Nota: Se procuram informações sobre a Superfinal da Liga Europeia de Futebol de Praia 2010, realizada em Lisboa, em Belém, visitem este post, onde poderão encontrar tudo o que pretendem.
Queria começar este post com um sincero pedido de desculpas a todos os protagonistas e amantes da modalidade, nos quais me incluo, por não ter actualizado o meu blogue mais cedo, sendo agora obrigado a falar das duas primeiras jornadas da Taça da Europa em simultâneo.
Passando ao assunto que verdadeiramente interessa, penso que devo começar por dizer que a Taça da Europa de Futebol de Praia Roma 2010 está a ser um sucesso, com muita animação e grandes momentos desportivos. A escolha de Roma para palco da grande competição não podia ser mais acertada, proporcionando um palco fantástico para os combates dos modernos gladiadores, os heróis das praias europeias. Como dizia alguém aqui há uns dias: Uma cidade antiga para uma modalidade recente.
Mas o que tem acontecido ao certo nesta 12ª edição do evento? Quem tem sido o grande destaque deste torneio espectacular? Por onde anda a nossa selecção, a flor das areias lusitanas?
Digamos que as duas equipas apuradas para a final da competição são justamente Portugal e Rússia, o que vem confirmar as minhas expectativas antes da competição, sendo estas as duas selecções que venceram os seus dois jogos até ao momento.
O caso português: Dedicação e entrega sem precedentes
A equipa portuguesa iniciou a competição frente aos rivais helvéticos, liderados pela estrela Dejan Stankovic, que impuseram inúmeras dificuldades a Portugal, parecendo determinados a impedir o sucesso das cores lusas. No entanto, a união e preserverança dos jogadores nacionais acabou por prevalecer, numa partida que se revelou um autêntico duelo de campeões, com luta até ao fim, altura em que um pavoroso pontapé de bicicleta de Madjer deu a vitória ao conjunto português. Faltavam 8 segundos para terminar o jogo e Portugal emergia vitorioso, com 2-1 no marcador!
O segundo jogo dos pupilos de José Miguel Mateus foi outra terrível prova de fogo, num combate por um lugar na final frente aos italianos, anfitriões do torneio. Que grande jogo de futebol de praia! Se a partida anterior de Portugal não fora particularmente pródiga em golos, o mesmo não sucedeu diante dos transalpinos, naquele que será provavelmente o jogo com maior número de golos da competição,com um total de 17 tentos. E, apesar de um começo de jogo complicado, em que a turma portuguesa esteve duas vezes em desvantagem, Portugal conseguiu passar para a frente do marcador e nunca viria a permitir o empate, procedendo a uma boa gestão da vantagem, apesar da excelente reacção italiana.
Madjer, mais uma vez, foi o herói do jogo, ao apontar 4 golos, mas o destaque tem de ir necessariamente para Marco e Jordan, que se estrearam a marcar com a camisola nacional no seu segundo jogo internacional. Do lado adversário, Carotenuto foi o principal destaque do encontro, tanto pela positiva como pela negativa: marcou um hat-trick, deixando os adeptos locais em delírio e incitando os colegas de equipa à reviravolta no marcador, mas também se descontrolou na parte final do jogo, quando os números da vitória portuguesa despertaram o lado conflituoso e violento do seu carácter, originando uma situação desagradável com Paulo Graça, que culminou na expulsão do jogador italiano.
A situação russa: Frieza e profunda determinação
Por seu turno, os russos tiveram de ultrapassar a França, de Eric Cantona, e a Espanha, de Joaquín Alonso, para alcançar a final de Domingo.
O primeiro jogo, apesar do resultado dilatado verificado no fim dos 36 minutos, não foi tão simples como poderia eventualmente parecer, dado que os gauleses deram uma excelente resposta sensivelmente até ao meio do jogo (meio do 2º período). No entanto, a maior qualidade russa acabou por fazer a diferença no decorrer do 2º período, com o 3º segmento de jogo a surgir como uma sucessão de golos da equipa de leste, até atingir o resultado final de 8-2. Destaques russos para Shishin (um dos meus jogadores favoritos na equipa) e Krasheninikov, ambos com 2 golos.
O segundo jogo dos actuais campeões europeus (a Rússia venceu a Liga Europeia de Futebol de Praia 2009) foi uma meia-final muito disputada entre russos e espanhóis, com o triunfo a acabar por sorrir ao conjunto oriental, que soube recuperar de uma vantagem de dois golos no 2º período para depois dar a volta ao resultado em grande estilo. Mais uma vez, os russos foram extremamente eficazes quando assim foi preciso. Makarov foi um dos principais destaques na equipa russa, ao apontar 2 golos, sendo que Leonov, Gorchinskiy, Shakhmelyan, Eremeev e Krasheninikov também marcaram, contribuindo assim para o 7-5 final (não assisti ao jogo, pois estive fora de casa, mas fiz a gravação para o poder ver depois).
