencer a congénere de leste, com uma exibição segura e personalizada, que acabou por culminar num triunfo em grandes penalidades.

O jogo terminou empatado a três bolas, sendo o equilíbrio e a qualidade das equipas as notas dominantes. Os golos portugueses foram apontados por Belchior, que bisou, e Durval, que marcou por uma ocasião, enquanto os tentos russos tiveram a assinatura de Eremeev, que inaugurou o marcador, e Aksenov, que marcou por duas vezes no último período de jogo.

Dado que em futebol de praia não pode haver empates, a partida continuou, jogando-se 3 minutos de prolongamento. Uma vez que não foi marcado qualquer golo neste período suplementar, a decisão foi adiada para as grandes penalidades, em sistema de morte súbita, com Portugal a executar a primeira grande penalidade de cada série. Belchior e Eremeev marcaram, Torres e Shkarin também, e foi na terceira série que tudo se decidiu: Paulo Neves converteu o seu penalti e Paulo Graça defendeu o remate potente de Makarov, dando assim a vitória às cores nacionais.

Tenho de festejar e desfrutar deste sentimento de alegria que me invade de uma forma muito especial. Foram magníficos, os heróis das praias de Portugal. O poder da juventude lusitana triunfou sobre a frieza táctica dos gelos orientais.

Suíça 4 – 2 Inglaterra: Stankovic marca 4 golos em jogo do qual nada sei

Era o segundo dia de jogos na Spring Cup Viseu 2010. Por volta das 13:30 disputou-se, na arena do Pavilhão Multiusos, a primeira partida do dia, que colocava frente a frente a poderosa selecção helvética e o conjunto britânico, equipa modesta mas muito organizada.

Ambas as equipas tinham perdido os seus jogos no dia inaugural da competição, por isso necessitavam de uma vitória para manter vivas as esperanças de poder vir a conquistar o troféu. Dada a diferença abismal entre as duas selecções, previa-se um triunfo suíço e, presumivelmente, uma eventual goleada, tendo em conta a propensão dos pupilos de Angelo Schirinzi para trucidar as equipas mais débeis.

Conforme se esperava, a Suíça bateu a Inglaterra no primeiro jogo deste segundo dia de jogos da Spring Cup Viseu 2010, somando assim três preciosos pontos. O resultado final foi de 4-2 a favor dos helvéticos, sendo que o Bola de Ouro e Bota de Ouro do Mundial 2009, Dejan Stankovic, voltou a brilhar, marcando 4 golos e guiando a sua equipa à vitória na partida. Temos futebol de praia na Spring Cup!

Recorde-se que este jogo não teve transmissão directa nos canais SPORT TV e, por esse mesmo motivo, não tive a oportunidade de assistir ao confronto, nem pude conferir o seu resultado final. Foi pena, pois gosto muito de ver as actuações da equipa suíça.

Portugal 3 – 3 Rússia | prolongamento: POR 3 – 3 RUS | penaltis: POR 3 – 2 RUS

Infelizmente, devido a um início de tarde atribulado e um almoço tardio, acabei por não assistir aos momentos formais que antecederam o jogo, perdendo assim os hinos nacionais e a entrevista ao seleccionador nacional, mas também os primeiros 6 minutos de jogo, o que não me deixou nada satisfeito. Recorde-se que eu estou a acompanhar os jogos através de emissões online da SPORT TV 2, no extralive.tv, um site que permite a visualização de vários canais de televisão em directo.

Em todo o caso, quando cheguei ao meu quarto, onde o computador já estava no canal SPORT TV 2 do extralive.tv, o continuava a persistir o nulo no marcador, e segundo o narrador e o comentador, o jogo estava a ser muito equilibrado, praticamente sem ocasiões de golo e pouca emoção, num ambiente menos espectacular. Situação esta fácil de compreender, dado que a selecção russa se destaca pela sua enorme frieza defensiva, com um excelente registo de golos sofridos, e Portugal, com muita coesão entre os seus jogadores, também tem demonstrado uma extraordinária solidez ao nível da defesa ao longo deste torneio. De resto, se olharmos para o historial de confrontos entre as duas selecções, as equipas costumam ser muito cautelistas nos instantes iniciais da partida, mantendo a posse de bola e procurando o primeiro golo sem grandes pressas, dando maior importância ao aspecto defensivo.

1º período

Os primeiros momentos do jogo que eu testemunhei corresponderam a um ligeiro ascendente de Portugal no terreno, conseguindo a aproximação à baliza adversária. Contudo, imediatamente após estas ousadias lusitanas, os russos começaram a comandar as operações, logrando criar algumas situações de perigo, inauguradas por um cabeceamento de Strutinskiy para defesa complicada de Paulo Graça. Numa das jogadas seguintes, Bilro teve um momento de infelicidade e, levado pelas emoções da partida, fez uma falta sobre Eremeev muito perto da área portuguesa. O livre directo, em posição privilegiada, foi marcado com sucesso, pelo jogador que havia sofrido a falta, passando assim a Rússia para a frente do marcador. Oh, NÃO!!!

Todavia, decorria ainda o primeiro período de jogo, pelo que Portugal dispunha de muito tempo para alterar os números do marcador. Em todo o caso, o seleccionador nacional, José Miguel Mateus, consciente das dificuldades que a sua equipa estava a enfrentar, resolveu substituir todos os jogadores de campo, regressando ao jogo a mesma equipa que havia iniciado a partida. Com Belchior em campo, o rumo dos acontecimentos mudou radicalmente: a sua impetuosidade natural impeliu a equipa para o ataque e, sem desanimar, os lusos procuraram o golo do empate.

