Lignano Sabbiadoro, bela cidade italiana, acolhe a 3ª etapa da Liga Europeia de Futebol de Praia 2010.
Saudações a todos os leitores deste blogue e interessados na modalidade do futebol de praia. Hoje, dia 2 de Julho, teve início a terceira etapa da fase regular da Liga Europeia de Futebol de Praia 2010. Este evento tem lugar no Noroeste de Itália, em Lignano Sabbiadoro, terminando no próximo Domingo, 4 de Julho.
Tal como as etapas anteriores, o torneio está dividido em duas competições, a saber, um torneio da divisão B da Liga Europeia, disputado pelas equipas do Azerbeijão, da Holanda e da República Checa, e uma competição para as equipas da divisão A, que conta com a presença de Portugal, Itália, Suíça e França.
Em cada torneio, as equipas jogam todas umas contra as outras, em formato de liga. O vencedor da competição da divisão B consegue o apuramento para a Promotion Final, o mesmo acontecendo com a equipa classificada em 2º lugar, caso tenha um registo melhor do que o das restantes selecções classificadas na 2ª posição dos outros torneios da divisão B (de momento, é a Alemanha quem ostenta esse registo, com 3 pontos e uma goal average de um golo negativo).
Na divisão A, as equipas acumulam pontos, tendo em vista a progressão no ranking da fase regular, que selecciona as 6 melhores equipas para participar na Superfinal, enquanto a selecção classificada em 8º lugar se vê obrigada a disputar a Promotion Final, lutando pela manutenção na divisão A da Liga Europeia do ano seguinte com 5 equipas vindas da divisão B (os vencedores dos quatro torneios da fase regular e o melhor segundo classificado).
Mas isso será só em Agosto, no final do Verão. Por agora concentremo-nos no torneio de qualificação de Lignano Sabbiadoro!
DIVISÃO B
O primeiro jogo do dia foi o confronto do torneio da divisão B entre Azerbeijão e República Checa. Isto quer dizer que a selecção holandesa ficou de fora do primeiro dia de competição em Lignano Sabbiadoro, deixando a responsabilidade de abrir o torneio da divisão B aos rivais azeris e checos.
AZERBEIJÃO 5 – 4 REPÚBLICA CHECA
Gustavo Zloccowick, mais conhecido por Guga, tem treinado várias selecções, espalhando a magia do futebol de praia um pouco por todo o mundo. Louvável!
Azerbeijão e República Checa são duas equipas a ter em conta quando falamos da segunda linha do futebol de praia europeu. Não são grandes selecções, surgiram há relativamente pouco tempo e ainda evidenciam alguns problemas que as tornam mais vulneráveis, mas têm vindo a crescer e um excelente ritmo nos últimos anos: os checos, terminaram a Liga Europeia de 2008 num brilhante 6º lugar, após terem conseguido o apuramento para a Superfinal, enquanto os azeris, que já foram treinados pelo brasileiro Guga, chegaram aos quartos-de-final do torneio de qualificação para o Mundial 2009.
Estas duas equipas nunca se haviam defrontado na história do futebol de praia, mas terão uma nova oportunidade dentro em breve, no torneio de qualificação para o Mundial 2011, a disputar nas próximas semanas em Bibione, também na Itália. De facto, Azerbeijão e República Checa foram inseridos no mesmo grupo, tendo como outros adversários a França e o Cazaquistão. Isto significa que, além da importância do jogo de hoje em termos de Liga Europeia, o duelo tinha particular importância por servir de preparação para o grande jogo do torneio de apuramento para o campeonato do mundo. Mas falemos agora sobre o jogo em si.
1º período: Azerbeijão começa de forma explosiva. Checos não conseguem marcar.
No primeiro período, os azeris entraram muito bem no jogo, marcando dois golos muito cedo, ainda nos dois primeiros minutos de jogo. No primeiro golo, o capitão azerbeijanês Elshad Guliyev rematou de muito longe, contando com a ajuda da areia, que desviou a bola na direcção da baliza. O segundo tento foi apontado por Elvin Guliyev, num remate forte após um bom passe do irmão Elshad Guliyev.
