Uma Semana com Futebol de Praia 2: Lokomotiv de Moscovo Campeão Russo & Novos Vídeos da BSWW

Na sequência do meu atraso nas publicações sobre futebol de praia, agora tenho de compensar a minha demora. Por esta vontade de actualizar rapidamente o blogue, sem no entanto ter os textos preparados, vos apresento imediatamente uma versão inicial deste segundo artigo da rubrica semanal Uma Semana com Futebol de Praia, que será posteriormente actualizada, quando tiver tempo para tal. Por agora, deixo-vos com as informações do Campeonato Russo, cuja cobertura me propus a fazer no artigo anterior.

1. Campeonato Russo

Pois é. Uma grande competição, com formato semelhante ao de um campeonato do mundo, que tal como este não dura mais de uma semana. Para começar, eis os resultados dos jogos da fase de grupos deste Campeonato Russo de Futebol de Praia 2010:

2ª feira, 27 de Setembro

Grupo A: Millennium Báltico 4 – 4 Zhuravel Auto (prol: Millennium Báltico 5 – 4 Zhuravel Auto)
Grupo B: Strogino 7 – 2 Progress
Grupo C: Lokomotiv de Moscovo 6 – 1 Midesection
Grupo D: MGUP Vikings 1 – 3 Delta
Grupo A: Mundial Komvek 2 – 2 Golden (prol: Mundial Komvek 2 – 2 Golden | pen: Mundial Komvek 1 – 2 Golden)
Grupo B: Promenade Kronstadt 1 – 3 Sharp
Grupo C: IBS 7 – 4 Soviet Wings
Grupo D: FC City 8 – 1 Vira Maina

3ª feira, 28 de Setembro
Grupo B: Progress 6 – 3 Sharp
Grupo A: Zhuravel Auto 4 – 6 Golden St. Petersburg
Grupo D: Delta 8 – 3 Vira Maina
Grupo C: Midesection – 1 – 6 Soviet Wings
Grupo B: Strogino 5 – 2 Promenade Kronstadt
Grupo A: Báltico Milênio 8 – 5 Mundial Komvek
Grupo D: MGUP Vikings 4 – 4 FC City (prol: MGUP Vikings 4 – 5 FC City)
Grupo C: Lokomotiv de Moscovo 6 – 4 IBS

4ª feira, 29 de Setembro
Grupo A: Millennium Báltico 5 – 7 Golden St. Petersburg
Grupo B: Strogino 5 – 0 Sharp
Grupo C: Lokomotiv de Moscovo 6 – 5 Soviet Wings
Grupo D: MGUP Vikings 1 – 1 Vira Maina (prol: MGUP Vikings 1 – 1 Vira Maina | pen: MGUP Vikings 0 – 1 Vira Maina)
Grupo A: Zhuravel Auto 6 – 2 Mundo Komvek
Grupo B: Progress 4 – 6 Promenade Kronstadt
Grupo C: Midsection 1 – 8 IBS
Grupo D: Delta 5 – 4 FC City

Tendo em conta os resultados dos jogos, as classificações obtidas foram as seguintes.

Grupo A
1º lugar – Golden St. Petersburg (São Petersburgo) –  8 pontos
2º lugar – Millennium Báltico (Moscovo) – 5 pontos
3º lugar – Zhuravel Auto (Samara) – 3 pontos
4º lugar – Mundo Komvek (Rostov-on-Don) – 0 pontos

Grupo B
1º lugar – Strogino (Moscovo) – 9 pontos
2º lugar – Progress (Lipetsk) – 3 pontos
3º lugar – Kronstadt Promenade (Kaliningrado) – 3 pontos
4º lugar – Sharp (Krasnogorsk) – 3 pontos

Grupo C
1º lugar – Lokomotiv de Moscovo (Moscovo) – 9 pontos
2º lugar – IBS (São Petersburgo) – 6 pontos
3º lugar – Soviet Wings (Samara) – 3 pontos
4º lugar – Midsection (Rostov-on-Don) – 0 pontos

Grupo D
1º lugar – Delta (Saratov) – 9 pontos
2º lugar – FC City (São Petersburgo) – 5 pontos
3º lugar -Vira Maina (Krasnodar) – 2 pontos
4º lugar – Vikings MGUP (Moscovo) – 0 pontos

As duas equipas mais bem posicionadas de cada grupo ficaram apuradas para os quartos de final, onde os vencedores  de cada grupo defrontaram os clubes classificados em 2º lugar.

6ª feira, 1 de Outubro
1/4 de final: Golden St. Petersburg 7 – 5 Progress
1/4 de final: Strogino 6 – 1 Millennium Báltico
1/4 de final: Lokomotiv de Moscovo 6 – 5 FC City
1/4 de final: Delta 4 – 4 IBS (prol: Delta 4 – 4 IBS | pen: Delta 1 – 0 IBS)

Os vencedores dos grupos confirmaram assim o seu favoritismo e conseguiram a qualificação para as meias-finais, onde se disputaria o acesso à grande final. Golden St. Petersburg, Strogino, Lokomotiv de Moscovo e Delta foram as 4 equipas que lograram a passagem à fase decisiva da competição.

Sábado, 2 de Outubro
1/2  final: Golden St. Petersburg 1 – 8 Lokomotiv de Moscovo
1/2  final: Strogino 4 – 2 Delta

Os clubes moscovitas superiorizaram-se aos seus adversários e asseguraram a presença na final, para a qual ficava assim agendado um escaldante Lokomotiv de Moscovo vs Strogino, na reedição da final do campeonato moscovita, da qual o Lokomotiv saíra vencedor algumas semanas antes. Agora, na luta pelo título de campeão nacional, a fasquia estava mais alta para ambas as equipas e tudo poderia acontecer no entusiasmante duelo de gigantes…

Domingo, 3 de Outubro
Jogo para o 3º lugar: Golden St. Petersburg – 3 – 2 Delta
Final: Lokomotiv 2 – 2 Strogino (prol: Lokomotiv  2 – 2 Strogino | pen: Lokomotiv 1 – 0 Strogino)

E mais uma vez, contra tudo e contra todos, o Lokomotiv de Moscovo acabou por vencer, sagrando-se campeão nacional da Rússia. Um estatuto merecido por tudo aquilo que a equipa fez na competição e pela forma aguerrida como encarou a final, enfrentando uma equipa de alto nível, que só não venceu porque a estrelinha de Dejan Stankovic brilhou mais intensamente. Parabéns aos dois clubes, que confirmaram o seu estatuto de melhores equipas do país, mostrando que o futebol de praia russo continua em crescendo e é capaz de proporcionar partidas de grande qualidade.