Um remate em pontapé de bicicleta do número 10 de Portugal levou muito perigo à baliza defendida por Ippolitov, pressagiando aquilo que alguns momentos depois se viria a verificar. Numa onda ofensiva da equipa das quinas, aumentando a pressão sobre a defensiva russa, Belchior foi carregado em falta e conquistou um livre muito longe da baliza adversária, atrás da linha imaginária do meio-campo, junto à linha lateral do lado esquerdo. O grau de dificuldade do livre era bem elevado, mas nada que impeça o sucesso do nosso jovem jogador: com um remate potente, direccionando a bola para junto do poste direito da baliza russa, sempre junto ao solo, Belchior beneficiou de um ressalto na areia que enganou Ippolitov para restabelecer a igualdade no marcador: 1-1.

Até ao final do 1º período, Portugal manteve-se mais balanceado no ataque, dispondo de algumas situações para chegar à tão ambicionada vantagem. Belchior, Torres e Durval protagonizaram jogadas de grande entendimento da turma portuguesa, a última das quais estava reservada para os segundos finais do período: Torres apodera-se da bola numa zona de grande perigo e, tendo um defesa adversário pela frente, fez um passe para Durval, que rematou com determinação, mas o guardião russo estava atento e conseguiu desviar para canto, numa defesa de grande nível. No entanto, não houve mais golos e as duas equipas foram empatadas a um a bola para o primeiro intervalo.

2º período

O 2º período foi um pouco semelhante ao primeiro, com a significativa diferença de não ter proporcionado golos aos cerca de mil espectadores que estavam presentes nas bancadas do Pavilhão Multiusos. Nos outros aspectos do jogo, o equilíbrio entre as duas selecções continuou a ser notável, bem como a grande dedicação das equipas ao jogo e o empenho em não conceder qualquer golo. Portugal teve períodos de maior circulação de bola, em que deteve, de certa maneira, o domínio do jogo, tal como a Rússia também dispôs de uma maior circulação de bola em certas fases do 2º período.

No começo do jogo, o conjunto nacional logrou impor um ritmo de jogo mais acentuado, controlando as operações e criando perigo para a baliza adversária. Belchior e Torres entendiam-se às mil maravilhas no ataque lusitano. Este ascendente português acabaria por não se materializar em golos e, progressivamente, a Rússia começou a entrar mais em jogo, equilibrando novamente a partida, quando a segunda equipa portuguesa entrava em campo. A sublinhar a grande capacidade defensiva da selecção nacional que, em momentos de maior pressão por parte dos adversários, não vacilou e conseguiu neutralizar as investidas russas. Enquanto isso, algumas boas combinações de Zé Maria, Neves e Coimbra iam mostrando que Portugal continuava a procurar o golo.

O regresso de Belchior, Torres, Durval e Sousa voltaria a ser benéfico para o conjunto lusitano, que acabaria o 2º período em cima da Rússia, tal como acontecera anteriormente, no 1º período. Sem golos, algumas oportunidades para ambas as equipas, o empate prevaleceu, incólume: 1-1.

3º período: domínio avassalador!

O derradeiro período de jogo, como que naturalmente, reservava emoções mais intensas aos amantes da modalidade que estivessem a seguir o duelo, entre os quais me encontro. A aproximação do fim da partida obrigava ambas as equipas a tentar alcançar a vantagem, apostando um pouco mais no sector ofensivo. De resto, compreende-se facilmente que as equipas arrisquem mais neste 3º período e acabem por ser obrigadas a cometer erros, em virtude do sempre influente factor psicológico.

Devo dizer que Portugal esteve por cima do jogo neste terceiro período, entrando em campo com muita vontade de vencer e acabar com o empate que perseguia as duas equipas desde o tento de Belchior. A Rússia, sempre muito fria e cautelista, parecia determinada a não conceder mais golos, mas não foi capaz de contrariar mais um poderoso ascendente da nossa selecção. Mais uma vez, Belchior liderou o jogo ofensivo de Portugal, iluminando a arena do pavilhão com a sua técnica formidável. Um livre de muito longe foi uma das principais oportunidades para o segundo golo de Portugal, mas Ippolitov conseguiu suster o remate do 10 lusitano, e a recarga de Sousa embateu num defesa russo.

A pressão atacante de Portugal era cada vez mais intensa, permitindo a antevisão do belíssimo momento de futebol de praia que estava para acontecer: Belchior, sensivelmente no meio-campo, levantou a bola e fez um passe soberbo para Torres, e o número 4 português, cheio de inspiração, executou um magnífico pontapé de bicicleta. o remate ainda foi defendido pelo jovem guarda-redes russo, mas Durval, que lutava pelo seu espaço no interior da área russa, chutou triunfalmente a bola para o interior da baliza adversária. Estava feito o segundo golo de Portugal, que pela primeira vez no jogo ficava em vantagem: 2-1 no placar, graças a um golo muito celebrado do jovem Durval.

