Não é sobre este assunto em concreto que me tenciono debruçar aqui, mas sim sobre as alternativas ao actual chefe de estado, das quais teremos de escolher um candidato para o substituir no cargo, pois Portugal não poderá ficar sem Presidente da República. Nesta linha de pensamento, vejo em Alegre um homem com características ideias a ocupar o cargo, ao contrário do que acontece com os seus opositores. É precisamente acerca da figura política de Manuel Alegre que eu pretendo falar neste artigo, esmiuçando os traços mais determinantes da sua personalidade e mentalidade, de forma a justificar a minha escolha e a revelar ao mundo a minha opinião sincera acerca do candidato do PS e do BE.
Impressões iniciais de Manuel Alegre em mim
Na sequência da minha tomada de conhecimento da figura política de Manuel Alegre, o deputado poeta rapidamente se tornou uma referência para mim. O seu modo de falar convicto e sonante fascinava-me, numa fase da minha vida em que o meu contacto com a política se baseava em aspectos mais elementares e nas ideias políticas do meu núcleo familiar, felizmente liberais e bem fundamentadas, além de imparciais ao nível da informação que me era facultada.
No entanto, se a minha admiração por Manuel Alegre se baseava em dados pouco fiáveis, era também muito mais débil e susceptível de ser abalada. E assim, com outros dados que foram começando a surgir do exterior, acabei por me deixar levar, acabando por perder alguma da consideração que tinha por Alegre. Digamos que, por exemplo, a sua candidatura às eleições presidenciais de 2006, como independente, que dividiu e enfraqueceu a esquerda, abrindo portas à vitória de Cavaco Silva, foi uma dessas atitudes que me fizeram desvalorizar a sua postura política.
Em todo o caso, não foi a única: de um modo geral, aquela sua faceta orgulhosa de quem afirma que a mim ninguém me cala! acabou por provocar em mim uma descredibilização da sua pessoa e da sua capacidade de ocupar um grande cargo nacional. Compreende-se, assim, a confusão de pensamentos perante a qual me deparei a dado momento, quando confrontado com o vulto de Manuel Alegre. Bem, nada como factos para solucionar o problema!
Um lutador de causas nobres, capaz de pensar por si mesmo
Acerca de Manuel Alegre, lançando um olhar ao seu percurso biográfico e político, encontramos uma infinidade de marcos de grande dignidade, demonstrativos de uma grande coragem e de um espírito lutador sem precedentes. No combate ao sistema político que vigorava em Portugal aquando da sua juventude, Alegre sacrificou sempre a integridade do seu nome e do seu estatuto como cidadão português em detrimento dos ideias de democracia e igualdade em que acreditava, não recuando perante as adversidades mesmo na iminência de graves ameaças. Exilado por força da necessidade, continuou a trabalhar na libertação da pátria, nunca hesitando em agir de acordo com os seus objectivos para o pais. Posteriormente, instaurada a democracia, Alegre exerceu diversos cargos constitucionais, nomeadamente no Parlamento, onde manteve sempre a mesma postura convicta e firme na luta pelas suas posições.
Acima de tudo, de todo este extenso historial, há que ressalvar a sua energia, a sua atitude de confiança e a sua autonomia na tomada de decisões constituem excelentes qualidades, fundamentais para o exercício da actividade política. A combinação destas grandes virtudes permite a Manuel Alegre analisar cada assunto adoptando uma perspectiva livre, isenta de condicionantes de ordem partidária. Deste modo, o candidato apoiado pelo PS e o BE sabe defender aquilo em que acredita de forma desinteressada e autónoma, sem os preconceitos e tabus que se encontram noutros políticos. Esta é, sem margem para dúvida, uma mais valia.