Os checos não conseguiram travar a energia azerbeijã e cedo se encontraram numa situação muito desfavorável, mas foram conseguindo conter a energia dos jogadores adversários, começando a chegar com perigo à baliza defendida pelo guarda-redes Kurdov. Contudo, o Azerbeijão, tacticamente superior tanto no ataque como na defesa, conseguiu segurar a vantagem, apesar dos eforços da República Checa, que chegou a conseguir atirar uma bola à barra. Resultado no final do 1º período: 2-0, com vantagem para a selecção azeri.
2º período: 6 golos e muita emoção! Azerbeijão permanece na frente.
O 2º período começou de uma forma totalmente diferente, com os checos a procurar o empate com determinação, jogando sem medo, exercendo uma pressão intensa sobre a selecção azerbeijã, que pareceu entrar em campo com alguma timidez. A República Checa conseguiu chegar ao primeiro golo por intermédio de Salak, na recarga após um remate forte de um colega de equipa. A vantagem do Azerbeijão não durou muito tempo, pois o mesmo Salak fez o empate alguns instantes depois, emendando um remate fraco de Dlouhy. 2-2 no marcador, resultado que se desfez na jogada seguinte, quando Zeynalov aproveitou da melhor maneira o pontapé de saída para fazer o terceiro golo da sua equipa: 3-2, vencia o Azerbeijão.
O jogo estava emocionante e assim continuou até ao fim do 2º período. O mesmo Zeynalov tentou marcar o seu segundo golo da tarde através de um remate acrobático, mas a bola saiu por cima da baliza, numa altura em que os Azeris pareciam ter retomado o controlo do jogo. Contudo, a reacção checa não se fez esperar, com Salak a empatar de novo a partida, apontando o terceiro golo na sua conta pessoal: Dlouhy conduziu o ataque com garra, fez o passe para Salak à meia volta e este não teve dificuldades em bater o guardião Kurdov: 3-3. O Azerbeijão voltava a pagar caro pelas suas falhas defensivas, muito bem aproveitadas pela atitude enérgica da República Checa.
Após um período do jogo com oportunidades para ambas as selecções, incluindo um cabeceamento de Cibula, da República Checa, ao poste da baliza azeri, e outro remate de cabeça, de Elvin Guliyev, que acertou em cheio na trave da baliza contrária, foi a equipa azerbeijã quem conseguiu chegar ao golo, com Huseynov a finalizar da melhor maneira um livre do meio campo, castigando um segundo atraso por parte dos checos: 4-3. E os problemas dos checos não ficaram por aqui, já que o Azerbeijão continuou a atacar, ampliando rapidamente a vantagem, num grande trabalho de Azizzade, que tocou a bola por cima de um adversário e rematou forte para o fundo das redes checas: era o 5-3, resultado que se manteve até ao fim do 2º período, apesar dos esforços da República Checa, incluindo um remate de Kovarek à barra da baliza de Kurdov.
3º período: República Checa tenta, mas não consegue empatar. Azerbeijão seguro, mas com azar.
O 3º período viu novamente uma selecção checa que entrou muito pressionante, procurando golos que lhe permitissem permanecer na discussão do resultado. Porém, o Azerbeijão esteve bem a defender e acabou por conseguir sacudir a pressão dos checos, chegando com perigo à baliza checa, com um remate à trave de Zeynalov. Ainda assim, a República Checa não desistia e acabou mesmo por chegar ao golo: Salak, o jogador checo que mais se destacou, levantou a bola e rematou à meia volta, num belo gesto técnico, com a bola a embater no poste e a sobrar para Kuchera, que reduziu para 5-4 e manteve vivas as esperanças da equipa checa. Apesar disso, o resultado não sofreu mais alterações, com o Azerbeijão a resistir com bravura às tentativas dos checos, gerindo a vantagem com distinção e criando também algumas oportunidades de golo (contando com um remate ao poste de Elvin Guliyev).