O jogo estava a aquecer para o lado português, sem que a Rússia conseguisse reagir à superioridade do jogo de Portugal. As jogadas da selecção nacional continuavam a acontecer e, num lance algo confuso, a equipa de todos nós acabaria por dilatar a vantagem. Um jogador português (não me recordo quem) fez um passe para Belchior, mas a bola ia demasiado alta e Ippolitov conseguiu agarrar a bola, saltando sobre o 10 de Portugal, que se baixava para não ser atingido pelo guarda-redes adversário. Porém, este último chocou com Belchior em pleno salto, desequilibrou-se e largou a bola, caindo de forma desamparada na areia, onde acabou por dar uma cambalhota para a frente forçada (deve ter doído!). Ora a bola ficava à mercê do 10 português, que, de baliza aberta, só teve de encostar, marcando mais um golo muito festejado em Viseu (tanto pelo público como pelo próprio Belchior).

Nesta altura, Portugal dispunha de uma confortável vantagem de 2 golos, vencendo por 3-1, e dominava realmente a partida, continuando a criar novas oportunidades para marcar, com a equipa russa sufocada no seu meio-campo. Torres teve nos pés uma soberba ocasião para dilatar ainda mais a vantagem e matar o jogo, após um excelente trabalho de equipa, em combinação com Durval, mas não conseguiu bater Ippolitov, seguro entre os postes.

3º período: Contratempo!

Contudo, quando tudo corria pelo melhor aos pupilos de Zé Miguel, uma perda de bola no ataque viria a alterar o curso do jogo, revelando-se determinante para o resultado final. Com efeito, estando a equipa das quinas concentrada no aspecto ofensivo, acabou por permitir um contra-ataque muito perigoso ao conjunto russo, com a velocidade de Aksenov a fazer a diferença. Durval, que tentava acompanhar a corrida do jogador adversário, não conseguiu chegar a tempo, acabando por travar o jogador em falta. Era um livre muito perigoso para a baliza defendida por Paulo Graça, mas o pior foi a sanção disciplinar aplicada ao jovem português: viu o cartão vermelho e foi expulso do jogo, condenando Portugal a um período de 2 minutos com menos um jogador em campo.

Aksenov, com aquela frieza que caracteriza os russos, não vacilou e aproveitou o livre da melhor maneira, marcando um golo muito importante para a sua equipa, ao reduzir a desvantagem para a margem mínima. Na sequência da alteração inesperada da situação do jogo, o treinador português, José Miguel Mateus, alterou a equipa que estava em campo, trocando Belchior, Torres e Sousa por Zé Maria, Bilro e Coimbra. Esta segunda equipa, deixando de fora Paulo Neves, assumia contornos mais defensivos, evidenciando a preocupação do seleccionador nacional em preservar a vantagem no marcador.

A opção foi acertada, pois o conjunto luso, muito disciplinado, fez tudo o que podia para conservar o resultado, protegendo a baliza de Paulo Graça com bravura! Os três jogadores de campo, muito concentrados, não concederam espaços aos adversários e conseguiram suster o resultado durante grande parte do tempo, mantendo a posse de bola sempre que possível. Porém, a escassos segundos do período de inferioridade numérica, após ter roubado a bola aos atacantes russos, Coimbra, que estava a fazer uma exibição de grande nível, atrapalhou-se perante a pressão dos adversários e acabou por perder a bola numa zona muito perigosa, com os jogadores de leste a serem tremendamente eficazes e a marcarem o golo do empate, apontado por Aksenov com assistência de Krasheninikov. Que pena!

No entanto, apesar deste autêntico balde de água fria, reposta a normalidade do jogo de 5 contra 5, Portugal fez tudo por recuperar a vantagem, jogando com Belchior, Torres, Bilro e Coimbra em campo (Coimbra acabaria por sair para dar lugar a Sousa). O resultado persistiu, obstinado, como se nada o pudesse alterar, mas a selecção nacional tentou de tudo para desequilibrar o jogo e recuperar a vantagem merecida. Várias oportunidades foram criadas pelas cores nacionais, e, é justo dizer, a Rússia também teve uma ou duas suas ocasiões, apesar do ascendente lusitano. De qualquer forma, como já referi, não houve mais golos, nem mesmo quando Belchior rodou sobre um adversário e rematou com a bola a passar muito perto da baliza. Enfim, o 3-3 era um resultado que se aceitava, levando o jogo para prolongamento.

Decisão final: Prolongamento e Grandes Penalidades

Não houve golos nos três minutos de extratime. Ambas as equipas tentaram apontar um derradeiro golo, que lhes conferisse a vitória, sem precisar de recorrer a grandes penalidades. Mais uma vez, a turma portuguesa mostrou uma grande vontade de vencer e uma energia inesgotável, empurrando a Rússia para o seu meio-campo e procurando a criação de situações de perigo. Por seu turno, com a calma e paciência do costume, os russos iam resistindo às investidas lusas, permanecendo sempre perigosos no contra-ataque. Se bem me recordo, houve duas oportunidades para Portugal e um para a Rússia, num prolongamento que obedeceu aos moldes do jogo: equilíbrio dinâmico, com grande acerto defensivo e muita concentração, numa ligeira mas notável supremacia portuguesa que, no entanto, não se materializava em golos.

Os penaltis reservavam uma explosão de emoções ao público presente no Pavilhão Multiusos e aos telespectadores via SPORT TV 2. Após um período de moralização das duas selecções, em que os jogadores de ambas as equipas se prepararam psicologicamente para todas as decisões, o árbitro deu início à marcação de grandes penalidades, com Portugal a marcar primeiro. Belchior, num remate muito forte, cumpriu a sua função, assim como Eremeev, que rematou inteligentemente para o meio da baliza. Torres também marcou, numa grande penalidade superiormente executada, antes de Shkarin fazer o gosto ao pé, num remate que Paulo Graça por pouco não defendia. Foi a vez do jovem Paulo Neves, de Guimarães, enfrentar Ippolitov, e o corajoso atleta conseguiu mesmo bater o guardião russo, antes de Makarov, de quem Portugal guardava más memórias, atirar para uma defesa prodigiosa (mais uma!) do guarda-redes Paulo Graça!