Os aspectos negativos: orgulho excessivo
Contudo, penso que Alegre acaba por levar essa sua forma de ser e agir ao extremo, chegando ao ponto em que a qualidade passa a defeito. Isto porque, na sequência da sua liberdade de deliberativa, não se limita a adoptar uma postura divergente das dos outros partidos políticos: ele entra em conflito com as vozes discordantes, num jogo de provocações em que as causas nobres pelas quais se bate correm o risco de ser secundarizadas por essas questões inferiores. Isto acontece de forma ridícula, podendo ser facilmente evitado se o próprio assim o entender.
É pela razão que acabei de enunciar que tenho algumas reservas em apoiar declaradamente e sem hesitar a sua candidatura. No fundo, receio que Manuel Alegre, apesar da sua capacidade de isenção, acabe por romper de forma violenta com os partidos, numa guerra em que a sua sede de protagonismo falaria mais alto do que as preocupações com o estado do país. Assim, os motivos que me fazem duvidar um pouco de Manuel Alegre provêm do seu próprio carácter, da vaidade orgulhosa que o entusiasma e por vezes o leva a agir de um modo desajustado em relação às situações.
Defeitos que se podem corrigir facilmente
Naturalmente, estas ideias são um pouco vagas, baseando-se num conjunto de discursos de Alegre que chegaram até mim pela televisão e na minha interpretação das notícias que vinham surgindo acerca da sua figura política, principalmente desde a campanha eleitoral das Presidenciais 2006. Convém frisar aqui que não tenho sido, durante este tempo, um acompanhante assíduo da vida política portuguesa, embora tenha procurado sempre estar minimamente informado acerca das principais notícias da actualidade, compreendendo também a importância da política, como a base organizativa da nossa sociedade.
Porém, acima de tudo, estas minhas concepções prendem-se com os discursos de Manuel Alegre numa época restrita da sua longa carreira política, sendo por isso passíveis de serem modificadas caso o candidato a Belém altere a sua conduta, corrigindo os aspectos que critiquei, relegando o orgulho e a vaidade para um plano insignificante.
Respeito totalmente a figura de Manuel Alegre e reconheço nele as grandes qualidades que anteriormente referi, claramente ausentes em Cavaco Silva. São bons motivos para apoiar o candidato poeta, que fazem dele indubitavelmente a opção mais válida, mas que podem ser desperdiçadas de um modo ridículo, por culpa do seu desejo de prestígio, venenoso para o país.
Expectativas para a Eleição de Manuel Alegre
Ainda assim, a liberdade intelectual de Alegre e a sua coragem na tomada de decisões são requisitos fundamentais no contexto socioeconómico e político de Portugal, que deverão ser efectivamente postas em prática no caso de vir a ser eleito. A vaidade não poderá constituir um entrave ao bom desempenho das funções de Presidente da República por parte de Manuel Alegre, que reúne todas as condições para ocupar o cargo.
Deste modo, espero que Alegre saiba usar o poder das palavras, erguendo a voz do alto do seu posto de comando, em defesa dos direitos da população portuguesa e da integridade económica e social do país, lutando pelas boas causas que preconiza. Espero um Presidente consciente dos seus deveres e obrigações para com o povo português, que faça um uso justo e equilibrado dos seus poderes, analisando livremente as questões nacionais e agindo em benefício do país, adoptando as necessidades do país como o verdadeiro critério de base para a sua actividade política.
A defesa do Estado Social
Sublinharei outro aspecto muito importante, que merece ser destacado pelo contexto socioeconómico actual, no qual a atitude lutadora e protectora do povo de Manuel Alegre terá certamente uma importância acrescida. Como sabemos, o país atravessa uma grave crise económica, com os elevados valores da dívida externa e as fortes pressões dos mercados internacionais a condicionarem de forma determinante todas as medidas governamentais tomadas pelo Estado. Esta situação leva a que as necessidades da população sejam transportadas para um plano inferior, podendo gerar consequências sociais nefastas, caso nenhuma voz preponderante se insurja em defesa dos cidadãos. Muito simplesmente, não vislumbro nenhum outro candidato aplicado em defender o Estado Social com tanto ânimo.