Resultado final: 5-4 favorável aos azeris, num jogo em que a disciplina táctica se sobrepôs ao lado mais físico do futebol de praia. O Azerbeijão conquistou assim 3 pontos que poderão vir a ser preciosos nesta competição, ficando bem lançado rumo ao apuramento para a Promotion Final, enquanto a República Checa se encontra numa situação muito complicada, precisando de vencer a Holanda em tempo regulamentar e esperar que a Holanda derrote o Azerbeijão, também em tempo regulamentar, para ter esperanças de vencer este torneio de divisão B.
DIVISÃO A
Os jogos referentes ao torneio da divisão A neste primeiro dia de competição foram um interessante confronto entre França e Suíça, que terminou com o esperado triunfo dos helvéticos por 5-1, e um fantástico duelo entre portugueses e italianos, com a selecção nacional a sair vencedora por claros 6-2.
SUÍÇA 5 – 1 FRANÇA
Neste primeiro jogo da competição da divisão A defrontavam-se as únicas equipas que ainda não tinham pontuado nesta edição da Liga Europeia, mas por razões bem diferentes: a França porque saíra derrotada dos três jogos que disputara na segunda etapa da fase regular, em Marselha; a Suíça porque simplesmente ainda não tinha participado em nenhum evento da fase regular da Liga Europeia, tendo a sua estreia neste torneio em Lignano Sabbiadoro. De qualquer forma, qualquer uma das equipas só tinha a vitória em mente.
O cinco inicial da Suíça foi composto por Valentim (guarda-redes), Leu, Ziegler, Spacca e Stankovic, enquanto a França entrou em campo com Hamel (guarda-redes), François, Mendy, Basquaise e Sciortino.
O jogo: Suíça indiscutivelmente mais forte. França nada eficaz. Resultado justo.
A Suíça venceu a França sem grandes dificuldades. Na imagem, Jeremy Basquaise, capitão francês, luta pela posse de bola com Stephan Leu, capitão suíço. Dois grandes jogadores!
O jogo começou com algum equilíbrio, sendo notável a forma como a equipa francesa encarou o desafio, dispondo das primeiras oportunidades de golo. No entanto, como sempre, faltou a capacidade de finalização aos jogadores gauleses, que cedo enfrentaram sérias dificuldades defensivas, devido às rápidas combinações dos suíços no ataque. Os helvéticos, embora não controlassem propriamente o jogo, eram a equipa mais perigosa e foi num magnífico lance de inspiração que Stephan Leu, num remate de muito longe, bateu o guardião francês Sebastien Hamel: 1-0 favorável aos suíços, resultado que se manteve até ao fim do 1º período.
O 2º período trouxe uma França mais atrevida do que nos 12 minutos iniciais, mas só durante os primeiros minutos. Após algumas oportunidades desperdiçadas pelos jogadores franceses, numa fase em que os suíços pareciam ter algumas dificuldades na contenção do jogo gaulês, os comandados de Eric Cantona voltaram a ser dominados pelos suíços, que mais tarde ou mais cedo acabariam por marcar. E se Dejan Stankovic, a principal estrela da selecção helvética, cabeceou ao lado na sequência de um pontapé de canto cobrado na esquerda, o mesmo não aconteceu com Samuel Lutz, que aproveitou da melhor maneira uma tremenda falha de marcação da defensiva francesa para colocar a bola no interior da baliza de Hamel, após um outro canto.
O 2-0 não durou muito tempo, já que os suíços voltaram à carga poucos instantes depois, e desta vez por intermédio do melhor jogador do Mundial FIFA 2009, Stankovic: num lance rápido de contra-ataque, o número 9 da Suíça chutou forte para o fundo das redes gaulesas, num remate fantástico, dotado de uma potência extraordinária, num gesto prodigioso do atleta helvético. 3-0 no marcado, resultado que não sofreu alterações até ao fim do 2º período, apesar dos esforços suíços.