Assim, Portugal derrotou os rivais russófonos com uma gigantesca intervenção do seu valente número 12, que começa a tornar-se um especialista a parar grandes penalidades. Após esta magnífica defesa de futebol de praia, todos os jogadores nacionais correram em direcção a Paulo Graça, abraçando-o e saltando para cima dele, asfixiando o guarda-redes português num fantástico momento de expressão emocional. E todos sorriam, alegremente, delirando com esta grande vitória sobre os eternos rivais de leste, que tanta resistência haviam oferecido, num duelo espectacular, que os viseenses recordarão durante muitos anos!

Spring Cup: situação actual

O panorama actual da Spring Cup Viseu 2010 é muito simples. Portugal lidera a classificação, com 5 pontos, resultantes de uma vitória frente à Inglaterra (3 pontos) e um triunfo em grandes penaltis frente à Rússia (2 pontos). Seguem-se a selecção russa, com 3 pontos, fruto de uma vitória diante dos helvéticos, e a própria Suíça, também com 3 pontos, após o triunfo de hoje contra a equipa britânica. Por fim, a Inglaterra surge no quarto lugar da prova, sem qualquer ponto, dado que perdeu os dois jogos que já disputou, não obstante as suas prestações muito conseguidas.

Amanhã teremos um Rússia vs Inglaterra ao início da tarde, pelas 14:30, sem transmissão televisiva, seguido de um emocionante Portugal vs Suíça, agendado para as 16:00, com transmitido para todo o país via SPORT TV 2, jogo esse que promete e vai decidir a conquista do torneio em Viseu. Já sabem que poderão acompanhar o desafio aqui.

Penso que não é lícito duvidar do triunfo dos russos frente à selecção inglesa, dada a acentuada diferença entre as duas selecções, por muito bem preparados que os bretões se encontrem. Assim, devemos contar com 6  pontos para a Rússia no final desta competição, sendo, por isso, necessário que Portugal vença a Suíça para conquistar a Spring Cup. Caso a Suíça consiga derrotar Portugal, a Rússia será campeã, com os helvéticos em segundo lugar e Portugal na terceira posição. Uma vitória lusitana, pelo contrário, lança os discípulos de José Miguel para o primeiro lugar do torneio, com os russos em segundo e a Suíça em terceiro.

Independentemente das contas, que têm de ser feitas, o objectivo de Portugal seria sempre um e ó um: vencer a Suíça no derradeiro jogo da competição e brindar os adeptos locais com mais uma grande vitória dos lusitanos em terras de Viriato. Por conhecer o espírito de equipa que se vive na selecção nacional e acreditar no valor dos nossos atletas, tenho esperanças numa vitória de Portugal diante dos helvéticos e na conquista da Spring Cup pela selecção nacional. Força, pessoal! Vamos conseguir!

Uma palavra à nossa selecção

Estão todos de parabéns, rapazes. Fizeram um jogo fabuloso, numa prestação ao mais alto nível, demonstrando que, com união e muita determinação, é possível vencer qualquer adversário em quaisquer circunstâncias. Estiveram todos muito bem e foi graças à vossa energia, à vossa garra, à vossa vontade que venceram este desafio. Estou muito orgulhoso de todos e tenho consciência do que esta vitória representa. Depois de três derrotas consecutivas frente aos russos, temos agora uma nova vitória para festejar animadamente! E mais! Provaram que, mesmo sem jogadores como Madjer e Alan, mas também Bruno, Bruno Novo e Tavares, a selecção nacional de futebol de praia tem um vasto plantel, com muita qualidade, numa amostra de juventude que constitui uma receita para o sucesso.

Com apenas um ou dois treinos antes da competição, demonstraram que são uma grande equipa, capazes dos maiores feitos e derrotar as melhores selecções. Claro que a Rússia também estava desfalcada, e ainda poderia fazer melhor do que isto. Mas a forma de jogar deles não muda nada e as novas esperanças também são grandes jogadores. Por essa razão, é sempre extremamente difícil vencer a Rússia e só uma grande selecção consegue essa façanha. Vocês conseguiram. Estão de parabéns!

Paulo Graça, João Carlos, Sousa, Bilro, Coimbra, Torres, Durval, Paulo Neves, Zé Maria e Belchior.

Zé Miguel, Jhony Conceição, Manuel Virgolino, João Morais, Farinha e Juju.

Estão todos de parabéns!

Spring Cup Viseu 2010: Belchior brilha e Portugal bate Inglaterra

Começou hoje a tão esperada Spring Cup Futebol de Praia Viseu 2010. A selecção russa, com uma equipa alternativa, venceu a congénere da Suíça, por 5-4. Portugal, sem Madjer e Alan, bateu a Inglaterra por 3-0, num jogo em que Belchior apontou todos os golos da equipa lusitana. Destaque para a frieza defensiva do colectivo português e para o bom entendimento entre os jogadores no ataque, com jogadas de belo efeito. Estamos no caminho certo!

Como vi os jogos? Muito simples: Limo Verde!