Manuel Alegre tem, de facto, dado provas de uma preocupação verdadeira e sincera com a salvaguarda das condições de vida da população, defendendo a manutenção do Serviço Nacional de Saúde e do Ensino Público Gratuito, afirmando muito claramente que não hesitará em vetar qualquer lei que ponha em causa os direitos básicos dos portugueses. Sabemos, por exemplo, que Manuel Alegre nunca permitirá que os trabalhadores sejam despedidos sem justa causa, fazendo uso dos seus poderes de Presidente da República para impedir esse cenário. Deste modo, num momento em que o dinheiro controla tudo e todos, a eleição de Manuel Alegre surge como a única forma de colocar em Belém um vulto de autoridade que lute pela justiça da sociedade portuguesa e pelos direitos de todos os cidadãos.
Patriotismo e Vontade
Além destes aspectos que fazem de Alegre um homem com características ideias a ocupar o cargo mais alto da hierarquia política portuguesa, realço outro factor muito importante: o patriotismo genuíno que alimenta a chama lusitana de Manuel Alegre. Pensando bem, mesmo salvaguardando a necessidade de uma distinção entre a sua carreira literária e a sua carreira política, quem não se contentaria de ver um poeta da alma nacional como a figura mais importante do país?
Parece-me a mim que Alegre é de longe o candidato que apresenta um fulgor patriótico mais intenso, uma força de ânimo que o impele na luta pelo futuro do Portugal ama tão vigorosamente! Assim, o patriotismo de Alegre e a sua postura resolutamente convicta, de quem não hesita em agir em prol do seu país, são outras componentes fulcrais que não podem ser esquecidas no retrato da sua personalidade política e constituem outro argumento a favor da sua candidatura.
Confiemos na sua capacidade para gerir as funções de um Presidente da República! Manuel Alegre tem a alma e a atitude precisas para ser um bom chefe de estado e lutar pela superação dos problemas que vão assolando o nosso Portugal! Sim, Alegre saberá pôr de parte as querelas e vaidades em prol de um bem maior. Apoiemos a sua candidatura!
Sintetizando e Concluindo
Em suma, vislumbro em Alegre um conjunto de atributos brilhantes que podem fazer deste candidato um grande Presidente, com um papel activo na resolução dos difíceis problemas que se avizinham, funcionando como moderador político e um verdadeiro representante de todos os portugueses. Pelo contrário, Cavaco Silva não reúne as características necessárias para ocupar o cargo com apostura adequada, algo que ficou bem provado no mandato anterior.
Ficaria, portanto, desolado se visse que os aspectos controversos de Alegre teriam descredibilizado a sua candidatura e motivado o eleitorado de esquerda a votar em Cavaco Silva, vendo no sorriso amarelo do actual Presidente a solução mais fácil para o problema das eleições, persuadidas afectivamente em vez de pensarem no melhor para o país numa perspectiva de futuro.
Espero agora que Manuel Alegre seja inteligente durante o resto da campanha eleitoral e que saiba convencer os indecisos a votar pelo progresso e pela imprescindível frontalidade na forma de lidar com os problemas do país. Sim, espero que as qualidades de Alegre falem mais alto. E espero estar enganado em relação à sua conflituosidade e vaidade, para que ocupe o cargo de Presidente da República com dignidade e responsabilidade, dando uso às suas capacidades, invulgares entre os políticos da actualidade.
Por fim, correndo o risco de me precipitar um pouco, estou em crer que Manuel Alegre tem vindo a moderar o seu habitual ímpeto verbal, na medida em que os seus discursos já não assumem contornos tão conflituosos como acontecia recentemente, mantendo sempre aquela tonalidade viva e revigorante de quem se sente com vontade de lutar pelo sucesso do seu país. Esta é a razão pela qual eu cada vez mais acredito em Alegre: alguém que se bate pelas causas em que acredita e decerto buscará, incessantemente, o melhor para os portugueses!