No derradeiro período do jogo, a França finalmente conseguiu chegar ao golo, num belo remate de Stéphane François, a bater de muito longe o guarda-redes Valentim Jaeggy. Porém, o 3-1 não constituiu um grande incentivo para os jogadores franceses, que não foram capazes de operar a reviravolta no marcador. Antes pelo contrário, foi a selecção suíça que, com o pragmatismo do costume, ampliou a vantagem, numa grande penalidade facilmente convertida por Stankovic: 4-1 a favor dos suíços, que restabeleceram assim a vantagem de 2 golos. Mais uma vez, a França não soube reagir e foram os helvéticos quem continuou a dominar o jogo, defendendo bem a vantagem e dispondo de algumas oportunidades para a dilatar ainda mais. O jogo continuou assim até ao final, com os gauleses cada vez mais desmotivados, e um golo de Stephan Meier no último segundo do jogo a colocar um ponto final ao quarto desaire consecutivo da França na Liga Europeia: 5-1.
O inconformado Basquaise fez tudo para evitar o desaire da sua selecção, mas não conseguiu marcar. Na imagem, executa um grande pontapé de bicicleta, que infelizmente não deu golo.
Conclusões: Suíça entra com o pé direito. França em sarilhos
Que ilações poderemos nós retirar deste primeiro encontro do torneio da divisão A da Liga Europeia? Para começar, a Suíça, que fez uma boa exibição, conquistou 3 pontos importantes na Liga Europeia, começando da melhor maneira a caminhada rumo à Superfinal de Agosto. Os dois jogos que se avizinham frente a Itália e Portugal serão verdadeiros testes às capacidades dos suíços, que decerto pretendem repetir a vitória de 2008, quando venceram o torneio de Lignano Sabbiadoro.
A França, por seu turno, mostrou a insegurança do costume e perdeu mais uma oportunidade para ganhar pontos que lhe permitam escapar à última posição no ranking da fase regular. Os jogos seguintes serão ainda mais difíceis, frente às selecções italiana e portuguesa que não irão facilitar a tarefa. A França é neste momento a única equipa da divisão A sem qualquer ponto conquistado e parece que vai mesmo ficar no 8º lugar do ranking, sendo obrigada a disputar aPromotion Final em Agosto, com a obrigação de vencer para continuar na divisão A da Liga Europeia em 2010.
Jogadores suíços (Leu, Ziegler, Spacca, Stankovic e Valentin) festejam um golo com alegria contrastante em relação ao misto de desespero e frustração do francês Pagis.
PORTUGAL 6 – 2 ITÁLIA
O jogo final do dia reservou um emocionante duelo entre a selecção da casa e a equipa portuguesa. Os Azurri contaram com o apoio do simpático público de Lignano Sabbiadoro, que apesar de tudo não foi suficiente para encher o estádio montado no local: uma belíssima praia do Mar Adriático.
A selecção italiana partia para este torneio com 5 pontos, resultantes da sua prestação na etapa realizada em Moscovo, precisando de vencer alguns jogos para subir a sua classificação no ranking da fase regular e assegurar a qualificação para a Superfinal da Liga Europeia. Contudo, o verdadeiro objectivo dos transalpinos era (e continua a ser) a conquista desta terceira etapa da fase regular, com um sabor especial por ser disputada diante dos seus fãs.
A selecção portuguesa, por seu turno, chegou a Lignano Sabbiadoro com 3 pontos, obtidos na etapa marselhesa da competição, num torneio em que uma equipa portuguesa diferente da habitual foi ganhando experiência e progredindo jogo após jogo. No entanto, para esta etapa italiana, os objectivos do seleccionador nacional José Miguel são a conquista de pontos que assegurem uma boa classificação no ranking da fase regular e a utilização dos jogos como forma de treino para o torneio de apuramento para o Mundial 2011, tendo convocado para este efeito os jogadores que lhe dão mais garantias.
Antes de começar o jogo, o ambiente entre as equipas era fantástico, caracterizado por uma louvável boa disposição, bem evidente nos cumprimentos calorosos entre os jogadores e na forma amistosa como Madjer e Pasquali, capitães de equipa, trataram do sorteio habitual com os oficiais de arbitragem. Sorrisos, brincadeiras e muita alegria entre jogadores que se conhecem muito bem, sendo inclusivamente colegas de equipa nos clubes italianos que representam (actualmente, Madjer e Belchior jogam na Roma, onde também actuam Pasquali, Carotenuto e Spada). Após o pontapé de saída inicial, os sorrisos desapareceram e os atletas encararam o desafio com a seriedade própria de um grande jogo entre Portugal e Itália. Tinha começado a luta de titãs!