Uma vez que a televisão não incluía os canais SPORT TV e tendo em conta que estava sem acesso à Internet, fui obrigado a encontrar outras formas de assistir aos jogos do primeiro dia de competição. Não era muito difícil. Como já referi no post anterior, se queremos muito ver uma determinada transmissão desportiva da SPORT TV, basta caminhar em direcção a um estabelecimento de restauração perto de casa, com os canais desejados e pessoal simpático, pedir delicadamente para colocar a televisão no programa pretendido e saborear a beleza do desporto enquanto tomamos uma merenda suculenta.

Nesta ordem de ideias, à semelhança do que já fizera nas férias do Verão em 2008 e 2009, dirigi-me ao Limo Verde, um agradável café no centro da Parede (concelho de Cascais), e, educado mas resoluto, expressei o meu desejo humilde de ligar o televisor na SPORT TV 2 para desfrutar das jogadas das melhores selecções da Europa. O meu pedido foi atendido e, em poucos minutos, já estava sentado a uma mesa nas imediações da televisão, aguardando as partidas da Spring Cup enquanto o programa sobre a NBA terminava.

Lanchei um copo do mais delicioso sumo de laranja, acompanhado por uma viciante torrada com manteiga, e depois regalei a vista com o espectáculo do futebol de praia em Viseu, maravilhado com as emoções do Rússia vs Suíça, mas sobretudo com os magníficos pormenores técnicos do Portugal vs Inglaterra! Enquanto os jogos decorriam, as senhoras da Parede, com muitos anos de experiência, que tomavam o seu lanchinho, também iam deitando um olhar ao televisor, curiosas acerca da modalidade que suscitava em mim uma tão grande admiração. De vez em quando, faziam-me uma pergunta, interrogando-me sobre quem estava a jogar, qual era o resultado, quem estava a ganhar e se não era muito cansativo correr na areia. Tudo num bom ambiente, de simpatia e boa disposição, que eu apreciei e espero que se volte a repetir no futuro (já este Verão, provavelmente).

Desde já queria reafirmar o meu agradecimento aos funcionários do café, pelo qual eu sinto um carinho natural desde pequeno, amplificado agora por estes momentos únicos de futebol de praia!

Rússia 5 – 4 Suíça: os russos superaram uma Suíça adormecida, que despertou apenas no 3º período

No jogo que marcou o início da Spring Cup Viseu 2010, via-se muito público nas bancadas do Pavilhão Multiusos, com especial destaque para a população jovem, o que constitui um dado extremamente positivo em termos de crescimento da modalidade. As bancadas, tal como tinha sido anunciado, as bancadas estavam muito perto da areia e o banco de suplentes não era mais do que uma zona estreita onde algumas cadeiras estavam colocadas, para os jogadores se sentarem, entre o campo e a primeira fila das bancadas. A atmosfera era espectacular e todo o pavilhão estava envolvido na festa do futebol de praia. O evento prometia.

Quando a transmissão da SPORT TV 2 teve início, as selecção da Rússia e da Suíça dirigiam-se para o centro do terreno, onde os jogadores foram apresentados e entoaram os respectivos hinos nacionais, perspectivando-se um grande jogo da futebol de praia.

A Suíça ia alinhar com Nico (guarda-redes), Spacca, Leu, Mo e Stankovic, com Schirinzi, Meier, Rodrigues, Kaspar e Valentim (guarda-redes suplente) nas opções para entrada no jogo. Deste modo, a equipa suíça apresentava-se em Viseu com a sua melhor selecção, incluindo os grandes nomes da modalidade na Suíça, sem qualquer excepção. Pelo contrário, a Rússia apostava numa mistura inteligente de alguns jogadores mais experientes e dos seus jovens talentos, a maioria dos quais já se tinha estreado na temporada de 2009, sem, no entanto, se conseguir afirmar como protagonistas da sua selecção. Assim, o conjunto de leste jogou com Ippolitov (guarda-redes), Makarov, Strutinskiy, Shkarin e Eremeev a titulares, mantendo Shakmelyan, Aksenov, Amanov, Krasheninikov, e Krushev (guarda-redes substituto) nas reservas da equipa.

Tendo em conta a constituição das equipas e o maior tempo de preparação da selecção helvética, pensei que seria mais provável um triunfo suíço nesse jogo inaugural da Spring Cup. Enganei-me.

Logo desde o primeiro minuto, a Rússia demonstrou que tinha vindo a Viseu para vencer a Spring Cup, entrando em campo com muita determinação e vontade de ganhar. Na sequência do pontapé de saída, que pertenceu aos suíços, surgiu o primeiro golo dos russos: Spacca falha o passe para um companheiro de equipa e Eremeev, num contra-ataque muito rápido, driblou até ao meio-campo helvético e rematou rasteiro, sem hipótese de defesa para Nico Jung. Com a Rússia em vantagem por 1-0, a Suíça não conseguiu reagir, sendo notável a sua falta de acerto ofensivo. Pelo contrário, os russos, que defendiam com segurança, conseguiram impor o seu jogo, praticando uma excelente circulação de bola, que levaria ao segundo golo da tarde: Eremeev, novamente ele, captou o esférico em posição frontal à baliza suíça e disferiu um forte pontapé, bisando na partida e fazendo o 2-0 favorável à Rússia.