Naturalmente, o Lokomotiv de Moscovo merece um aplauso especial, pois ser campeão tem sempre outro significado, apresenta outro valor simbólico, implica uma superação de si mesmo e do Mundo que não está presente nas almas de quem perde. Três vivas aos campeões!

CLASSIFICAÇÃO FINAL
1º lugar – Lokomotiv de Moscovo (Moscovo)
2º lugar – Strogino (Moscovo)
3º lugar – Golden St. Petersburg (São Petersburgo)
4º lugar – Delta (Saratov)

E claro, parabéns àqueles que, servindo os objectivos da sua equipa, se notabilizaram entre todos os jogadores, arrecadando prémios de grande valor, que devem ser referidos, fazendo jus à sua importância.

Prémios Individuais
Melhor jogador – Mozg Oleg (Delta)
Melhor guarda-redes – Igor Olenin (Strogino)
Melhor marcador – Egor Shaykov (Lokomotiv de Moscovo) – 12 golos

Shaykov, em grande forma, foi fundamental para o triunfo da sua equipa, partilhando com Stankovic a posição de melhor jogador do Lokomotiv de Moscovo. Mas o fantástico guarda-redes Olenin, do Strogino, também se destacou, com defesas que talvez o venham a catapultar para a selecção russa. E claro, o ser considerado melhor jogador de uma competição de 16 equipas só pode ser sinal de ser um grande jogador, o que constitui um excelente motivo de orgulho para Oleg, do Delta de Saratov.

Uma competição memorável, este campeonato russo. Único problema: não haver transmissão dos jogos via online!

2. Novos vídeos da Beach Soccer World Wide

Esta semana, a BSWW voltou a lançar novos vídeos no seu canal do youtube, que, naturalmente, também conheceram uma divulgação no facebook e no site oficial da organização. Ambos se referem à Liga Europeia de Futebol de Praia 2010, consistindo em selecções dos melhores golos de diferentes etapas da competição.

O primeiro engloba os 5 melhores golos da quarta etapa da fase regular da EBSL (Euro Beach Soccer League), disputada em Haia, na Holanda, entre os dias 22 e 25 de Julho. Belos momentos de Nico (Suíça), Kuman (Espanha), Maci (Roménia), Rodrigues (Suíça) e Cristian Torres (Espanha). O meu favorito? Talvez o do Maci! Uma acrobacia fenomenal, num remate cheio de força junto à linha lateral! Também acho particularmente fascinante o golo do Rodrigues!

O segundo filme contém aqueles que foram considerados os 5 melhores momentos da Superfinal da EBSL, realizada em Lisboa, no nosso querido Portugal, entre 26 e 29 de Agosto, com a minha presença assídua no estádio montado no Terreiro das Missas, em Belém.

Portugal está bem representado neste vídeo, com um tiro descomunal, fisicamente inexplicável, de Madjer diante da Rússia e um pontapé de bicicleta épico do Bruno Novo, com assistência perfeita do Alan. Os restantes golos são também acrobacias de belo efeito, do espanhol Amarelle e dos suíços Stankovic e Meier (autor de um golo sobrenatural).

Enfim… FUTEBOL DE PRAIA É PURA MAGIA!

Portugal Campeão Europeu de Futebol de Praia 2010!

11 dias decorridos sobre a triunfal conquista da Liga Europeia de Futebol de Praia 2010, a minha insuperável alegria de adepto fervoroso da selecção nacional ainda não se esgotou e continua a fazer sorrir a minha alma feliz.

Será fácil compreender que, mais de uma semana depois do feito heróico dos guerreiros das areias lusitanas, o sentimento vitorioso que dominou o meu estado de espírito tenha sido de alguma maneira atenuada pelo tempo. De facto, é esta a infeliz razão pela qual não conseguirei traduzir da forma mais adequada o entusiasmo e o deslumbramento com que vivi estes belíssimos momentos do futebol de praia nacional.

No entanto, esta fantástica experiência emocional permanece bem viva na minha mente e será com um enorme prazer que sempre recordarei cada instante daquele dia estóico. Memórias que nunca se apagarão, podem crer.

Uma coisa é certa: Portugal venceu a Liga Europeia de Futebol de Praia 2010 e sagrou-se campeão europeu da modalidade desportiva mais espectacular do planeta! Parabéns a todos, pessoal! Foram extraordinários!

Festejos dos jogadores portugueses no momento em que recebem a taça!

No momento em que o capitão português Madjer ergueu a taça da Liga Europeia de Futebol de Praia 2010, todos os jogadores e membros da equipa técnica festejaram efusivamente a grande conquista do desporto nacional! Somos enormes! Grande feito! Parabéns, Portugal!

Liga Europeia de Futebol de Praia 2010: Superfinal em Lisboa

Para quem não se encontra dentro do assunto, direi rapidamente que a Liga Europeia de Futebol de Praia consiste na numa competição anual, que compreende uma fase regular (composta por várias etapas) e uma Superfinal, sendo todos estes torneios disputados ao longo dos meses de Verão, em diferentes locais do continente europeu. Sendo considerada a competição mais importante do futebol de praia europeu, todas as grandes selecções ambicionam a sua conquista, numa série de combates épicos cujo vencedor final sai de sobremaneira glorificado.

Em 2010, após uma fase regular muito dinâmica com 4 etapas disputadas em Moscovo, Marselha, Lignano Sabbiadoro e Haia, a Superfinal foi disputada em Lisboa, entre os dias 26 e 29 de Agosto, sendo o palco escolhido para o evento a arena montada no Terreiro das Missas, mesmo em frente ao Palácio de Belém. Seguindo este link, poderão encontrar informação detalhada acerca do evento, incluindo as equipas participantes e o formato da competição.