No último confronto entre Portugal e Itália, a selecção nacional derrotou os transalpinos por 10-7. Foi na meia-final da Taça Europa de Futebol de Praia 2010, realizada em Roma. Na imagem, relativa a essa partida, Madjer tenta rematar, com Carotenuto pela frente. Espectáculo!
1º período: Portugal mais forte. Dois golos sem resposta. Paulo Graça em grande!
Portugal alinhou com o guarda-redes Paulo Graça, Coimbra, Alan, Madjer e Belchior, enquanto os italianos iniciaram o jogo com Spada na baliza, Leghissa, Pasquali, Corosiniti e Carotenuto como jogadores de campo. A partida começou equilibrada, com ambas as equipas a tentarem pegar no jogo, mas sem arriscar nada em termos defensivos. O primeiro lance de perigo pertenceu a Alan, que rematou em acrobacia em direcção à baliza italiana, mas o guarda-redes Spada estava atento e desviou para canto.
Portugal mostrou desde cedo uma notável segurança defensiva, que se viria a manter durante os 36 minutos de jogo, sendo uma das chaves para o sucesso lusitano na partida. Com uma organização táctica praticamente perfeita e um guardião inspirado (como sempre), os jogadores portugueses travaram todas as investidas italianas no 1º período, enquanto iam procurando golos no ataque, praticando o seu futebol de praia, de uma forma elegante e eficaz.
Rui Coimbra inaugurou o marcador no início do jogo, num cabeceamento de defesa impossível para Spada, correspondendo da melhor maneira a um lançamento do guarda-redes Paulo Graça. E se o guardião português tinha estado no primeiro golo ao assistir o seu colega de equipa, o segundo tento da equipa das quinas foi mesmo da sua autoria, através de um portentoso remate de muito longe, com a bola a viajar rasteira a grande velocidade na direcção da baliza italiana e Spada a não conseguir suster o remate. Belo momento do nosso guarda-redes, que instantes antes rematara ao poste e já merecia há muito um golo com a camisola da selecção nacional!
Os craques portugueses, Coimbra e Belchior, festejam um golo lusitano, provavelmente o primeiro, da autoria de Rui Coimbra. Muito bem! Temos equipa! Continuem!
O 2-0 verificado no final do 1º período justificava-se plenamente, pois Portugal tinha sido nitidamente a melhor equipa ao longo dos 12 minutos iniciais, controlando o jogo da melhor forma. Os italianos praticamente só haviam criado perigo na sequência de livres directos, que Paulo Graça se encarregou de defender com distinção!
2º período: Segurança lusitana. Portugal dilata a vantagem. Itália luta sem sucesso.
O 2º período trouxe novas emoções e 4 golos aos adeptos presentes no local e a todos os espectadores que, como eu, acompanhavam a partida pela televisão ou via Internet. O pontapé de saída pertencia à Itália, mas o temível remate de Pasquali foi travado pela barreira. Na primeira jogada da selecção portuguesa, Paulo Graça fez um lançamento longo para a corrida veloz de Belchior pela direita, com um remate forte do número 10 lusitano, defendido por Del Mestre, mas com a bola a ficar à mercê de Madjer, que chegara rapidamente à baliza italiana, preparado para a recarga, que valeu o terceiro golo para Portugal: 3-0 no marcador.
Pasquali tenta escapar ao (im)pressionante Madjer, que segue no seu encalço. Dois grandes jogadores, colegas de equipa na AS Roma!