No entanto, no pontapé de saída seguinte, a Suíça conseguiria reduzir a desvantagem, numa magnífica jogada de entendimento entre Mo e Stankovic: após um remate interceptado pela defensiva russa, Mo e Stankovic entenderam-se às mil maravilhas no interior da área russa, conduzindo o ataque pelo lado esquerdo, com o número 9 a aproveitar da melhor forma o espaço e a rematar à baliza adversária, colocando o resultado em 2-1. Estava feito o primeiro golo de Stankovic na competição. Porém, depois de um início de 1º período tão agitado, o jogo mergulhou numa certa monotonia, com a Rússia a dispor de menos oportunidades, baixando o ritmo ofensivo, e a Suíça a procurar o empate de uma forma pouco objectiva e organizada. No entanto, a pouco e pouco, os helvéticos iam tentando, melhorando em termos qualitativos, até chegarem ao golo: num pontapé de canto: Stankovic, fugindo à marcação dos defesas, apareceu ao segundo poste e cabeceou para o fundo da baliza defendida por Ippolitov. 2-2 no placar.

Contudo, os russos reagiram muito bem ao golo do empate, marcando imediatamente na jogada seguinte. De facto, a um excelente trabalhou colectivo seguiu-se uma prodigiosa investida individual de Krasheninikov, que fintou um defesa, passou pelo guarda-redes suíço e, em vez de ir buscar a bola para o remate final, fez uma simulação no interior da área suíça, fingindo que Nico o tinha feito cair. Os árbitros deixaram-se iludir pela queda espalhafatosa do número 5 russo e assinalaram grande penalidade, ignorando os protestos desesperados do guardião suíço. No penalti, Krasheninikov, determinado a tudo para marcar, não facilitou e atirou forte, com a bola a entrar junto ao poste, sem qualquer chance de defesa para o pobre Nico, que não queria acreditar na sua falta de sorte: 3-2 para a Rússia, a poucos segundos do fim do 1º período. A Suíça ainda tentou voltar a repor a igualdade, mas não foi bem sucedida, indo mesmo a perder para o primeiro intervalo.

No 2º período, a tendência seria uma Suíça mais agressiva, com vontade de marcar e lutar pela vitória na partida, tirando partido da técnica dos seus jogadores na disputa do resultado. Os pupilos de Nikolai Pisarev, no entanto, estavam também decididos a manter a vantagem, defendendo com muita concentração e dedicação ao seu país. Foi uma luta interessante, mas a maior disciplina táctica da Rússia acabou por prevalecer sobre a criatividade dos helvéticos, que, apesar da sua vontade de praticar bom futebol de praia, falharam na construção de jogadas verdadeiramente perigosas. A dada altura do jogo, a Rússia conseguiu sacudir a pressão dos suíços, começando a levar muito perigo à baliza de Nico, num fluxo ofensivo que culminaria no quarto golo russo, marcado por Eremeev, na sequência de um pontapé de canto cobrado por Shkarin. 4-2 a favor dos de leste, 3 golos do número 11 da Rússia e a Suíça com a missão mais complicada.

Uma vez que os suíços não conseguiram inverter a situação nos minutos que restavam até ao fim do 2º período, Stankovic e os colegas partiram para os derradeiros 12 minutos de jogo com uma desvantagem por 2 golos. Acabariam por ficar a perder 5-2, com um golos de Aksenov, mas depois Stankovic e Spacca acabariam por reduzir para 5-4, marcando dois golos que se revelariam insuficientes para levar o jogo a prolongamento, apesar dos esforços dos helvéticos.

Spring Cup Viseu 2010: detalhada apresentação do evento

Depois de um período de inactividade de 130 dias, a selecção nacional de futebol de praia volta a entrar em campo. A Spring Cup está aí mesmo à porta e, contra todas as expectativas, Viseu é a cidade anfitriã. Com transmissões televisivas diárias, podemos assistir ao melhor futebol de praia europeu outra vez! A festa do futebol de praia está de volta!

Spring Cup Futebol de Praia Viseu 2010: o poder do desporto!

Antes de mais nada, gostaria de fazer uma breve introdução às circunstâncias que antecederam esta competição. Por minha vontade, já o teria feito antes, mas uma ausência de três dias durante os quais não tive acesso à Internet não mo permitiu. A Spring Cup terá lugar entre os dias 9 e 11 de Abril, em Viseu, no nosso querido Portugal.

Spring Cup Viseu 2010: expectativas para um grande evento desportivo

Spring Cup Viseu 2010: expectativas para um grande evento desportivo

Após um Inverno longo e rigoroso, o futebol de praia esteve ausente das vidas dos membros da selecção nacional portuguesa. Excluindo um amistoso disputado em São Paulo entre os campeões do mundo (a saber, o Brasil) e uma equipa All-Stars composta pelos melhores jogadores de todo o mundo, no qual Madjer e Alan participaram com grandes prestações, os nossos jogadores não tiveram qualquer oportunidade de pisar as macias areias da praia e praticar a sua modalidade predilecta, espelhando a sua técnica formidável. Deste modo, com o despontar dos primeiros sinais primaveris, a realização de uma competição internacional de beach soccer vinha mesmo a calhar.

Nesta linha de ideias, a cidade portuguesa de Viseu decidiu tomar a iniciativa e acolher um torneio internacional da modalidade. A Câmara Municipal de Viseu, sempre atenta ao desporto em geral, observando o elevado ritmo de crescimento do futebol de praia em anos recentes, organizou este evento de dimensão europeia, em cooperação com a PA Leading. A Federação Portuguesa de Futebol mostrou sempre uma grande receptividade ao projecto, louvando a promoção da modalidade num local diferente dos habituais e entendendo a importância de uma tal competição como pontapé de saída para o calendário da selecção das quinas.