Portugal em Grande no Grupo A da Superfinal

Ora, na grande Superfinal da Liga Europeia, a selecção nacional de futebol de praia, jogando diante dos seus adeptos, não tinha outro pensamento em mente que não a vitória no torneio e a conquista do título de campeão europeu! Foi com esta disposição que os jogadores portugueses entraram em campo, demonstrando uma energia e uma vontade sem precedentes. Portugal apresentou uma mistura inteligente de concentração, paciência e criatividade, praticando um futebol de praia elegante e eficaz, dedicando também particular atenção ao aspecto defensivo.

Foi graças a esta postura de campeões (porque foi essa a postura ostentada pelos nossos atletas) que Portugal passou no primeiro teste com distinção, superando com classe os seus dois primeiros adversários, passo a citar, a imprevisibilidade dos surpreendentes romenos e a frieza física tipicamente russa. Para ser mais específico, direi que a selecção portuguesa goleou a Roménia por 6 bolas a 1 e venceu a Rússia com 4 golos contra 2 da equipa de leste.

A solidez defensiva foi um dos pilares da selecção nacional ao longo do torneio.

A solidez defensiva foi um pilar fundamental da selecção nacional ao longo do torneio, com apenas 5 golos sofridos em 3 jogos. Na imagem, Bruno Novo atrasa a bola para o guarda-redes João Carlos, na ponta final do Portugal vs Roménia, que Portugal venceu por 6-1.

Assim, com dois triunfos em outros tantos jogos, Portugal alcançou o 1º lugar no grupo A da Superfinal, com 6 pontos, enquanto a Rússia, que derrotara a Roménia por 6 bolas a 4, se classificou na 2ª posição com 3 pontos, deixando os romenos no derradeiro posto do grupo sem terem pontuado. A vitória no grupo dava acesso directo à final, pelo que Portugal marcaria presença no tão esperado jogo do título, a ter lugar no Domingo, 29 de Agosto. Na grande final, Portugal defrontaria a Itália, vencedora do grupo B. Os resultados de todos os jogos da fase de grupos, as classificações finais dos grupos e os resumos dos três primeiros dias de competição estão disponíveis aqui.

A Final!

Uma vez eliminada a perigosa selecção russa, actual grande rival de Portugal na luta pela hegemonia europeia, Portugal tinha todas as condições para recuperar o título continental, precisando para isso de vencer apenas mais um jogo. Mas o adversário não ia ser nada fácil, pois a Itália surgia em Lisboa muito renovada, com um novo treinador que revolucionara positivamente a equipa, lançando os Azurri num colossal rumo vitorioso que só poderia ser quebrado por uma grande equipa. Portugal precisaria assim do seu melhor futebol de praia para levar de vencida uma selecção disposta a tudo para conseguir o título europeu!

Componente circunstancial 1: Belchior suspenso, Madjer lesionado

Todavia, Portugal encontrou várias adversidades neste jogo decisivo da Liga Europeia 2010. A ausência forçada de Belchior, suspenso por acumulação de cartões amarelos nos jogos anteriores, era naturalmente um contratempo ao qual o seleccionador nacional José Miguel Mateus teria de saber reagir. Além disso, Madjer, que havia sido o herói do dia anterior frente à Rússia, ainda não estava a 100%, fruto de uma lesão lombar que ainda não tinha ultrapassado completamente.

A situação agravou-se no decorrer do jogo, quando o número 7 de Portugal, ainda no 1º período, numa queda infeliz decorrente de uma das suas espectaculares acrobacias, se ressentiu da sua fustigantes lesão e teve de abandonar o campo, envolto num mar de dores que não podiam ser bom presságio. Ainda assim, graças ao bom trabalho do enfermeiro Farinha e à força de vontade inesgotável de João Vítor Saraiva, o Madjer ainda voltou a entrar em campo, mas fez menos minutos do que costuma e o seu rendimento foi mais baixo do que o habitual, apesar de ter ficado muito perto do golo por várias ocasiões.

Esta coragem do capitão português, disposto aos mais penosos sacrifícios na luta pela vitória, faz de João Vítor Saraiva um grande jogador!

Madjer numa das suas fabulosas acrobacias, ainda no 1º período de jogo, que acabariam por agravar a sua lesão. Esta coragem do capitão português, disposto aos mais penosos sacrifícios na luta pela vitória do seu país, faz de João Vítor Saraiva um grande jogador! Magnífico!

Componente circunstancial 2: Azar com os ferros, Rasulo e Del Mestre.

Além dos problemas associados à ausência de Belchior e aos problemas físicos de Madjer, Portugal não foi bafejado pela sorte neste derradeiro jogo da temporada europeia. Por duas vezes os jogadores portugueses acertaram nos ferros da baliza transalpina: a primeira num livre directo de Jordan, cujo tiro de raiva embateu violentamente no poste, a segunda no remate desafortunado de Alan, com a bola a ressaltar na areia e a subir demasiado, tocando na barra e passando por cima da baliza italiana.

Foram de facto muitos os remates lusitanos que não conheceram as redes Azurras por puro milagre, também porque os guarda-redes adversários protagonizaram uma série de defesas impossíveis, como uma defesa de Rasulo com as pernas a um remate poderoso de Madjer e uma defesa também com os membros inferiores de Del Mestre, que no início do 3º período parou incrivelmente um fantástico pontapé de bicicleta de Jordan. Enfim, foram estas apenas algumas das situações em que o azar bateu à porta de Portugal, mas acreditem, estimados leitores, que não foram as únicas.

Superação Total: Fulgor Lusitano!

Como facilmente terão percebido, não foi nada fácil a tarefa portuguesa nesta final da Liga Europeia. A excelente qualidade evidenciada pelos adversários, os contratempos referentes a problemas com os nossos jogadores e a falta de sorte que acompanhou Portugal até ao apito final do árbitro constituíram um forte entrave ao triunfo da equipa das quinas, que teve de dar o seu melhor para alcançar a almejada vitória.