Não podia ter começado de forma mais favorável a Portugal este 2º período. Moralizados pela larga vantagem obtida, os jogadores portugueses permaneceram no ataque, criando várias oportunidades para dilatar a vantagem. Os pupilos de Giancarlo Magrini, decerto nada satisfeito(s) com o resultado, iam tentando reduzir a desvantagem, mas sem sucesso, graças à fabulosa solidez defensiva da selecção portuguesa. O trio Madjer-Alan-Belchior jogava bom futebol de praia, e foi numa destas jogadas que Portugal chegou ao quarto golo, apontado por Bilro, com assistência de Belchior. Naquela que foi provavelmente a fase mais interessante do jogo, o número 7 italiano Roberto Pasquali marcou o primeiro golo da formação da casa, através de um fortíssimo remate no pontapé de saída, que Paulo Graça não conseguiu suster, apesar de ainda ter tocado na bola.
Após esta parte mais fantástica do jogo, com o resultado em 4-1 favorável a Portugal, os golos começaram a escassear, embora o nível de futebol de praia se mantivesse elevado. Os lusos continuaram a atacar mais durante algum tempo, enquanto Madjer, Alan e Belchior permaneceram em campo, mas a dada altura foi a Itália quem conseguiu pegar no jogo e levar perigo à baliza de Paulo Graça. No entanto, a boa prestação defensiva de Portugal e as defesas de grande nível do guardião luso impediram novos golos italianos.
Entretanto, a selecção nacional nunca abdicou do ataque, e numa altura em que começava a conseguir libertar-se da pressão italiana, Portugal chegou ao quito golo: Paulo Neves foi carregado em falta por Carotenuto ainda na área lusitana e bateu Del Mestre na conversão do livre directo correspondente, num remate forte, bem direccionado, pela areia, com a bola a tocar no poste e a entrar na baliza italiana! Faltavam poucos segundos para terminar o 2º período e foi com 5-1 no marcador que as equipas partiram para intervalo.
3º período: Gestão do resultado. Um golo para cada lado.
O 3º período começou com a selecção nacional no ataque, impulsionada pelas iniciativas de Madjer, Alan e Belchior. Os golos, porém, não surgiram, e os transalpinos, gradualmente, foram conseguindo tomar conta do jogo, procurando desesperadamente um golo que os mantivesse em jogo. Mas mais uma vez a selecção nacional esteve impecável na forma como defendeu, inibindo as investidas italianas, que raramente conduziam a situações de perigo. Quando isso acontecia, estava lá o enorme Paulo Graça para negar o golo aos Azurri. Uma certa falta de acerto ofensivo dos italianos em algumas jogadas também contribuiu para o insucesso da equipa da casa.
Bruno Novo marcou um belo golo numa brilhante jogada individual. Na imagem, o número 18 português no momento da fotografia de equipa em 2009.
De resto, com Bruno Novo, Jordan e Neves a renderem Alan, Madjer e Belchior, o seleccionador nacional teve a oportunidade de fazer descansar os três jogadores mais célebres, sem que os jogadores mais jovens dessem sinais de fraqueza (aquela etapa marselhesa foi de facto fundamental para integrar melhor os jogadores mais novos e subir o seu nível de jogo). E as coisas estavam a correr mesmo bem, porque Portugal também conseguia sair para o ataque, com algumas jogadas de belo efeito, que podiam ter dado golo. O sexto tento acabou mesmo por sair, numa arrancada de Bruno Novo, que depois de roubar a bola a Carotenuto consegui fugir ao atacante italiano e rematar com sucesso para o fundo das redes azurras: 6-1 no marcador.
Após este golo, que matou o jogo, José Miguel substituiu Paulo Graça por João Carlos, que teve a oportunidade de se estrear no torneio, e trocou Bruno Novo por Alan, aproveitando os últimos minutos de jogo para fazer experiências (como forma de treino para a qualificação para o Mundial 2011). O resultado foi muito positivo, com Portugal a dispor de boas oportunidades para dilatar a vantagem, embora tal não tenha acontecido. De facto, foi a Itália quem conseguiu marcar, num pontapé de bicicleta de Pasquale Carotenuto sem hipótese de defesa para João Carlos Delgado. Alguns segundos volvidos, o árbitro apitou para o final do jogo, numa partida em que Portugal triunfou por expressivos 6-2.