Mas… Viseu não é uma cidade do interior? Exactamente. O distrito de Viseu, localizado na Beira Interior, não é banhado pela mais ínfima porção de mar, pelo que as praias marítimas não são uma realidade na cidade de Viriato. E qual é o problema? Estamos em pleno século XXI e o Homem já concebeu obras de engenharia bem mais complexas do que a construção de um campo Indoor de Futebol de Praia! Sendo o Pavilhão Multiusos de Viseu um excelente recinto desportivo, a preparação do terreno de jogo incidiu na deposição de 300 a 400 toneladas de uma areia específica sobre o pavimento, obedecendo a um plano rigoroso, tendo em vista a obtenção das condições ideais para a prática da modalidade. Por seu turno, as bancadas foram aproximadas da areia, estrategicamente, a fim de possibilitar um melhor contacto dos adeptos com o jogo em si.

Representando o primeiro Torneio Internacional Indoor de Futebol de Praia em Portugal, a Spring Cup Viseu 2010 foi reconhecida pela Beach Soccer World Wide (o organismo internacional para o futebol de praia) como competição integrante do Pro Beach Soccer Tour, entrando assim nas contas do Ranking Europeu da modalidade (5o pontos para o vencedor, 30 para o 2º lugar, 10 para o 3º lugar e 5 para o 4º lugar).

Conferência de Apresentação da Spring Cup Viseu 2010, dia 30 de Março, no Salão Nobre da Câmara Municipal de Viseu. À esquerda, o seleccionador nacional, José Miguel Mateus; à direita, o delegado do futebol de praia da federação portuguesa de Futebol, João Morais. No centro, o Presidente da Câmara Municipal de Viseu, Fernando Ruas. Entre João Morais e Fernando Ruas, o chefe da PA Leading, Miguel Rocha.

Conferência de Apresentação da Spring Cup Viseu 2010, dia 30 de Março, no Salão Nobre da Câmara Municipal de Viseu. À esquerda, na extremidade da mesa, o seleccionador nacional, José Miguel Mateus. À direita, na extremidade oposta, o delegado do futebol de praia da federação portuguesa de Futebol, João Morais. No centro, o Presidente da Câmara Municipal de Viseu, Fernando Ruas.

Enquanto satisfaz os interesses estratégicos da PA Leading, além de servir os interesses competitivos das principais potências europeias, o torneio teria o poder de unir os viseenses em torno do futebol de praia, lançando as base para a implantação da modalidade no interior do país e dando um passo de gigante rumo à aceitação do futebol de praia como um grande desporto em todo o país. Estamos a fazer História, meus amigos. O futebol de praia, gradualmente, está a tornar-se uma modalidade Universal!

Equipas Participantes: quem são ao certo?

Convidadas as selecções da Rússia, da Suíça e da Inglaterra, que disputariam a conquista do troféu com a selecção lusa, estavam reunidas todas as condições para um grande torneio!

De realçar que a Rússia é campeã europeia em título, tendo vencido a edição de 2009 da Liga Europeia de Futebol de Praia, onde derrotou Portugal na final por 4-3, enquanto a Suíça alcançou o 2º lugar no Campeonato de Mundo de Futebol de Praia do ano passado, no Dubai (EAU). Ambas as equipas, apesar das condições naturais pouco propícias à prática do futebol de praia, protagonizaram uma extraordinária evolução nos últimos anos, alcançando um lugar entre os colossos da modalidade a nível europeu e mundial, contrariamente ao que muitas almas “iluminadas” pensam (e depois vêm poluir os locais de discussão do futebol de praia na Internet com a sua arrogância ignorante).~

Rússia e Suíça, grandes potências do futebol de praia na actualidade, defrontarão-se no Mundial Dubai 2009, na partida dos quartos-de-final. Nesse jogo, a Suíça levou a melhor, batendo os rivais russófonos por 4-2.

Rússia e Suíça, grandes potências do futebol de praia na actualidade, defrontarão-se no Mundial Dubai 2009, na partida dos quartos-de-final. Nesse jogo, a Suíça levou a melhor, batendo os rivais russófonos por 4-2 com 3 golos do número 9 Stankovic.

Em relação à Inglaterra, que constitui uma das mais antigas equipas europeias na História do Futebol de Praia, nunca se afirmou realmente na modalidade, obtendo resultados fracos nos últimos anos, mas sem nunca desanimar e aceitando sempre qualquer convite endereçado pela organização deste tipo de eventos.

Terminando com a selecção portuguesa, posso dizer que somos uma das maiores selecções do mundo, com um palmarés invejável e uma qualidade muito elevada desde os primórdios do futebol de praia. Com vários títulos europeus e mundiais, Portugal é, a par da Espanha, a selecção que detém a hegemonia europeia da modalidade, além de ser a equipa que apresenta maior capacidade para fazer frente ao Brasil, constituindo a grande rival da selecção Canarinha. Em 2009, Portugal classificou-se num honroso 3º lugar no Mundial FIFA (Dubai) e arrecadou o título do Mundialito, com uma grande vitória diante do Brasil. No entanto, em termos europeus, as coisas não correram tão bem, com a Liga Europeia a fugir para a Rússia e a Taça da Europa a ir parar às mãos da Espanha.

No Ranking Europeu de 2009, a selecção das quinas ficou colocada em 3º lugar, abaixo das suas aspirações e em consequência dos resultados menos positivos da temporada (com muito azar, digamos). Em todo o caso, a época de 2010 está aí à porta e não há melhor forma de começar o ano do que uma grande vitória na primeira competição da época! E logo nesta Spring Cup, onde os lusos terão a oportunidade de defrontar os grandes rivais da Rússia e da Suíça?