Não obstante todas adversidades anteriormente numeradas, os jogadores da selecção nacional portaram-se como verdadeiros heróis, lutando com todas as suas forças, alimentados pelo desejo de colocar o nome do seu país no lugar mais alto do pódio. Aplicando na perfeição os processos de jogo implementados pelo seu treinador, cumprindo todas as indicações do mestre tanto a atacar como a defender, Portugal protagonizou uma excelente exibição, alicerçada numa base defensiva muito sólida e na técnica fantástica dos seus jogadores, capazes de desequilibrar o encontro a qualquer momento.

O jogo: Até ao golo de Gori

A Itália manteve-se sempre na discussão do resultado, com grande espírito guerreiro, e apesar da superioridade lusitana, nunca desanimou, o que proporcionou uma grande final.

A Itália manteve-se sempre na discussão do resultado, com grande espírito guerreiro e nunca desistiu, o que proporcionou uma grande final. Na imagem, os jogadores italianos entoam a letra do hino nacional do seu país antes do encontro com Portugal.

Que grande jogo de futebol de praia e que grande conquista da selecção nacional! Praticamente entrou no jogo a perder (1-0) num bom lance de Corosiniti, mas conseguiu empatar (1-1) apenas alguns minutos volvidos, num portentoso remate longínquo de Alan, que veio na sequência de uma fantástica reacção por parte da equipa das quinas! E foi com muita garra, muita dedicação, que procurou o golo até ao fim do 1º período, ainda que sem sucesso. Mas o 2º período também começou com Portugal no ataque e, após uma sucessão de oportunidades por concretizar, Bruno Novo apontou o seu primeiro golo da tarde, num remate acrobático de belo efeito, após passe de Paulo Graça. Um grande golo que deu a vantagem (2-1) mais que merecida àquela que estava a provar ser a melhor equipa.

O 2º período continuou a ser totalmente controlado por Portugal, que tentou ampliar a vantagem, ainda que sem êxito. Ora, na derradeira etapa do encontro, a selecção nacional entrou a todo o gás, em busca do golo da tranquilidade, remetendo os jogadores italianos para o seu meio-campo e reafirmando a determinação lusitana em vencer a partida. Contudo, o terceiro tento português não se verificou e foi mesmo a Itália quem, numa das muito raras  situações de perigo para a baliza de Paulo Graça, chegou ao golo: o estreante Gori empatou a partida (2-2) num espectacular pontapé de bicicleta, que consternou o Terreiro das Missas, numa onda de apreensão que gelou os adeptos…

O jogo: Os melhores vencem no final numa explosão de emoções.

Faltavam nessa altura cerca de 5 minutos para o fim do encontro. A final empatada, entre dois titãs do futebol de praia europeu. Um estádio inteiro sustendo a respiração, aguardando um desfecho emocionante para um jogo que seria, com toda a certeza, épico. Estaria a Itália em vantagem psicológica, atendendo ao contexto em que o tento de Gori surgiu? Talvez, mas Portugal continuou a fazer o seu jogo, com serenidade e confiança, sem nunca se desorientar e mantendo sempre o rumo correcto. A consistência táctica de Portugal não foi nada afectada, o que permitiu conter de forma impecável o ímpeto italiano, que não causou estragos na defensiva lusitana. Vigiada a situação a nível defensivo, era urgente repor a vantagem no marcador, algo que requereria um acto de bravura, um momento de inspiração apenas possível para um grande jogador! E, desta vez, esse grande jogador não foi Madjer, nem Alan, nem Belchior, mas sim o grande Bruno Novo!

Uma corrida desconcertante do número 18 de Portugal por entre os defesas italianos colocou o nosso jogador em excelente posição para receber o lançamento de Paulo Graça, que funcionou como um passe soberbo para o remate violentíssimo do Bruno Novo, na direcção das baliza transalpina. Apesar da pontaria e da potência do pontapé, o implacável Del Mestre ainda conseguiu conter esta tentativa do herói da Nazaré, mas nada pode fazer contra a recarga vitoriosa do atleta lusitano: recepção sublime com o joelho direito e tiro certeiro com o pé esquerdo, com a bola a passar rente ao poste sem grandes hipóteses para o pobre guarda-redes Azurri.

Era a loucura no estádio de Belém! O público de pé, a gritar e a aplaudir a nossa selecção! Ambiente ao rubro nas bancadas, com os espectadores em êxtase graças à vantagem de Portugal! Os atletas a festejar, de forma efusiva, o brilhantismo do Bruno Novo, em particular o próprio, que esboçou uma série de gestos triunfais enquanto berrava, celebrando o 3-2, apenas antes de ser abalroado pelo Bilro, também ele em delírio!

E foi com num clima de grande tensão que assistimos (pois eu estava lá) aos 3 últimos minutos do jogo, em que o espírito de entreajuda e a solidez defensiva demonstrados pela nossa selecção conseguiram assegurar a inviolabilidade das redes lusitanas! Paulo Graça impecável, defendendo um livre perigoso de Carotenuto, a menos de 1 minuto do fim, foi juntamente com Bilro, Marinho e Coimbra o herói dessa fase do jogo, na qual o resultado não sofreria alterações. O apito final acabou por soar, 36 minutos decorridos desde o início deste jogo memorável, que consagrou Portugal campeão europeu de futebol de praia 2010!

Este vídeo diz respeito aos derradeiros instantes do jogo, a partir da defesa de Paulo Graça ao livre de Carotenuto, incluindo o princípio da festa. Agradeço ao adepto (desconhecido) que filmou o vídeo, proporcionando um enriquecimento deste post no meu blogue!

A Festa depois do jogo: Absolutamente descomunal!

É verdade que chorei. Sim, chorei, e não me envergonho disso, antes pelo contrário: acho que expressei verdadeiramente os meus mais profundos sentimentos naquele momento e fico feliz por pensar que vivi esta experiência extraordinária em toda a sua dimensão. Não numa perspectiva de fanatismo (o que pode ser facilmente refutado se tivermos em conta os autógrafos que pedi a jogadores de outras selecções no decorrer do evento), mas de uma forma saudável que me permitiu desfrutar ao máximo deste triunfo histórico e desta alegria imensa que foi assistir ao vivo pela primeira vez a uma grande conquista da selecção nacional.