A arbitragem fora justa, apesar dos protestos dos jogadores italianos em algumas partes do jogo (naturalmente, falo de Carotenuto e sobretudo Pasquali). Isto numa partida espectacular, com 8 golos, onde se jogou futebol de praia de qualidade, com duas boas equipas, sendo que Portugal se superiorizou claramente à Itália, conseguindo uma vitória merecida.
Selecção Nacional: Ponto da Situação
Assim, a selecção nacional começou da melhor maneira a terceira etapa da Liga Europeia, conquistando 3 pontos importantes para o ranking da fase regular e protagonizando uma excelente exibição diante de um grande adversário, que até jogou bem, apesar de algumas limitações evidentes. Portugal está bem lançado para vencer o torneio e confirmou o seu estatuto como uma das melhores selecções europeias neste momento.
Após a prestação menos bem conseguida na etapa marselhesa da Liga Europeia, muitas vozes da imprensa desportiva se levantaram contra a selecção nacional, considerando as prestações muito abaixo do esperado e duvidando da qualidade de Portugal. Muitas pessoas aproveitaram para insistir na velha história de que a selecção está muito dependente de Madjer, Alan e Belchior. Ora, neste primeiro jogo da etapa italiana, ficou provado que Portugal está actualmente num grande momento de forma, preparado para vencer qualquer equipa e qualquer competição, fazendo frente às saídas de Torres, Sousa e Zé Maria de uma forma exemplar.
Os jogadores mais jovens da nossa selecção conquistaram experiência na etapa marselhesa, onde evidenciaram alguns problemas que foram exemplarmente corrigidos nos jogos seguintes. Falhas defensivas como a da imagem não se verificaram no jogo com a Itália.
Portugal demonstrou também que os jogadores mais jovens têm qualidade e estão perfeitamente integrados na selecção nacional, sendo possível substituir os jogadores do cinco inicial sem que se verifique um abaixamento do nível de jogo. Aliás, neste maravilhoso jogo entre Portugal e Itália, todos os golos lusos foram apontados por jogadores diferentes, o que significa que 6 atletas portugueses conseguiram inscrever o seu nome na lista dos marcadores. E, na verdade, apenas um desses golos foi apontado por um jogador do trio Madjer-Alan-Belchior (o terceiro golo, da autoria de Madjer), enquanto os restantes 5 tentos foram marcados por outros jogadores. Por isso, acho que é altura de as pessoas admitirem que Portugal tem uma equipa forte em todos os aspectos, muito completa, com excelentes opções no banco e a capacidade para bater qualquer equipa.
Agora é preciso pensar em vencer a França amanhã, por um resultado seguro, com uma exibição personalizada como a de hoje. Seria bom que os jogadores portugueses aproveitassem para marcar mais alguns golos, expressando a sua técnica individual neste jogo que se pode tornar fácil. Mas é preciso cuidado, porque a França é uma equipa com potencialidades, embora estejam a fazer uma campanha desastrosa em 2010. Depois, será necessário derrotar a Suíça com mais uma grande exibição para vencer o torneio e alcançar a melhor classificação possível na fase regular da Liga Europeia.
RESULTADOS E CALENDÁRIO DE JOGOS:
1ª jornada – 2 de Julho:
Divisão B: Azerbeijão 5 – 4 República Checa
Divisão A: Suíça 5 – 1 França
Divisão A: Portugal 6 – 2 Itália
2ª jornada – 3 de Julho:
Divisão B: República Checa – Holanda (Eurosport 2) 14:00
Divisão A: França – Portugal (Eurosport 2) 15:15
Divisão A: Suíça – Itália (Eurosport 2) 16:30
3ª jornada – 4 de Julho:
Divisão B: Holanda – Azerbeijão (Eurosport 2) 14:00
Divisão A: Portugal – Suíça (Eurosport 2) 15:15
Divisão A: Itália – França (Eurosport 2) 16:30
Nota: Todos os jogos podem ser vistos no site oficial da Beach Soccer World Wide, aqui. Uma vez no site, terão de clicar em Live Broadcast para ter acesso à transmissão dos jogos em directo.
O jogo: Suíça indiscutivelmente mais forte. França nada eficaz. Resultado justo.