Convocados: os reis das areias do Multiusos de Viseu

A equipa russa, de Nikolai Pisarev, optou por rodar o plantel e dar tempo de jogo aos jovens da selecção, que foram menos utilizados no decorrer do ano. Deste modo, jogadores mais experientes como Shkarin, Makarov e Shakhmelyan surgem ao lado de rostos recentes como Eremeev, Krasheninikov e Aksenov, colmatando as ausências de Leonov (capitão de equipa), Shaykov, Shishin e Gorchinskiy, com compromissos ao nível do futsal. O guardião russo, muito experiente, que eu considero estar entre os 3 ou 4 melhores do mundo, também está ausente, assim como o guarda-redes suplente, Gorodnov, devendo ser substituídos por dois estreantes na baliza.

Quanto à selecção helvética, já iniciara a época desportiva em Fevereiro, com uma deslocação ao Brasil, para defrontar os campeões mundiais, num grande jogo que terminou com a vitória dos anfitriões por 7-5. Para este torneio, o treinador Angelo Schirinzi decidiu levar o núcleo duro da sua selecção, incluindo jogadores como a super estrela Dejan Stankovic, o capitão Mo, e ainda Leu, Spacca, Meier, Rodrigues e o próprio Schirinzi (ele é jogador-treinador). A baliza, como de costume, é ocupada pelo experiente Nico Jung, com Vale no banco de suplentes.

A Inglaterra, por sua vez, treinada por Terry Bowes, escolheu um leque de jogadores que conjuga energia e maturidade, com velhas caras do futebol de praia britânico, como O’Calaghan, Mitchell e Bowes (também ele jogador-treinador), acompanhadas por outros valores, como Tony Kerr e Richard Young (o mais recente reforço da selecção britânica). Não conheço suficientemente bem o conjunto inglês para avaliar convenientemente esta equipa, mas parece empenhada em fazer esquecer a derrota por 17-4 contra Portugal no Torneio do Futebol Show em Novembro de 2009. Naturalmente considerada a equipa mais fraca em prova, os ingleses parecem determinados em apagar esta ideia.

Belchior, um dos jogadores mais experientes dos convocados para a Spring Cup, será o capitão de equipa na competição em Viseu e será um elemento fundamental na organização do jogo português.

Belchior, um dos jogadores mais experientes dos convocados para a Spring Cup, será o capitão de equipa na competição em Viseu e será um elemento fundamental na organização do jogo português.

Finalmente, a magnífica selecção portuguesa, comandada pelo ilustre José Miguel Mateus, aparece em Viseu com um grupo surpreendente, cheio de jovialidade e impetuosidade, munido de muita coragem e vontade de vencer. Falo desta forma porque Madjer e Alan, os dois líderes espirituais da nossa selecção, não estão presentes em Viseu, dada a sua participação no Campeonato Estadual de Futebol de Praia do Espírito Santo. O guarda-redes geralmente titular Bruno Silva também não figura na lista de convocados, assim como Nuno Tavares, mas a comitiva lusitana inclui nomes sonantes como Belchior (Bola de Bronze e Bota de Bronze do Mundial 2008), Torres, Sousa, Zé Maria e Bilro. Na baliza, Paulo Graça, com dois anos de futebol de praia internacional, defende as redes portuguesas, em parceria com João Carlos Delgado, pronto para intervir.

Os jovens talentos Bruno Novo, Paulo Neves, Durval e Coimbra completam o lote de eleitos para Spring Cup. Muita garra e genica é aquilo que se espera desta equipa rejuvenescida, visando uma rodagem do plantel e a revisão dos processos implementados na época transacta.

Horários dos jogos e transmissões em directo

6ª feira (9 de Abril)

17: 30  – Rússia vs Suíça (SPORT TV 2)

19:00 – Portugal vs Inglaterra (SPORT TV 2)

Sábado (10 de Abril)

13:30 – Suíça vs Inglaterra

15:00 – Portugal vs Rússia (SPORT TV 2)

Domingo (11 de Abril)

14:30 – Rússia vs Inglaterra

16:00 – Portugal vs Suíça (SPORT TV 2)

Gostaria de alertar os eventuais interessados para o seguinte: apesar do conhecido capitalismo dos canais SPORT TV, estes podem ser facilmente captados via online em sites como este. Por vezes, os canais de transmissão podem não estar operacionais, mas, geralmente, corre tudo bem e temos a possibilidade de assistir aos interessantes, mas dispendiosos programas da SPORT TV, sem pagar absolutamente nada. Se não funcionar, podem sempre recorrer a outros sites, pesquisando na Internet.

De resto, para quem não tem computador com Internet, podem sempre recorrer a outra alternativa: os estabelecimentos de restauração. Por diversas vezes frequentei cafés com os canais desportivos que transmitiam os jogos de futebol de praia, lanchando enquanto me deliciava com sublimes jogadas da minha modalidade favorita. Porque não?

Spring Cup Futebol de Praia Viseu 2010: grande torneio em perspectiva

Spring Cup Futebol de Praia Viseu 2010: grande torneio em perspectiva

Para quem tem SPORT TV 2, não precisam de sair de casa, podendo acompanhar o evento directamente do conforto do vosso sofá. Se residirem nas proximidades de Viseu, então já sabem, dêem um saltinho ao Pavilhão Multiusos e apreciem a beleza desta modalidade divinal. Olhem que é uma oportunidade única…

Força Portugal!