Mas, embora os meus rituais sejam raros entre os restantes membros da plateia, ninguém foi indiferente ao grande feito que o futebol de praia português acabava de alcançar, algo que foi bem visível na forma como o público participou na festa e aplaudiu com entusiasmo os grandes heróis das areias lusitanas! Sim, todo o estádio vibrou em uníssono com a magia da selecção nacional, cuja bravura e dedicação às cores nacionais lhe proporcionou um brilhante título europeu! E foi decerto um dia especial na carreira dos atletas, assim acarinhados pelo apoio do público da capital!

Os heróis lusitanos celebraram efusivamente a conquista da Liga Europeia de Futebol de Praia 2010! Novamente Campeões Europeus! Parabéns a todo este grupo fantástico! São os maiores!

Os heróis lusitanos celebraram efusivamente a conquista da Liga Europeia de Futebol de Praia! Novamente Campeões Europeus! Parabéns a todo este grupo fantástico! São os maiores!

O momento em que o troféu foi entregue à selecção nacional foi inesquecível e marcou mais um passo na História do futebol de praia nacional e europeu. Somos novamente Campeões da Europa! Parabéns a todos, amigos!

Madjer, Melhor Jogador do Torneio (outra vez)

A distinção do Madjer como melhor jogador do torneio foi um prémio justo pela forma corajosa como o lendário craque português entrou em campo, numa luta dupla contra os seus adversários e uma lesão fustigante que o atormentou durante toda a competição. O Madjer fez tudo o que podia, pondo em risco a sua própria integridade física para servir o país ao qual tanto tem dado, acabando por se revelar determinante para a conquista do troféu, dada a imprescindibilidade do seu hat trick frente à Rússia para que Portugal marcasse presença na final.

A imagem aguerrida do capitão luso, que mesmo a precisar de uma cama ficou diversas vezes perto do golo diante da Itália, faz dele uma figura incontornável da modalidade na Europa e o jogador que, sem dúvida alguma (e sem querer tirar mérito ao Stankovic) mais merecia esta distinção (foi considerado melhor jogador da Liga Europeia pela 5ª vez). Enquanto o Madjer recebia o distintivo das mãos do doutor João Morais, com a mão atrás das costas de maneira a aliviar as dores, o público delirava com a atribuição do prémio individual mais honroso ao grande craque português.

Grandes jogadores! Mas que trio!

Madjer, eleito melhor jogador da Liga Europeia de Futebol de praia 2010, juntamente com os vencedores dos outros prémios: Andrey Bukhlitskiy, melhor guarda-redes, e Dejan Stankovic, melhor marcador do evento com 8 golos. Mas que trio! Parabéns aos três, sobretudo ao Madjer!

Gostaria também de dizer, rapidamente, num parênteses rápido, que havia outros jogadores na selecção nacional com credenciais para conquistar o prémio de melhor jogador, nomeadamente o Alan, elemento fundamental na conquista do troféu, determinante na construção do jogo de Portugal e detentor de uma técnica extraordinária, e o Bruno Novo, que afinal acabou por ser o herói da final, bem como o melhor marcador da selecção portuguesa, com 4 golos apontados, contrariando a ideia daqueles pobres ignorantes “treinadores de bancada” para os quais a selecção é só Madjer, Alan e Belchior.

De resto, na minha opinião, gostaria de manifestar a minha convicção de que o Paulo Graça, guarda-redes da selecção nacional, merecia mais do que qualquer outro jogador ter sido eleito melhor guarda-redes da competição, atendendo ao baixíssimo número de golos sofridos (5), às suas defesas espectaculares (e extremamente influentes) e à sua preponderância na organização do jogo ofensivo da nossa selecção. A imprensa preferiu atribuir o prémio ao Andrey Bukhlitskiy, da Rússia, que apesar de não ter sido, na minha opinião, o melhor do torneio, é também um grande guarda-redes, ficando o prémio bem entregue. Para finalizar a listagem dos prémios, resta-me dizer que o já referido Dejan Stankovic se sagrou melhor marcador do torneio, graças aos seus 8 tentos na Superfinal ao serviço da Suíça.

Agradecimentos

Dois grandes guarda-redes de futebol de praia: Paulo Graça e João Carlos Delgado.

João Carlos entra para o lugar de Paulo Graça nos minutos finais da partida frente aos russos. Dois grandes guarda-redes, nos quais temos muito orgulho pela forma destemida como defendem as redes nacionais!

Antes de prosseguir com os agradecimentos a quem contribuiu para este grandioso espectáculo desportivo, social e emocional, gostaria de aconselhar a leitura deste artigo, escrito pelo guarda-redes da selecção nacional João Carlos Delgado, no qual faz um excelente resumo do jogo e da alegria imensa que este grupo maravilhoso viveu ao sabor desta conquista brilhante, expressando também a sua gratidão para com todos os membros da família do futebol de praia nacional. Mais um grande exemplo do espírito de união e amizade que reina na melhor selecção da Europa!

Não posso terminar este post sem agradecer a todos os familiares e amigos que me acompanharam ao longo dos 4 dias de competição, tornando estes momentos ainda mais coloridos e felizes para mim, sobretudo o dia da grande final. Um muito obrigado a todos, porque foram espectaculares no apoio a Portugal neste dia memorável! Adorei a vossa companhia e espero que tenham desfrutado da experiência, tanto do futebol de praia como do espectacular ambiente que vivemos nas bancadas!

E claro, quero deixar aqui as minhas sinceras palavras de agradecimento e admiração por quem, graças ao seu trabalho e esforço pessoal, conseguiu recuperar este título europeu, que nos fugia caprichosamente desde 2008. Um muito obrigado a toda a família da selecção nacional por terem tornado possível esta espectáculo tão belo, que nunca esquecerei, e por me terem sempre recebido com boa disposição e amabilidade ao longo desta temporada de 2010. Foram todos espectaculares e estão de parabéns! Orgulho em ser Português!

Taça da Europa de Futebol de Praia Roma 2010: O espectáculo vai começar!

Pois é. O tempo vai passando e a tão esperada Taça da Europa de Futebol de Praia já chegou! É verdade. Hoje, pelas 16:30, tem lugar o pontapé de saída da 12ª edição do evento, na maravilhosa capital italiana, Roma!