Grande final em perspectiva
É verdade. Portugal e Rússia. Mais uma vez, os dois colossos do futebol de praia europeu voltam a encontrar-se, desta vez em Roma, a capital italiana. O que acontecerá desta vez?
Podemos analisar a questão de muitos pontos de vista diferentes. Historicamente, a Taça da Europa é uma competição favorável a Portugal, sendo que a equipa portuguesa conquistou 6 troféus na competição até ao momento (mais de metade das 11 edições disputadas). Por outro lado, no ano passado, os registos de confrontos entre russos e portugueses são claramente favoráveis aos nossos rivais, que apresentam 3 vitórias em 3 jogos, a última das quais ocorreu na final da Liga Europeia de Futebol de Praia 2009, em Vila Real de Santo António, quando Portugal foi derrotado por 4-3 e cedeu o título de campeão europeu à selecção russa. No entanto, nesta época, que já vai longa para a equipa de leste, os lusitanos já venceram a Rússia por uma vez, na Spring Cup Viseu 2010, que foi precisamente a única derrota dos russos neste ano. Estatisticamente, temos muito equilíbrio, portanto, entre as duas selecções.
Mas o que dizer em relação ás equipas em si? Bem, podemos começar por ter bem assente que se tratam de duas grandes equipas, as melhores do futebol de praia europeu na actualidade, apesar da concorrência da Suíça, da Itália e da Espanha. Selecções muito diferentes, é certo, mas com níveis exibicionais muito semelhantes, sendo provavelmente as únicas que conseguem rivalizar com o Brasil.
Portugal com um estilo mais fluido, mas alegre, com a bola (quase) sempre pelo ar e um estilo espectacular, capaz de fazer as delícias do público mais exigente. A Rússia com um poder físico assinalável, dada a prodigiosa preparação física dos seus atletas, e uma filosofia de jogo marcada pela disciplina táctica e pela frieza de leste, que se reflecte numa grande determinação por parte dos jogadores russos. As duas equipas são verdadeiras potência tanto no ataque como na defesa, embora o rigor defensivo dos russos seja a sua imagem de marca, enquanto Portugal é caracterizado sobretudo pelo seu jogo ofensivo de belo efeito.
Estado Físico e Psicológico
A selecção nacional portuguesa ainda não está na sua máxima força, dado que a época ainda se encontra numa fase inicial e alguns processos ainda têm de ser aperfeiçoados. No entanto, o grande problema reside na saída de três peças fundamentais do jogo da equipa lusitana (Sousa, Torres, Zé Maria), pelo que se tornou necessário chamar novos jogadores, cuja integração na selecção nacional ainda está a decorrer, com sucesso, é certo, mas gradualmente, no tempo que uma renovação da equipa precisa para se verificar. Assim, a qualidade da equipa portuguesa será certamente superior daqui a alguns meses. Mas isso não quer dizer que Portugal não esteja a jogar bem agora, tal como não quer dizer que não vença a Taça da Europa!
Os russos já tinham começado a sua preparação antes do início dos trabalhos da selecção portuguesa, motivo pelo qual levam um avanço natural. Contudo, essa vantagem pode perfeitamente não se materializar, no caso de os jogadores lusos estarem suficientemente concentrados. Além de tudo o mais, a Rússia tem as suas próprias cisões: Egor Shaykov, uma das referências do ataque, abandonou a selecção, devido aos compromissos futebolísticos. No entanto, trata-se de uma única ausência, facilmente colmatada por Eremeev, que se está a destacar no seio da equipa russa. De resto, o treinador anterior, Nikolai Pisarev, demitiu-se do cargo, dado que ia desempenhar uma função na estrutura organizativa do futebol do seu país. Os atletas não ficaram contentes com a decisão, mas tal não se reflectiu no jogo da equipa, até porque o adjunto de Nikolai Pisarev está a fazer um bom trabalho.
Conclusão: não podemos prever o resultado do Portugal vs Rússia da final. Um jogo equilibrado, com muita luta, as equipas com grandes preocupações defensivas e muita insistência no ataque para encontrar espaços que possam conduzir ao golo. Eventualmente, o jogo poderá abrir, mas isso não é muito comum num jogo frente aos russos, a não ser que sejam eles os beneficiados. Acredito na vitória de Portugal e, tendo em conta a forma como os bravos atletas portugueses se bateram perante os seus anteriores adversários, penso que não há razão para não serem capazes de derrotar a Rússia e conquistar o troféu.
FORÇA PORTUGAL!