A competição é disputada durante 3 dias (6ª feira, Sábado e Domingo), em formato de eliminatórias, isto é, em quartos-de-final, meias-finais e final. Serão também jogados todos os jogos de consolação, a fim de ficarem definidas todas as posições da classificação, do 1º ao 8º lugares.

No primeiro dia de Jogos, dia 4 de Junho, Portugal defronta a Suíça no primeiro jogo. Vai ser certamente um grande desafio de futebol de praia, com duas equipas de grande nível, que se conhecem muito bem. O espectáculo já está garantido. Agora resta esperar pelo resultado. E eu digo: vamos ganhar! Sim! Estou consciente das dificuldades que esta partida contra os vice-campeões do mundo acarreta, mas acredito plenamente na vitória de Portugal. Temos tudo o que é preciso para vencer os helvéticos e passar às meias-finais!

Seguidamente, a Espanha e a Polónia lutarão por um lugar entre as 4 melhores equipas do torneio, num jogo em que os nossos vizinhos ibéricos são favoritos. No entanto, a Polónia deixou uma boa imagem na primeira etapa da Liga Europeia 2010, apesar de ter perdido todos os jogos, e não me parece que o jogo vá ser fácil para a turma de Amarelle.

A Rússia, actual campeã europeia, tem a tarefa relativamente complicada de passar pela França, treinada pelo experiente Eric Cantona. Contudo, tem sido notória a decadência da selecção gaulesa ao longo dos últimos dois anos, quando perderam a sua posição de destaque como uma das melhores equipas europeias. Pelo contrário, a Rússia tem vindo a crescer de uma forma impressionante, desde 2007, e inclusivamente já deu provas da sua força no decorrer desta temporada, ao vencer os três torneios em que já participou, o último dos quais foi a primeira etapa da Liga Europeia de Futebol de Praia, em Moscovo. Por isso, penso que, de uma maneira ou de outra, os russos acabarão de levar vencida a selecção francesa.

No último jogo do dia, os anfitriões da Taça da Europa debatem-se com os rivais da Hungria, na luta por um lugar nas meias-finais. Os italianos ocupam indiscutivelmente um lugar de destaque no futebol de praia europeu, embora sejam muito irregulares e, consequentemente, muito imprevisíveis: nunca se sabe muito bem o que esperar deles. De qualquer forma, são uma equipa de elite, com dois grandes jogadores (Pasquali e Carotenuto), além de outras mais valias, muito experiente, treinada por um técnico com garra (quem conhece Giancarlo Magrini sabe do que falo) e que vai fazer tudo pelo triunfo em frente ao seu público. Isto para apagar a péssima imagem transmitida pelos transalpinos no ano passado, quando perderam todos os jogos e ficaram no 8º lugar (entenda-se: o último) da classificação. A Hungria, que não tem nada a perder, vai a Roma com vontade de surpreender, esperando repetir a gracinha do ano passado, quando eliminou a Itália no primeiro jogo (5-2).

Durante os três dias, quase todos os jogos serão transmitidos em directo pela Eurosport 2. Hoje, 6ª feira, 4 de Junho, todos os jogos têm direito a transmissão directa. Além disso, todos os jogos serão transmitidos via online, no site da BSWW (Beach Soccer WorldWide), que emite os 12 jogos da competição em alta definição (não sei se isto é mesmo verdade, embora seja levado a crer que sim) para todos os fãs de futebol de praia à volta do mundo.

Podem acompanhar toda a acção da Taça da Europa de Futebol de Praia Roma 2010 aqui.

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Spring Cup Viseu 2010: Que pena! Suíça derrota Portugal e Rússia conquista título.

Ao contrário dos dias anteriores, hoje não foi nada fácil tomar a iniciativa de escrever este post sobre a Spring Cup. Na verdade, tenho muita pena de Portugal não ter vencido a competição, tudo por causa de uma derrota infeliz nesta tarde frente à Suíça, por 4-3. No entanto, vejo a redacção deste artigo como um dever, dada a minha paixão pela modalidade do futebol de praia e a grande admiração que tenho pela selecção nacional portuguesa.

Justamente, no jogo que encerrou o torneio indoor em Viseu, os jovens jogadores portugueses deram mais uma vez provas capitais das suas excelentes capacidades, encarando um desafio de grande dificuldade com muita concentração, determinação e vontade de vencer. São os maiores. Por isso me sentiria mal comigo mesmo se não escrevesse este post. E, à medida que as primeiras palavras vão saindo, dando forma às linhas inaugurais deste artigo, vou começando a sentir um enorme alívio por expressar aquilo que penso e sinto com o mundo, partilhando estas emoções de adepto dedicado e fervoroso.

Portugal vs Suíça: o jogo das decisões finais

Depois da vitória da selecção russa sobre a Inglaterra, que eu já previra anteriormente, o confronto entre lusitanos e helvéticos afigurava-se aos olhos dos espectadores como o jogo de todas as decisões, de importância fulcral para a definição da classificação final. Deste modo, em caso de vitória portuguesa, a selecção da casa venceria o troféu, deixando os russos na segunda posição e os suíços na terceira, mas na eventualidade de um triunfo suíço, a campeã seria a selecção de leste, surgindo a confederação helvética em segundo lugar e os lusos em terceiro. Estes cenários verificar-se-iam quer a partida fosse decidida em tempo regulamentar quer a decisão fosse adiada para prolongamento ou grandes penalidades.

Infelizmente, foi a segunda eventualidade que se verificou, com um jogo espectacular, de grande qualidade, no qual a Suíça acabou por emergir como a equipa vitoriosa. O resultado final, com 4 golos helvéticos contra 3 tentos de Portugal, espelhou esse equilíbrio que se fez sentir dentro de campo, numa partida em que o triunfo sorriu à selecção da Europa Central. As duas equipas estão de parabéns pelo seu bom desempenho e pela magnífica actuação com que brindaram o público viseense, exemplar no apoio aos jogadores da selecção nacional, com o Pavilhão Multiusos completamente preenchido, em lotação esgotada.

Os tentos suíços, todos de jogadores diferentes, foram apontados por Meier, Mo, Rodrigues e Stankovic, obtendo o seu oitavo golo na prova. Já Portugal marcou por intermédio do inevitável Belchior, que voltou a bisar, e o incansável Zé Maria, que conseguiu um golo merecido nesta Spring Cup. Portugal terminou o 1º período em vantagem, vencendo por 2-0, mas a Suíça empatou o jogo no 2º período, com dois golos em momentos cruciais. O 3º período trouxe mais emoção ao Pavilhão Multiusos, com Portugal a marcar primeiro, mas a Suíça a reagir com dois golos que lhe valeram a vitória na partida e o 2º lugar na classificação final do torneio.

1º período

Na necessidade de fazer face ao problema causado pela suspensão de Durval, que fora expulso no dia anterior frente aos russos, o seleccionador nacional José Miguel Mateus optou por utilizar o mesmo cinco inicial que jogara a titular nos jogos anteriores, substituindo o jogador castigado pelo número 13, Paulo Neves. Deste modo, Portugal alinhou com Paulo Graça, Sousa, Torres, Neves e Belchior, sendo necessária uma gestão inteligente das substituições para colmatar a ausência de Durval, o que exigiu um esforço adicional aos atletas lusos. Por seu turno, Angelo Schirinzi decidiu proceder a algumas alterações nos titulares em relação ao jogo inaugural diante da Rússia, trocando o guarda-redes Nico Jung pelo seu habitual substituto, Valentim Jaeggy, e o número 7, Sandro Spaccarotella, pelo jovem Michael Rodrigues. Os helvéticos entraram em campo com Vale, Spacca, Leu, Mo e Stankovic.

Se no jogo anterior, diante da Rússia, Portugal tinha apresentado algumas dificuldades no 1º período, desta vez a história da partida foi totalmente diferente, com a selecção nacional a conseguir o comando das operações muito cedo. Após os instantes iniciais da partida, durante os quais se verificou algum equilíbrio de parte a parte, Portugal conseguiu, gradualmente, tomar as rédeas do jogo, começando a criar perigo para a baliza helvética por meio de livres directos e uma ou outra jogada bem executada. Foi através de um livre de Belchior, cobrado no meio-campo russo, descaído para o lado esquerdo, que o número 10 de Portugal fez o primeiro golo da tarde, num remate muito bem direccionado. 1-0 para Portugal.

A Suíça raramente criava perigo, apesar da pressão alta que os jogadores suíços mais avançados no terreno colocavam nos portugueses. O remate de Rodrigues à barra da baliza de Paulo Graça, na sequência do pontapé de saída, foi, no entanto, uma excepção, na medida em que os defesas portugueses protegeram magnificamente as suas redes. Enquanto isso, Portugal ia tentando dilatar a vantagem, praticando uma boa circulação de bola e procurando criar ocasiões de golo, já com a segunda linha em campo. Foi quando Belchior entrou para o lugar do infatigável Torres que a equipa portuguesa chegou ao segundo golo: numa boa jogada de entendimento pela esquerda, entre o jovem capitão e José Maria, Belchior assistiu o colega que, rematando prontamente, introduziu a bola na baliza defendida por Vale. Portugal fazia assim o 2-0 no marcador.

Após este momento espectacular, a equipa portuguesa continuou em busca de novos golos, criando inúmeras situações para marcar. Belchior, Zé Maria, Torres, todos tentaram visar a baliza suíça, que se manteve impenetrável até ao fim do 1º período, para infelicidade dos nossos jogadores, que estavam a protagonizar uma exibição segura e destemida. A vantagem lusa por duas bolas a zero no final desta primeira etapa do jogo era perfeitamente merecida, e não teria sido injusto um resultado mais avolumado. Foi de facto formidável a prestação da selecção nacional, aproveitando uma entrada pouco fulgurante dos helvéticos.

2º período

No segundo período de jogo, as coisas não correram de feição à selecção nacional de futebol de praia, com a Suíça a entrar muito determinada e a conseguir um golo logo nos instantes iniciais. Stephan Meier, um histórico avançado helvético, aproveitou um passe pelo ar para executar um soberbo pontapé de bicicleta, com a bola a entrar na baliza de João Carlos Delgado mesmo junto ao poste. Um grande golo, no qual o guarda-redes português esteve totalmente isento de culpas, e só poderia ter sido evitado com uma marcação mais forte à estrela suíça.

A vantagem de Portugal era assim reduzida para a margem mínima, ficando o marcador em 2-1 a favor da selecção nacional. Este golo moralizou os suíços, que ganharam forças para lutar pelo empate, aproximando-se cada vez mais da baliza portuguesa e dispondo de algumas boas oportunidades. No entanto, graças ao acerto defensivo da nossa equipa e uma tarde concentrada de João Carlos, bem como alguma falta de eficácia dos suíços, permitiu a manutenção do resultado, numa fase do jogo em que Portugal se começou a soltar e a procurar um golo que devolvesse a vantagem de 2 golos.

Foi provavelmente a melhor altura do jogo, com ambas as equipas a praticarem o melhor futebol de praia ofensivo, com ocasiões para as duas equipas, oferecendo muito trabalho aos guarda-redes adversários e proporcionando um espectáculo fantástico ao publico presente. Todavia, a pouco e pouco, Portugal ia começando a dispor de mais oportunidades de golo, que não concretizou por manifesta falta de sorte e grandes actuações dos guarda-redes suíços, Valentim e Nico. A Suíça, que mantinha os índices de competitividade elevados, conferindo uma grande intensidade ao jogo, sem no entanto conseguir a construção de jogadas de perigo, apenas obtinha situações para marcar de bola parada, em livres muito longe da baliza, devido aos nervos dos jogadores portugueses. Felizmente, nenhum destes remates entrou na baliza de João Carlos, exímio na defesa dos poderosos chutos de Meier e companhia.

Apesar da hegemonia lusitana, o terceiro golo tardava em surgir, o que gerava uma grande intranquilidade nos jogadores da selecção nacional. A pouco e pouco, tal como o tinha conseguido, Portugal foi perdendo esse domínio de jogo, com as combinações no ataque a saírem com mais dificuldade e a equipa da Suíça a voltar a criar mais perigo para as redes de lusas. Deste modo, o equilíbrio era a nota dominante no final do 2º período, com ocasiões de golo para os dois lados, sem que as equipas tirassem proveito das mesmas. Por esta altura, quando tudo parecia indicar que Portugal iria para o 3º período em vantagem por um golo, após uma oportunidade desperdiçada por Belchior, um balde de água fria atingiu o Pavilhão Multiusos: o capitão suíço, Moritz Jaeggy, respondendo a um lançamento de Nico Jung, rematou de primeira, à meia volta, fazendo o empate, sem hipóteses para João Carlos.

Uma pequena falha da defensiva portuguesa custava assim a vantagem e o resultado no fim desta segunda etapa era 2-2. A suíça marcava num momento crucial do jogo e anulava o excelente resultado que os pupilos de Zé Miguel haviam trazido do 1º período. De realçar que, apesar do aumento do ritmos de jogo imposto pelos helvéticos, o 2º período foi globalmente equilibrado, incluindo períodos de maior domínio suíço, outros de hegemonia portuguesa e ainda outros em que as duas equipas se equivaleram. Com ambos os guarda-redes de ambas as selecções a serem chamados a intervir várias vezes, foi claramente o melhor período de jogo, no qual a eficácia acabou por ser determinante para que Portugal perdesse a preciosa vantagem.

3º período

Na entrada para o derradeiro segmento do jogo, o seleccionador nacional, desejando repor a vantagem no marcador, colocou em campo um cinco muito ofensivo, com Coimbra, Torres, Belchior e Zé Maria, regressando Paulo Graça à baliza portuguesa. Esta medida teve efeitos extremamente positivos, com Portugal a conseguir chegar ao terceiro golo imediatamente na primeira jogada de perigo: uma grande arrancada de José Maria, passando em velocidade por um defesa suíço, foi a chave para o sucesso deste ataque, com o número 9 português a alcançar a linha de baliza e a meter para Torres, que deixou a bola chegar até Belchior, e o capitão lusitano, com a força espiritual que lhe conhecemos, atirou a contar para o fundo das redes defendidas por Nico. Estava feito o segundo golos de Belchior no encontro, que devolvia a vantagem ao conjunto português, de forma claramente merecida: 3-2 favorável à selecção da casa.

As investidas ofensivas de Portugal não se ficaram por aqui, com o quarteto de jogadores de campo português a prodigalizar aos inúmeros adeptos presentes no recinto as mais belas jogadas de futebol de praia, que por infelicidade não resultaram em novos tentos. Foi pena, porque um golo marcado naquela altura colocaria Portugal numa situação privilegiada, sobretudo pelo impacto psicológico que poderia ter na equipa helvética. Porém, tal não aconteceu, apesar das corajosas tentativas de Torres, Belchior e Zé Maria.

A dado momento, o número 9 português, completamente exausto, teve de ser substituído, e foi exactamente nessa altura que a Suíça, até então perfeitamente inócua no ataque, marcou o seu terceiro golo e voltou a empatar a partida. Rodrigues, o mais jovem talento na equipa de Schirinzi, com sangue português nas veias, na sequência de um lançamento longo de Nico, aproveitou uma desatenção na defesa portuguesa e rematou exemplarmente para o fundo da baliza de Graça, num gesto técnico que demonstra bem as suas enormes aptidões. E assim, numa altura em que Portugal estava inequivocamente por cima do jogo, acabava por sofrer um novo golo do empate, que colocava o resultado em 3-3.

A reacção dos jogadores lusos ao golo suíço foi muito positiva, com a equipa a procurar um quarto golo, lutando contra o cansaço e a fadiga psicológica, apesar do impacto profundo que o golo de Rodrigues teve na selecção nacional. O jogo voltou a ser ligeiramente mais equilibrado, embora Portugal tenha pertencido no comando das operações, dispondo de mais situações de perigo. No entanto, a Suíça também ia criando as suas ocasiões, sendo que o golo poderia surgir para qualquer um dos lados. Infelizmente, a maior concentração dos jogadores suíços acabou por prevalecer sobre a vontade e garra lusitanas, com uma falha de marcação de Coimbra a possibilitar que Dejan Stankovic recebesse a bola numa zona muito propícia a uma boa finalização. O melhor jogador do último mundial, que ainda não marcara nesta tarde, teve a calma suficiente para superar a oposição de Paulo Graça e colocar, pela primeira e única vez no jogo, a sua equipa em vantagem: 4-3 no placar, Portugal em desvantagem.

A menos de 4 minutos do fim do jogo, era urgente conseguir um golo para evitar a derrota e manter vivas as esperanças de conquistar a Spring Cup. Zé Miguel, crente nas capacidades dos seus jogadores, colocou em campo os jogadores mais ofensivos, passando Sousa a colaborar com o trio Torres, Zé Maria e Belchior. Tudo tentaram os nossos atletas para repor a igualdade no marcador, num último esforço titânico, sacrificando tudo o que tinham e o que não tinham, como disse o seleccionador nacional após o jogo, pelo presente que tentaram oferecer ao incansável público viseense. Valorosos guerreiros lusitanos, que tudo fizeram para vencer esta batalha final, travada na cidade do seu chefe mítico, o grande Viriato.

Para grande pesar dos apoiantes da nossa selecção, que encheram as bancadas do Pavilhão Multiusos, e para grande tristeza minha, as tentativas destemidas dos nossos jogadores não foram bem sucedidas, com a vantagem suíça a prevalecer no marcador. A atitude dos atletas lusos, porém, foi louvável, como fiz questão de realçar, impondo uma grande intensidade de jogo e procurando o empate até ao fim, dispondo de inúmeras situações de golo, que não se materializaram pela boa prestação de Nico, o inevitável desgaste físico da nossa selecção e algum azar à mistura.

Naturalmente que tive muita pena de termos perdido, mas a elevada qualidade do futebol de praia apresentado pela selecção nacional neste jogo, numa exibição muito bem conseguida, e sobretudo a postura heróica dos atletas lusitanos, enche-me de orgulho na nossa equipa e deixa-me feliz por admirar e apoiar esta grande família. Como dizia Fernando Pessoa, Tudo vale a pena se a alma não é pequena.